Palavra banto em Minas - Geologia (2024)

Sônia Queiroz

Palavra banto

em Minas

Sônia Queiroz

Palavra banto em Minas

ISBN 978-65-80010-04-2 A memória dos africanos de línguas e cultu-

ras banto no Brasil, muito pouco difundida

entre a população em geral, vem sendo pre-

servada em comunidades negras hoje desig-

nadas quilombos, nas quais ainda se podem

encontrar falares e cantares com base lexical

de origem banto. Nesses falares e cantares,

podemos ouvir a palavra dos ancestrais

transmitida em línguas rituais resultantes

do contato entre africanos e portugueses e

preservada como forma de resistência diante

da imposição da língua e cultura europeia

pelo Estado. Estão reunidas neste livro todas

as palavras de provável origem banto encon-

tradas nos vocabulários e glossários elabo-

rados por pesquisadores a partir da observa-

ção em comunidades onde se fala essa mescla

linguística em território mineiro. Também

identifi camos os registros dessas palavras em

dicionários e glossários brasileiros, na litera-

tura angolana e em dicionários de quicongo,

quimbundo e umbundo, as três línguas banto

mais faladas no Brasil. A publicação deste

glossário em forma de livro é o resultado de

uma coleta que buscou realizar uma arqueo-

logia do contato entre línguas africanas do

grupo banto e a língua po rtuguesa no Brasil.

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QUEIROZ, S. Palavra banto em Minas [online]. Belo Horinzonte:

Editora UFMG, 2019, 380 p. ISBN: 978-65-8001-003-5.

https://doi.org/10.7476/9786580010035.

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Palavra banto em Minas

Sônia Queiroz

https://doi.org/10.7476/9786580010035

http://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

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Palavra banto

em Minas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

REITORA Sandra Regina Goulart Almeida

VICE-REITOR Alessandro Fernandes Moreira

EDITORA UFMG

DIRETOR Flavio de Lemos Carsalade

VICE-DIRETORA Camila Figueiredo

CONSELHO EDITORIAL

Flavio de Lemos Carsalade (PRESIDENTE)

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Antônio de Pinho Marques Júnior

Antônio Luiz Pinho Ribeiro

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Carla Viana Coscarelli

Cássio Eduardo Viana Hissa

César Geraldo Guimarães

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João André Alves Lança

João Antônio de Paula

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Lira Córdova

Maria Alice de Lima Gomes Nogueira

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Renato Alves Ribeiro Neto

Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi

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Sônia Micussi Simões

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Sônia Queiroz

Palavra banto

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© 2019, A autora

© 2019, Editora UFMG

Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem

autorização escrita do Editor.

Q3p Queiroz, Sônia.

Palavra banto em Minas / Sônia Queiroz. -- Belo Horizonte:

Editora UFMG, 2019.

382 p. : il.

ISBN: 978-65-80010-03-5

1. Línguas banto. 2. Línguas africanas. I.Título.

CDD: 496.39

CDU: 809.6

Elaborada pela Biblioteca Professor Antônio Luiz Paixão – FAFICH/UFMG

DIREITOS AUTORAIS Anne Caroline da Silva

COORDENAÇÃO EDITORIAL Jerônimo Coelho

PREPARAÇÃO DE TEXTOS Olívia Almeida

AUXILIAR DE PESQUISA Neide Freitas

PROJETO GRÁFICO Fernando Freitas

FORMATAÇÃO E MONTAGEM DE CAPA Alessandra Magalhães

PRODUÇÃO GRÁFICA Warren Marilac

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Av. Antônio Carlos, 6.627 – CAD II / Bloco III

Campus Pampulha – 31270-901 – Belo Horizonte/MG

Tel: + 55 31 3409-4650 – www.editoraufmg.com.br – editora@ufmg.br

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Sumário

A árvore da palavra banto em Minas 7

Nota da autora 21

Glossário 25

Referências 373

Sobre a autora 381

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A árvore da

palavra banto

em Minas

O Brasil é o país com a maior população negra fora

da África e, na África, é superado apenas pela

Nigéria. O primeiro Censo Demográfico da Repú-

blica, realizado em 1890, após a extinção do tráfico

negreiro e a abolição do regime de escravidão no

Brasil, apontou 53% de negros e pardos na popu-

lação brasileira. Apesar da política de branquea-

mento implementada pela República, mais de 200

anos depois, o Censo Demográfico Brasileiro de

2010 aponta um percentual quase idêntico: 50,7%.

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8 Palavra banto em Minas

Durante a colonização portuguesa, o regime de escravidão transportou

para o território brasileiro mais de 5 milhões de africanos. Minas Gerais

recebeu um dos maiores contingentes de africanos escravizados nos sécu-

los XVIII e XIX, período em que se deu o povoamento da então capitania

das Minas, impulsionado pela descoberta do ouro e das pedras preciosas

na região. De acordo com Edison Carneiro, no artigo “O negro em Minas

Gerais”, “cerca de meio milhão de negros foi empregado na mineração do

ouro e dos diamantes nos setenta anos em que essa exploração foi conside-

rada economicamente rendosa.”

A contribuição do enorme contingente de africanos trazidos para as

Minas a partir do século XVIII – no plano econômico, político e cultural,

aqui incluídas as artes, as línguas, as manifestações religiosas, o pensa-

mento sobre o mundo – ainda não foi devidamente estudada. Nas décadas

de 1920 a 1940, houve um interesse especial pela questão das contribuições

dos africanos para a língua portuguesa e a cultura brasileira. No âmbito

desse movimento, destacam-se em Minas Gerais os trabalhos de Nelson

de Senna (1896-1976), que, além do livro Africanos no Brasil, publicado em

1938, deixou preparados os manuscritos de um Elucidário de africanismos,

ainda inédito, disponíveis para pesquisa no Arquivo Público da Cidade de

Belo Horizonte – APCBH. Em 1940, apresentou ao 9º Congresso Brasileiro

de Geografia um memorial, defendendo tese sobre a “Influência africana

na toponímia mineira, nomes locais de acentuada origem afro-negra, ou

compostos com elementos africanos”. Esses dois manuscritos estão no

APCBH, à espera de editor.

Segundo Nelson de Senna, no livro Africanos no Brasil, a população

afrodescendente foi maioria em Minas até o final do século XIX: em 1776,

os negros e mestiços de negros somavam 249.105 indivíduos – 77,9% da

população que então totalizava 319.769 habitantes. No período entre 1786

e 1805, os escravos constituíam 47,94% e 46,38% da população, donde se

pode inferir que os indivíduos de cor continuavam sendo maioria, pois, por

essa época, muitos deles já eram alforriados. Em 1821, do total de 514.108

habitantes, 383.061 eram negros e mestiços de negros, o que equivale a

74,51% da população.

No início do século XXI, ainda encontramos remanescentes das culturas

africanas que aqui se instalaram, constituindo núcleos de resistência cultu-

ral, muitos deles associados a atividades artísticas e religiosas, de que são

talvez os exemplos mais significativos o Reinado de N. S. do Rosário e os

candombes.

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No ano 2000, a Fundação Palmares (vinculada ao Ministério da Cultura),

atuando junto ao Congresso Nacional e a poderes locais, “no sentido de

ampliar a cultura de valorização da diversidade étnica e cultural na formu-

lação de leis e implementação

,

1995, Jatobá; Ei ê covicará / iô bambi. machado fº,

1943, São João da Chapada; dornas fº, 1938, Itaúna. dambi, kambi.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. mbambe. machado fº, 1943,

São João da Chapada.

bambi-naquata. muitíssimo frio. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 bambi. frio. castro, 2001, Bahia; andrade fº, 2000, Cafundó.

bambi vavuro. gelo. andrade fº, 2000, Cafundó.

 bâmbi. frio. lopes, 2003.

Ç mbambi. veado. Sobre os ombros uma pequena pele de mbambi em equilí-

brio instável. pepetela, 2012, p. 185. mbambi. frio. Kabande ku muxi/

ma’ kakuata mbambi (subiu no pau mas está cheio de frio, ou seja,

apesar de estar bem colocado, tem medo). xitu, 1984, p. 39.

 ombambi. umb. ausência de calor. wilson, 1964; le guennec; valente.

2010. mbambi. quimb. frio, friagem. – veado. maia, 1964; assis jr., [19--].

bambo

 frouxo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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Sônia Queiroz 47

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 embombe. umb. flexível. wilson, 1954. pessoa dócil. le guennec;

valente, 2010. mbombo. quimb. mole, frouxo. assis jr., [19--].

bambolear

 rebolar. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 balancear, menear. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

bambolim

 bolas. linha ou lã para cortinas e chapéus. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbumbi. quimb. bola. maia, 1964; assis jr., [19--]. ombumbi. olun. bola

de cera. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

bangalafumenga

 bangalafumenga, benga. coisa ordinária. gonçalves, 1995, Jatobá.

bengala-fumenga. pessoa sem atrativos. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 bangalafumenga. pobretão, joão-ninguém, pé-rapado. castro, 2001,

Bahia.

 bangalafumenga. João-ninguém. ferreira, 1975; lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 vangala. umb. vadiar, levar vida de vadio. le guennec; valente, 2010.

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48 Palavra banto em Minas

bango

 [?]. Bango roim, bango lerê, caramurê, morin. casasanta, 1969.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 dinheiro. castro, 2001, Bahia. arambôngui. dinheiro. andrade fº,

2000, Cafundó. orombongue. dinheiro, moeda. vogt; fry, 1996,

Cafundó.

 dinheiro. lopes, 2003; senna, 1938.

Ç libongo. dinheiro. Enterraram os libongos e algumas moedas portuguesas

dentro de uma caixa de metal cabendo numa maior de madeira. Poderia

resistir a bué de chuva, a pequena fortuna ficava protegida por décadas.

pepetela, 2012, p. 165.

 olombongo. umb. dinheiro. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

mbongo. quimb. dinheiro. maia, 1964; assis jr., [19--]. mbongo.

quic. dinheiro. cobe, 2010. ombongo. olun. dinheiro. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

bangolar

 bangolar, bongar. andar à toa. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 bangolar. executar um trabalho com muita preguiça, remanchar.

castro, 2001, Bahia.

 bangolar. vagabundear. lopes, 2003; ferreira, 1975; teixeira, 1943;

campos, 1936; raimundo, 1933.

Ç Lembro do caminhar dele nesse dia, e agora relaciono as coisas: andava

devagar e bangoso tipo filme em câmara lenta […]. ondjaki, 2007, p. 127.

 kubanga. quimb. vadiar, vagabundear. maia, 1964. kubánga. quimb.

brigar, pelejar. kúbanga. quimb. fazer, construir. assis jr., [19--].

vangala. umb. levar vida de vadio. le guennec; valente, 2010.

bangolê

 refrão da congada tapuiada de Paracatu. reunir. gonçalves, 1995,

Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bangoleiro. apelido depreciativo. senna, 1938.

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Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kubongola. quimb. reunir. maia, 1964. kubongoloka. quimb. reunir.

assis jr., [19--]. kongela. umb. agrupar. le guennec; valente, 2010.

bangu

 poderoso, trabalhador de feira. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bangu. topônimo. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 angolo. quic. poderoso, forte. maia, 1964. ngolo. quic. poder, poderoso.

cobe, 2010.

banguê

 rede para levar o defunto. simões, 2014, Milho Verde; Essa terra de

Banguê, doriá. nascimento, 2003, São João da Chapada; rede, tipóia.

gonçalves, 1995, Jatobá; cannabis sativa. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Nomeia córrego em Bocaiúva, Grão Mogol e Passa-Tempo. Nomeia

localidade em Bocaiúva. Nomeia lagoa em Itacarambi. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bangüê. rede, liteira, padiola. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

mendonça, 1973; bastide, 1971; brandão, 1968; soares, 1954; senna,

1938; laytano, 1936.

irmandade de bangüê. irmãos ou familiares que vivem brigando.

soares, 1954.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

banguela

 falta de dentes. gonçalves, 1995, Jatobá.

língua banguela. designação de uma das línguas africanas faladas no

Brasil, provavelmente o umbundo, língua ainda falada em Angola,

na província de Benguela (Huíla e Huambo). machado fº, 1943, São

João da Chapada.

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50 Palavra banto em Minas

q Nomeia córrego em Corinto, Curvelo e Três Marias e lagoa em Morro

da Graça. lima, 2012.

 ato de escangalhar cachos de coco do engaço. castro, 2001, Bahia.

 banguela, banguelo. – desdentado. – natural de Benguela, Sul de

Angola. – fig. pessoa que fala o português errado. lopes, 2003; castro

2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; silveira, 1975C, 1974; soares,

1954; teixeira, 1946; senna, 1938; raimundo, 1933.

língua de benguela ou banguela. uma das línguas angolanas trazida

para o Brasil, provavelmente falada na província de Benguela entre

outras. soares, 1954.

Ç banguela. uma região de Angola. Aliás, quem não conhecia as façanhas do

inglês louco, bom piloto, grande falador, exagerado em tudo o que contava, o

qual tinha ficado em território dos benguelas, lá para sul? pepetela, 2012,

p. 38. Vindas dos vastos planaltos do Bié e do Moxico, caravanas de negros

– uns para serem transaccionados como mercadorias, outros, pelo contrário,

para transaccionarem a própria mercadoria – acorriam, em grossas semanas

de andamento, ao renomado empório de Benguela. ribas, 1973, p. 71. Penso

até que, de certa maneira, já me tinha esquecido dessa estranha turbação que

me causavam as estórias de Boneca quando regressei em Benguela. santos,

1991, p. 12.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

banguelê

 certa dança. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 banguelé. briga, arruaça, confusão. castro, 2001, Bahia.

 banguelé.

,

briga, confusão. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973;

soares, 1954. bangulê. dança de origem africana. ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kubanga. quimb. vadiar, vagabundear. maia, 1964. kubánga. quimb.

brigar, pelejar. assis jr., [19--]. vangala. umb. vadiar, levar vida de

vadio. le guennec; valente, 2010.

banjeco. Ver imbanjeco.

banzar

 copular. vogt; fry, 1996, Patrocínio. andar á toa. gonçalves, 1995,

Jatobá.

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Sônia Queiroz 51

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 banzar. – andar à toa, errar. – na Bahia também pode ser usado com

o significado de malandrar. castro, 2001, Bahia.

 banzar. ficar triste, melancólico. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; mendonça, 1973; brandão, 1968; beaurepaire-rohan, 1956; soares,

1954; senna, 1938; 1921; campos, 1936.

Ç banzar. ficar triste, melancólico. A cara do homem metia medo, pare-

cia tinha ficado maluco, bêbado, todo encarnado a mostrar-lhe com o dedo,

ameaçando-lhe, xingando, e todas as pessoas que estavam passar olhavam

o rapaz banzado, quieto, levando encontrões e pisadelas, um miúdo pôs-lhe

mesmo uma chapada no pescoço. vieira, 2006b, p. 65.

 kubanza. quimb. pensar, refletir. maia, 1964; assis jr., [19--]. banza.

quic. pensar. cobe, 2010.

banzé

 confusão. gonçalves, 1995, Jatobá.

banzé de cuia. super confusão. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 confusão, barulho. antunes, 2013; lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; mendonça, 1973; brandão, 1968; soares, 1954; campos, 1936;

laytano, 1936; senna, 1921.

banzé de cuia. grande confusão, briga, desavença. soares, 1954.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbanze. quimb. imaginado, pensado. assis jr., [19--]. banza. quic.

pensar. cobe, 2010.

banzeiro

 melancólico. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 triste, pensativo, abatido. castro, 2001, Bahia.

 triste, melancólico. – qualidade de fenômeno causado por ação do

vento no mar. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça,

1973; soares, 1954; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

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52 Palavra banto em Minas

 mbanze. quimb. imaginado, pensado. assis jr., [19--]. banza. quic.

pensar. cobe, 2010.

banzo

 sexo, cópula. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio; triste.

gonçalves, 1995, Jatobá.

aprumar banzo. fazer sexo. byrd, 2005, Patrocínio.

apromar banzo. relação sexual. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 nostalgia, saudade. – melancólico, pensativo. lopes, 2003; castro,

2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; bastide, 1971; brandão, 1968;

senna, 1938; laytano, 1936.

Ç banzo. espantado, perplexo. Além de ver tudo com seus olhos curiosos,

os carros bonitos que não tinha lá em cima, as casas grandes e limpas, almo-

çava com mano Xico na quitanda da praia e depois ficava, banzo, a ouvir

falar de coisas novas […]. vieira, [19--], p. 12. Levantou tão depressa o

brilho dos olhos, assustados e banza. vieira, 1987, p. 65.

 mbonzo. quimb. saudade, tristeza. maia, 1964. lubanzo. quimb. pensa-

mento, reflexão. assis jr., [19--]. banza. quic. pensar. cobe, 2010.

barafunda

 barafunda, marafunda. confusão. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 barafunda. confusão. ferreira, 1975; lopes, 2003.

Ç barafunda. confusão. Diabo! D. Bia, muito impaciente, não estava a

compreender nada dessa barafunda. xitu, 2011, p. 72. A mulher fartou-se

de barafustar e chegou mesmo a dizer que ia queixar-se ao irmão, que falava

português como o companheiro. ribas, 1985, p. 41.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

barundo. Ver baruno.

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Sônia Queiroz 53

baruno

 senhor, patrão. barão unoêê.../ê barão menapamadepontê. Capitão Jair

Teodoro de Siqueira. dias, 2002, Matição. barundo. senhor, patrão.

Barundo uê iá / barundo uê ererê. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 barundo. senhor, patrão. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbalu. quimb. bravo, selvagem. maia, 1964; assis jr., [19--].

batucada

 uma dança. E nesse lugar eles ‘tava formando uma batucada. poel, 1981.

certa dança. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ato ou efeito de batuca(r); ritmo ou canção do batuque; reunião

popular, geralmente nas ruas, onde se toca o samba em instrumen-

tos de percussão, com acompanhamento vocal ou sem ele; conjunto

de instrumentos de percussão que toca samba. castro, 2001, Bahia.

 ato ou efeito de batucar. – dança em grupo, por vezes acompanhada

de canto, ao som de tambores de tradição africana. lopes, 2003;

castro, 2001.

Ç batucada. ato ou efeito de batucar. Nesses dias de chuva, quando a batu-

cada das águas no zinco punha tudo igual dentro da cabeça e tinha que ficar

quieto […]. vieira, 1964, p. 94. Porque, de vez em vez, há batucada nas

alturas? ribas, 1985, p. 158.

 kutuka. quimb. pular. kuvutuka. quimb. voltar pra traz, retroceder.

kubetumuka. quimb. cair. kubetuka. quimb. levantar-se. kuvutukila.

quimb. repetir. kubatuka. quimb. romper, partir. maia, 1964; assis jr., [19--].

batucajé

 dança do batuque. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 o som agudo e forte produzido pelos atabaques; dança profana e

barulhenta ao som de atabaques. batucagé. castro, 2001, Bahia.

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54 Palavra banto em Minas

 dança em grupo, por vezes acompanhada de canto, ao som de

tambores de tradição africana. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; mendonça, 1973; senna, 1938; campos, 1936.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kutuka. quimb. pular. kuvutuka. quimb. voltar pra traz, retroceder.

kubetumuka. quimb. cair. kubetuka. quimb. levantar-se. kuvutukila.

quimb. repetir. kubatuka. quimb. romper, partir. maia, 1964; assis jr., [19--].

batucar

 dançar. procurar trabalho, coisas, soluções. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 repetir a mesma coisa insistentemente. castro, 2001, Bahia.

 dançar batuque, tocar tambores; tamborilar, bater com os dedos em

objetos, repetidamente, produzindo um som ritmado. lopes, 2003;

castro, 2001; mendonça, 1973; soares, 1954.

Ç batucar. ato ou efeito de batucar. […] acabam de sair na luz daquele

terror de toda a noite: tinham vindo a mata-cavalos até entrarem o espesso

negrume onde que os tambores davam de batucar, como por dias e noites

assim morderam seus calcanhares, sempre. vieira, 1964, p. 68.

 kutuka. quimb. pular. kuvutuka. quimb. voltar pra traz, retroceder.

kubetumuka. quimb. cair. kubetuka. quimb. levantar-se. kuvutukila.

quimb. repetir. kubatuka. quimb. quebrar, romper, partir. maia, 1964;

assis jr., [19--].

batuque

 dança de origem africana. Com pouco o padre meteu a batina por dentro

da calça e fundou no batuque mais as mulheres. poel, 1981.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ruído, som muito forte; ação de fazer ruído com batimentos rítmicos.

castro, 2001.

 dança em grupo, por vezes acompanhada

,

de canto, ao som de

tambores de tradição africana. lopes, 2003; mendonça, 1973; bastide,

1971; soares, 1954; teixeira, 1946; senna, 1938; 1921; laytano, 1936;

raimundo, 1933; pires, 1921;

Ç batuque. um ritmo produzido por percussão. Meia hora no caminho,

só batuque no fundo da lata. vieira, 2003, p. 18-19. Domingo, a família

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Sônia Queiroz 55

que está no Bailundo visita-nos para conhecerem Citula de quem já se

inventam cantigas e estórias que eu escuto em surdina, batuques e flau-

tas que engrandecem nossa embala[…]. rui, 2013, p. 114. Em vez de uma

disakela seguiram-se muitas, acompanhadas de grandes batuques e canções

de encatamento que aquele povo há muito não ouvia e, talvez, nunca ouvi-

ram alguns deles. xitu, 2011, p. 83. Desde a noite do batuque, Joaquim

não desistira do intento: continuou a persegui-la com galanteios, proposi-

tava encontros, de vez em vez a brindava com mimos. ribas, 1985, p. 52. A

secretaria estava em movimento. As máquinas de escrever estalavam ritmo

de batuque e o pessoal que esperava na varanda começou a ser atendido.xitu,

1984, p. 14.

 kutuka. quimb. pular. kuvutuka. quimb. voltar pra traz, retroceder.

kubetumuka. quimb. cair. kubetuka. quimb. levantar-se. kuvutukila.

quimb. repetir. kubatuka. quimb. quebrar, romper, partir. maia, 1964;

assis jr., [19--].

bendanguê

 certa dança, jongo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 jongo, bangulê; dança de origem africana. lopes, 2003; ferreira, 1975;

mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

benga. Ver bangalafumenga.

bengo

 caminho. Foi caindo de mansinho se espichando entre o sanguê e o bengo.

gonçalves, [1994], Jatobá. certo capim. caminho, rio. torto, peste.

bezerro. gonçalves, 1995, Jatobá.

q nomeia córrego em Araçuaí, Carlos Chagas, Caxambu, Itamaran-

diba, Padre Paraíso, São João Del Rey, São Tiago; nomeia fazenda em

São Tiago; nomeia localidade em Itamarandiba; nomeia ribeirão em

Caxambu. lima, 2012.

 espécie de capim. castro, 2001, Bahia.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 55 29/09/2021 13:49

56 Palavra banto em Minas

 preá, espécie comestível. – viela; beco, caminho mal iluminado e

estreito. capim-bengo, mal-de-bengo. castro, 2001; mendonça,

1973; ferreira, 1975; senna, 1938; 1921.

Ç mbengu. região angolana. Depois, ao contrário, soprou-lhe o Kuanza

para cima da cidade e do Mbengu. vieira, 2006b, p. 11. rio angolano. O

pai ajudava os portugueses a obterem escravos. Chegou a ter cabedais sufi-

cientes para montar a sua própria caravana ou a comprar terras perto do rio

Bengo e produzir comida para a cidade. pepetela, 2012, p. 31.

 mbengu. quimb. campina, vale. maia, 1964; assis jr., [19--]. mbungu

quimb. tubo; canudo. planta gramínea exótica da família das

bambusáceas, cuja haste é uma cana alta e grossa. maia, 1964; assis

jr., [19--].

bifunfa. Ver bufunfa.

bimba

 coxa. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 termo injurioso equivalente a ânus, traseiro, e empregado geralmente

na expressão toma(r) na bimba. – pênis de criança, pênis pouco desen-

volvido. bimbinha, binga, biringa. – nome por que ficou conhecido

Manoel dos Reis Machado (1900-74), famoso mestre da capoeira-regio-

nal da Bahia e criador dessa modalidade no Brasil. Segundo contam,

esse apelido lhe foi dado pelo pai, que teria apostado com amigos que

o filho nasceria homem, logo, com bimba. castro, 2001, Bahia.

 pênis pequeno; coxa; barriga. lopes, 2003; castro, 2001; laytano, 1936;

raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 fimba. quic. pênis. maia, 1964.

bimbada

 coito. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ato de bimba(r). bimbar. copular. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 fimba. quic. pênis. maia, 1964.

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Sônia Queiroz 57

binga

 isqueiro. simões, 2014, Milho Verde/Espinho; machado fº, 1943, São

João da Chapada. pênis. guarda-rapé de ponta de chifre. gonçalves,

1995, Jatobá. obingá. chifre. machado fº, 1943, São João da Chapada.

binga-di-macáia. isqueiro. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 binga. chifre; ponta de chifre de boi torneada, própria para guar-

dar tabaco em pó ou pólvora para espingarda de caça; p. ext. corno,

chifrudo, marido traído; homem sem importância; espécie de casca-

lho em forma de chifre; tipo de colibri; isqueiro tosco usado no inte-

rior; lampião de querosene. o pênis. castro, 2001, Bahia.

 binga. – chifre; utensílio feito de ponta de chifre que serve para

gardar fumo ou pólvora. – tipo de colibri. – isqueiro rústico; lampião

de querosene. – pênis. – chifre que serve de copo. lopes, 2003; castro,

2001; trigueiros, 1977; ferreira, 1975; mendonça, 1973; martins, 1969;

beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; teixeira, 1946; senna, 1938;

1921; raimundo, 1933.

Ç dibinga. Miúdo que pede muito recebe é as dibingas. vieira, 1974, p. 27.

 mbinga. quimb. chifre. maia, 1964; assis jr., [19--]. chifre para uso

doméstico ou para artefatos. assis jr., [19--]. ombinga. umb. chifre.

le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. cachimbo para fumar

cânhamo. le guennec; valente, 2010. ombinga. olun. chifre. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

boboca

 tolo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 desdentado. castro, 2001, Bahia.

 abobado. – desdentado. lopes, 2003.

Ç kibobo. desdentado. Se já na meninice de Carlos sô Filipe tinha falta de

dentes, agora estava muito pior. Lhe chamavam muitas vezes o kibobo. No

princípio o comerciante se zangava, eles insistiam, ele deixou de se zangar,

o nome pegou, mesmo sô Filipese apresentava por vezes com a alcunha.

pepetela, 2012, p. 145.

 kuboboka. quimb. desdentado. assis jr., [19--]. kabobo, uaboboka.

quimb. desdentado. maia, 1964.

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58 Palavra banto em Minas

bololô

 confusão. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 confusão, barulho. castro, 2001, Bahia.

 rolo, coisa confusa. lopes, 2003.

Ç gololo. choro; choradeira; pranto em altos gritos. […] e se ouviu o

gololo dos xinguiles no escuro de cazucuta no terreiro para enganar espíri-

tos e flechas e bufos e cangundos e tinha quifumbes pelos caminhos. vieira,

2006a, p. 28. Não passava rua onde Boneca não deixava seus sinais, não

passava baile quer no Palácio do Comércio quer no campo do Portugal,

onde Boneca não ateasse um jingololo descarado de murmúrios e conversas

caprichadas. santos, 1991, p. 28.

 ngongolo. quimb. confusão. maia, 1964; assis jr., [19--]. ngololo. quimb.

barulho maia, 1964; assis jr., [19--]. ungolo. quic. barulho. maia, 1964.

bombo

 mandioca. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bombó. mandioca amolecida. lopes, 2003; castro, 2001; mendonça,

1973; soares, 1954.

Ç bombó, bombô, mbombó. […] armazém de todas as fubas, quindele

rugoso ou macio bombó, candumba ou massambala […]. vieira, 1986, p.

116. A batata-doce ainda demora um bocado mas tem o bombô da minha

última viagem ao Bailundo. rui, 2013, p. 141. Vai aí com o tio Banda um

bocado de castanha de caju, mbombó de mandioca, doze mangas e algumas

batatas-doces assadas. xitu, 1984, p. 69. quimbombo.

,

bebida fermen-

tada de milho. Então, mais tarde, eu estava debaixo da mandioqueira

curtindo o meu quimbombo e ele segurou meu cotovelo. vieira, 1987, p. 66.

Noutro lugar, bebia-se quissângua, quimbombo – as típicas cervejas de

milho. ribas, 1973, p. 45. Comprem também feijão de qualquer qualidade e

macunde. Comprem também fubá de bombó e de milho. ribas, 1985, p. 67.

 utombo. umb. mandioca. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

mbombo. quimb. diz-se da mandioca quando está na água para amole-

cer. maia, 1964; assis jr., [19--]. mbombo. quic. diz-se da mandioca

quando está na água para amolecer. maia, 1964. kimbombo. quimb.

bebida feita de milho e fubá de bombó. assis jr., [19--].

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Sônia Queiroz 59

bonga

 rapaz sem juízo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bongar. catar, buscar, procurar. lopes, 2003; ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbonga. quimb. rapaz. maia, 1964; assis jr., [19--].

bongar. Ver bangolar.

bongo

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Porto Firme. lima, 2012.

 apanhador de papel. castro, 2001, Bahia.

 bongar. catar; buscar, procurar. lopes, 2003; ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kubonga. quimb. apanhar. maia, 1964; assis jr., [19--]. bonga. quic.

apanhar. cobe, 2010.

bonjó. Ver onjó.

briquitar

 tremer de frio, trabalhar demasiado. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 trabalhar; brigar. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

brucutu

homem forte e rude. Estou muito fraco! – ele fez assim: caiu no chão!

Brucutu! alves, 2008.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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60 Palavra banto em Minas

 brucutu, burucutu. – homem forte e rude. – nome de um persona-

gem de revista em quadrinhos. –veículo policial usado para dispersar

manifestantes de rua. castro, 2001. Bahia.

 brucutu. indivíduo rude. lopes, 2003; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 bukusu. quimb. homem rude. maia, 1964; assis jr., [19--].

budum

 mal cheiro. coisas úmidas. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 buzum. mau cheiro de corpo. budum. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç quibuzo. mal cheiro. Tamanho poder, no entanto, estavam-lhe a cons-

purcar as intenções rafeiras que observava nos olhares de alguns amigos do

seu pai, comerciantes fubeiros e de quibuzo na boca. santos, 1991, p. 30.

branco-de-quibuzo. com mau cheiro na boca. A rebeldia do mundo,

à revelia de conquistadores e degredados, brancos-de-quibuzo que nunca

rasparam a língua […]. vieira, 2006a, p. 19.

 kibuzu. quimb. fedor. maia, 1964; assis jr., [19--].

bué

 chorar. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç bué. muito. Na entrada havia bué de gente a imitar assim uns pontapés

de karaté e na parede um pôster bem grande dum chinês bem pequenino

a bater em bué de muadiês. ondjaki, 2007, p. 32. Os vizinhos vieram em

seguida, eram só cumprimentos e mais cumprimentos, bué de notícias choca-

vam umas contra as outras, todos a quererem falar, contar os mambos que

passavam de um lado e do outro […]. pepetela, 2012, p. 143. Tinha bué de

curiosidade em perceber como era a cidade de brancos, o tipo de casas, como

eram feitas e quanto tempo duravam. pepetela, 2012, p. 191. O meu pai

fez-me sinal para eu não pedir muita coisa, porque eu sempre pedia demasiados

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Sônia Queiroz 61

lápis de cor, ou blocos de carta, e ainda por cima bué de chocolate. ondjaki,

2006, p. 29. Ocorreu-lhe nesse tempo de pensar nas estórias que lhe contavam

em criança sobre os onjumbis, que em troca de riqueza e fortuna ofereciam,

vinham depois na madrugada, antes do sol nascer reclamar dos pais a alma da

sua filha cassule, quando ela ficava cafeco, idade de encontrar homem. santos,

1991, p. 30.

 nguê. quimb. choro, lamentação. maia, 1964; assis jr., [19--].

bufunfa

 bufunfa, bifunfa. dinheiro. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

bugre. Ver pongue.

bugue. Ver pongue.

bunda

 nádegas. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 castro, 2001; ferreira, 1975.

Ç bunda, mbunda. nádegas. Vaidosa muito manienta de suas roupas

– na cubata, de pé no chão, pano na bunda só. vieira, 1987, p. 62. As

raparigas descontraídas se cumunavam mbudas sensuais, “Hum! Só ver,

e o coração fica parece não sei”. xitu, 2011, p. 44. Com essas mamas rijas,

cara de três meses, e esta mbunda a volumar, não estás mesmo grávida?

xitu, 1984, p. 90.

 bunda. nádegas. Vaidosa muito manienta de suas roupas – na cubata,

de pé no chão, pano na bunda só. vieira, 1987, p. 62. mbunda. quimb.

nádegas, ânus. maia, 1964; assis jr., [19--].

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62 Palavra banto em Minas

bungulá(r)

 pular. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç bungular. remexer as nádegas; saracotear-se. Quem viu velho velhado

pulando parecia era cabrito, marcahando de batalhão, […] torcendo, contor-

cendo, bungulando. vieira, 1987, p. 44. Lá vem ele com seu gatinho! É

pra bungular nele!. ribas, 1973, p. 126. Para fortalecimento do malefício,

bungularam numa casa, isto é, dançaram e roçaram as nádegas no solo e

na parede, murmurando sob o ranger dos tantãs […]. ribas, 1985, p. 126.

Diziam as famílias que revisitei que ela tinha entrado num sálu um tanto

místico e havia quem que já lhe tinha visto bungular juntos das panelas.

santos, 1991, p. 12. lungular. gingar. Tamoda, na cadência das vozes e

do sapato a chiar, ia marcando o ritmo com a cabeça e os ombros, muito esti-

cada e sorridente, e lungulava como um kingungu-a-xitu (peru do mato).

xitu, 1984, p. 6-7.

 kubungula. enfeitiçar. Diz-se do feiticeiro quando vai dançar às

portas dos vizinhos. assis jr., [19--]. kubungula. quimb. afastar-se dos

outros. maia, 1964; assis jr., [19--].

burre. Ver pongue.

C

cabaça

 fruto do cabaceiro. Era o coelho que vinha marchando, ligeiro, com as caba-

cinhas para levar a água. lúcio, 1944. A ‘caixa’ dos negros era assim: partiam

as cabaças e pregavam com cera o couro de coelho ao redor. poel, 1981.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 saco, alforje, mochila. – gêmeo que nasce em segundo lugar. castro, 2001.

 gêmeo que nasce em segundo lugar. lopes, 2003; ferreira, 1975;

raimundo, 1933;

,

mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938.

Ç Muitos dongos teriam de ir buscar cabaças e mais cabaças ao Mussulo, onde

havia as palmeiras de mateba que produziam o melhor maluvo. pepetela,

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Sônia Queiroz 63

1999, p. 96. […] mana Citula, a avó mandou trazer Kacenye, mestre de ochi-

sanji, esse instrumento feito de uma pequena tábua que é suporte das peque-

nas lâminas metálicas que se dedilham e a cabaça que amplifica o som. rui,

2013, p. 97. No outro canto, uns cacos de panelinha, boiões feitos de cabaça e

de casca de coco, uns cubos de madeira que pareciam de kioza […]. xitu, 2011,

p. 92. Em nova busca, entregou à semelhante um balaio, depôs uma cabaça de

maluvo de caju sobre um pedaço de madeira. ribas, 1973, p. 30. Ainda o sol

não surgia detrás das montanhas, e já elas, quindas à cabeça com a pequena

enxada, a cabaça de água e a panelinha de feijão para o almoço […]. ribas,

1985, p. 146.

 kabasa. quimb. gêmeo que nasce em segundo lugar. assis jr., [19--].

mbasá. quimb. bastão, báculo, cetro. assis jr., [19--].

cabaço

 hímem. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 hímem, a virgindade da mulher. – tirar o cabaço: desvirginar. castro,

2001, Bahia.

 hímem. lopes, 2003; ferreira, 1975,

Ç cabaço, cabasso. hímem. Deixa só o cabaço numa esquina e aparece com

filho na barriga. Quem foi, quem foi, ninguém sabe! vieira, 2003, p. 22.

Cedeu com os olhos abertos. Mas não se entregou. Deixou que lhe rompesse

o cabasso naturalmente, como quem cumpre um jogo predestinado. E

perdeu. santos, 1991, p. 34. escabaçar. tirar o cabaço. […] e velho capi-

tão jurava mamã Sessá, amarela do candeeiro e branca da luz da lua, jurava

mesmo que era o Zito que queria-me escabaçar, naquela noite […]. vieira,

2003, p. 126.

 cabaço. hímem. Deixa só o cabaço numa esquina e aparece com filho na

barriga. Quem foi, quem foi, ninguém sabe! vieira, 2003, p. 22. escabaçar.

tirar o cabaço. […] e velho capitão jurava mamã Sessá, amarela do cande-

eiro e branca da luz da lua, jurava mesmo que era o Zito que queria-me

escabaçar, naquela noite […]. vieira, 2003, p. 126. kabasu. quimb. hímen.

maia, 1964; assis jr., [19--].

caborge

 sacerdote; cachimbo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q caborje. nomeia córrego em Medeiros. caborjes. nomeia fazenda em

Serranópolis de Minas. lima, 2012.

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64 Palavra banto em Minas

 caborje. feitiço, bruxaria; bentinho, amuleto; p. ext. azar; força sobre-

natural. Valentia. castro, 2001, Bahia.

 caboge. compromisso firmado com feiticeiro. antunes, 2013. caborje.

feitiçaria. lopes, 2003; ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kabonji. hereje, próprio do hereje. assis jr., [19--].

cabula

 pessoa desconfiada. – certa seita. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 toque para Obaluaê e Besseim em Angola. castro, 2001, Bahia.

 antiga seita religiosa. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cabungo

 pânico. – pessoa sem valor. gonçalves, 1995, Jatobá. cambungo.

corruptela de carbúnculo, motivada pela repugnância do povo em

face do proparoxítono e acusando, na terminação ungo, influxo afri-

cano. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 urinol, latrina; – p. ext. pessoa pouco limpa, desprezível, sem valor;

chapéu ordinário, alusivo ao fato de que se carregava o cabungo

na cabeça até o local de jogar os dejetos fora. cabombo, cabumbo,

camburão. castro, 2001, Bahia.

 penico. lopes, 2003; ferreira, 1975; brandão, 1968.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kibungu. quimb. vaso grande onde se deitam dejetos; privada; maia,

1964; assis jr., [19--]. mbungu. quic. vaso. maia, 1964; cobe, 2010.

cabungueiro

 escravo que despejava os cabungos. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 aquele que só serve para ofício considerado de baixa categoria; o

encarregado de carregar e despejar o cabungo. p. ext. cafetão; homem

sujo, desprezível. castro, 2001, Bahia.

 pessoa eu carrega ou limpa o cabungo. lopes, 2003; ferreira, 1975,

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Sônia Queiroz 65

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kibungu. quimb. vaso grande onde se deitam dejetos; privada; maia,

1964; assis jr., [19--]. mbungu. quic. vaso. maia, 1964; cobe, 2010.

caçamba

 balde. gonçalves, 1995, Jatobá.

q córrego em Monte Alegre de Minas. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 balde. – carrinho de mão para levar entulho. lopes, 2003; castro,

2001; ferreira, 1975.

Ç sanga, disanga. vasilha para se colocar água. Tentativa de homicídio

frustrado – o muadié é a água de minha sanga. vieira, 1987, p. 17. No outro

canto, uma armação que sustentava uma pedra de filtrar água. Na armação

havia uma sanga de fabrico do Dondo e um coco cheio de desenhos, fixo num

cabo de pau. xitu, 2011, p. 52. Num dos quartos havia uma cama, uma mesa

servindo de banca de cabeceira, uma mala e, sobre um caixote, uma bacia de

barro; no outro, além de uma cama e uma sanga, pouco mais existia. ribas,

1985, p. 24. Velha Kaualende, numa madrugada, levou a sua disanga às

costas e dirigiu-se à fonte de Kasadi. xitu, 1984, p. 39.

 esanga. umb. balde. le guennec; valente, 2010. sánga. kimb. abreviação

de risánga, vasilha para se colocar água. assis jr., [19--].

caçanje

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q localidade e córrego em Nazareno. lima, 2012.

 nome de antiga nação africana no Brasil proveniente de Angola; p. ext

português mal falado ou escrito. – topônimo, localidade nos arredores

de Salvador. – nome de Quissimbe. (ka)nsansi, gênio protetor de crian-

ças. – nome de mulher; mulher sábia. castro, 2001, Bahia.

 português falado incorretamente. lopes, 2003; ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cachaça

 aguardente. A cachaça pra eles era alegria. pereira, 2005, Arturos. certa

bebida. gonçalves, 1995, Jatobá.

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66 Palavra banto em Minas

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 aguardente que se obtém mediante a fermentação e destilação do mel

ou borras do melaço. qualquer bebida alcoólica. castro, 2001, Bahia.

 aguardente. lopes, 2003; mendonça, 1973; bastide, 1971; senna, 1921;

1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cachía

 chegar. estar. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okukasi. umb. estar. le guennec; valente, 2010.

cachicunhaco

 dejetar, dejeto. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kukunha. quimb. jogar fora. maia, 1964; assis jr., [19--].

cachimbo

 recipiente utilizado para fumar. Tirou das orelhas uns brinquinhos de

ouro muito bonitinhos, que a madrinha dela lhe tinha dado, e os pôs em

cima da pedra escura atrás da qual as lavadeiras

,

costumavam esconder seus

cachimbos. alexina, 1907.

q Nomeia localidade em Datas; córrego em Alvinópolis, Araguari,

Januária e Santa Vitória; fazenda em Alvinópolis, Araguari e Varze-

lândia. cachimbeiro. Nomeia córrego em Barbacena. lima, 2012.

 pipo de fumar. teimar. estar pronto para tudo. castro, 2001, Bahia.

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Sônia Queiroz 67

 utensílio usado para fumar. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973;

bastide, 1971; soares, 1954; senna, 1938; laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç cachimbo, caximbo. utensílio usado para se fumar. Guardou seu

cachimbo e foi pondo muitas perguntas no menino. vieira, [19--], p. 82. No

mato, tudo o que sai do normal é em princípio perigoso. Fez sinal ao branco

para o imitar e sentou no troco. O outro obedeceu e puxou do cachimbo.

pepetela, 2012, p. 90. Trouxe-te um cachimbo de mulher para fumares

tabaco de rolo. rui, 2013, p. 78. Munindo-se do caximbo, ao lado descan-

sando, nele deposita uma brasa, partida do tição. ribas, 1973, p. 31. E para

a futura sogra, uma botelha de aguardente, uma porção de tabaco, bocados

de cola e gengibre e um cachimbo. ribas, 1985, p. 55. E com a lenha de fogo

de fifiquinhava no cachimbo, ia andando sem direção pela sanzala fora. xitu,

1984, p. 36. caximbada. fumadela de cachimbo. Um jango assim, novo,

sem marca de salalé ou fogueira, vazio, sem mais riso de homem, caximba-

das, sem demandas nem macas […]. vieira, 2006a, p. 28. Se Ngunga ficasse

com ele, teria comida e aprenderia a fabricar cachimbos. pepetela, 1981, p.

16-17.

 cachimbo. utensílio usado para se fumar. Guardou seu cachimbo e foi

pondo muitas perguntas no menino. vieira, [19--], p. 82. kúxiba. chupar

assis jr., [19--]. kixima. quimb. tanque, cisterna. maia, 1964; assis jr.,

[19--]. xima. quic. tanque. maia, 1964. sima. quic. tanque, sisterna,

poço. cobe, 2010.

cacimba

 poço de água potável de minas. simões, 2014, Espinho. cabacinha,

casca seca de um tipo de abóbora utilizada para guardar água.

pereira; gomes, 2000, Arturos. poço de água potável, que geralmente

provém de minas. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Nomeia córrego em Turmalina e Veredinha; fazenda em Capim

Branco e Sete Lagoas; povoado em Funilândia. cacimbas. Nomeia

córrego em Montezuma e Santo Antônio do Retiro; fazenda em

Janaúba; localidade em Espinosa e Francisco Sá. cacimbinha.

Nomeia córrego em Bocaiúva. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 filete de água potável que pode escorrer livremente e cair em uma

cova natural ou brotar de uma escavação feita pelo homem. antunes,

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68 Palavra banto em Minas

2013. cisterna. – vasilha. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; laytano, 1936.

Ç cacimba. lagoa formada pela chuva ou cisterna. […] as cubatas inva-

didas por essa água vermelha e suja correndo caminho do alcatrão que leva

na Baixa ou ficando, teimosa, em cacimbas de nascer mosquitos e baru-

lhos de rã. vieira, 2006a, p. 12. A paliçada era a volta de todo o kimbo, a

fogueira para afastar o leão de noite também era coletiva, a cacimba e as

latrinas também. rui, 2013, p. 135. […] em pregões, com pequenos barris

aos ombros, aguadeiros vinham de Maianga, a cujas cacimbas, por falta de

canalização na cidade, haviam ido prover-se de água. ribas, 1985, p. 91.

Mano Tamoda, a gente quer saber o feminino de muchacho! – perguntaram

dois garotos duvidosos e na altura em que o ‘mestre’ saía da cacimba de

banho. xitu, 1984, p. 9.

 ocisimo, ochisimo. umb. poço. le guennec; valente, 2010; wilson,

1954. kixima. quic. cisterna. maia, 1964; assis jr., [19--]. sima. quic.

tanque, sisterna, poço. cobe, 2010.

cacimbo

 nevoeiro. byrd, 2005, Patrocínio. estação das secas. dornas fº, 1938,

Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 nevoeiro. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; senna, 1938.

Ç cacimbo. bruma, névoa. Deslizando como as águas do rio, estas imagens

carregam os pensamentos de Domingos Xavier, nascendo no cacimbo do

cérebro cansado, dorido de botas de cipaio, quando o luar estendeu em cima

do corpo caído na cela o seu lençol macio. vieira, [19--], p. 25. Guerras do

cacimbo e da chuva, quem resolve é o jacaré. vieira, 2006a, p. 96. Estação

sem chuva e frequentemente enevoada. Fugiu de Luanda numa manhã

de cacimbo. pepetela, 2012, p. 34. O que vale é que era o tempo do cacimbo

e ali perto do mar esta mesmo um friozinho. pepetela, 1999, p. 53. Deviam

ser mesmo umas 7h da noite e fazia frio de cacimbo fresco. ondjaki, 2007,

p. 21. O tempo está a andar para o cacimbo. É entre o fim das chuvas e o

começo das queimadas para a terra ficar aberta às novas sem*nteiras […].

rui, 2013, p. 156. Em consequência da quadra do cacimbo, o rio, por falta

de chuvas, mantinha baixo o volume de água. ribas, 1973, p. 53.

 kixibu. quimb. estação de frio; relento; orvalho. maia, 1964; assis jr., [19--].

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Sônia Queiroz 69

cacoco

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q Nomeia ribeirão em Divinópolis. lima, 2012.

cacoco de cima. Nomeia fazenda em Itapegipe e Comendador Gomes e

morro em Comendador Gomes. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kacukucuku. umb. mocho. wilson, 1954. kakôko. quimb. mocho.

maia, 1964; assis jr., [19--].

caçula

 filho mais novo. O último cabritinho, por sinal, o caçula, escondeu-se

dentro de uma caixa de relógio. ambrósio, 1987. caçulê. filho mais

novo. Cachorra, traga-me a caçulê. ribeiro, 1970.

q Nomeia fazenda em Campanário, Caratinga e Ferros; córrego em

Ferros. caçulé. Nomeia córrego em Rio Pardo de Minas. lima, 2012.

 o mais novo dos filhos ou dos irmãos; o filho mais mimado. – o

último a se manifestar no barco. castro, 2001, Bahia.

 o filho mais novo. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973; soares,

1954; teixeira, 1946; senna, 1938; 1921; laytano, 1936; campos, 1936;

raimundo, 1933.

Ç cassulo(a), kassule. mais nova. Mas me agarrava nos braços compridos,

sentava-me na perna dele direita e o filhinho mais cassulo na esquerda

[…]. vieira, 1987, p. 30. Também não sabia se de facto estariam a caminho

as duas sombrinhas da esposa […] a mais crescida sabendo tocar música e

a kassule declamar poesia e cantar como a mais maviosa das aves. pepetela,

2012, p. 277. A casa ficava mais barulhenta, mais o barulho do rádio na sala

para ouvir as notícias, mais o rádio do camarada António ligado na cozinha,

mais a minha irmã caçula que queria contar tudo o que se tinha passado na

escola nessa manhã. ondjaki, 2006, p. 27.

 kásule. quimb. filho último, derradeiro. maia, 1964; assis jr., [19--].

caçulê. Ver caçula.

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70 Palavra banto em Minas

cacundê

 [?] Uia cacundê iauê/uia cacundê iauê/uia cacundê iauê/iaqué casabá oaú.../

canaú é devera é /canaú é devera é. Capitão Jair Teodoro de Siqueira.

dias, 2002, Matição.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bordado usado em roupas femininas, feito através da aplicação de

pedaços de tecido sobre um desenho planejado e, após a aplicação,

retirar os excessos. ferreira, 1975; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cacumbi

 enxada velha. Era um capiau meio cambembe, carregando nos ombros um

cacumbi, cantando

,

pela ngira uma cantiga pra lá de desafinada, mas ele

estava de bem com Nzambi e com a besta da sua vida. gonçalves, [1994].

cacumbú. enxada velha. dornas fº, 1938. Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cacumbu. faca ou machado velho, já gasto pelo uso. – diz-se de uma

pessoa velha, caduca e de pequena estatura. castro, 2001, Bahia.

 cacumbi, cacumbu. enxada ou machado velho. lopes, 2003; ferreira,

1997; mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; campos, 1936;

raimundo, 1933.

Ç makamba. instrumentos de caça. macumba. fechadura. matemu.

enxada. Na sua oficina também fabricaba makamba, makumba, isaku,

isomenu, jinvu, ndjabitu, jipenze, maxalu, matemu e outros artigos. xitu,

1984, p. 60.

 rikúmbu quimb. caduco, antigo, gasto. pessoa ou coisa velha, caduca.

assis jr., [19--]. dikumbu. quimb. caduco, antigo, gasto. maia, 1964.

cacumbú. Ver cacumbi.

cacunda

 costas. simões, 2014, Milho Verde; byrd, 2005, Patrocínio. O bicho-

-homem descarregou chumbo e fundanga na cacunda do elefante que saiu

urrando de dor, espanto e medo. gonçalves, [1994], Jatobá. Eles punham

o machado na cacunda pra tirar aqueles cernes de aroeira, pra fazer cerca de

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Sônia Queiroz 71

estaca, tudo carregado na cacunda. poel, 1981. kacunda. costas. batinga,

1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 costas. antunes, 2013; lopes, 2003; castro, 2001; ribeiro, 1995;

trigueiros, 1977; ferreira, 1975; silveira, 1974; 1975a; 1975c; 1975d;

brandão, 1968; soares, 1954; teixeira, 1946; senna, 1938; 1921; laytano,

1936; raimundo, 1933.

Ç cacunda. costas. […] recolhi meu mastro, isto é, meu remo, e senti a dança

lilvre do dongo na cacunda da ondulação – admirei o mar […]. vieira,

2006a, p. 107.

 ekunda. umb. as costas dos animais. le guennec; valente, 2010.

kakunda. quimb. corcovado. giboso. pessoa de costas arqueadas.

kunda. quimb. costado. costas. assis jr., [19--]. dikunda. quimb. costas.

maia, 1964.

caçutu

 pessoa importante. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cacuto, cacutu. homem rico do interior; fazendeiro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cafanga(r)

 deixar. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada em registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada em registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 melindre, recusa. ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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72 Palavra banto em Minas

cafanhaque

 cafanhaque, cafanhaco, gafanhaque. 1. dente. A ocaia num caxa

cafanhaque no buraco de cureio. A mulhê num tem dente na boca. 2.

bigode. queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cafifa

 sorte. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 contrariedades, mal-estar. ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cafofo

 homem branco. byrd, 2005, Patrocínio.

q nomeia córrego e localidade em Itapecirica. lima, 2012.

 quarto, recanto privado, lugar reservado com coisas velhas e usadas.

– sepultura. – terreno pantanoso onde a decomposição de matérias

orgânicas ocasiona exalações características das águas apodrecidas

em charcos. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 cahota. canto escondido, esconderijo. assis jr., [19--].

cafombe

 homem branco. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 73

 cafômbi, orofômbi. homem branco. andrade fº, 2000, Cafundó.

cafombe, orofombe. homem branco. vogt; fry, 1996, Cafundó.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cafongo

 negro. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kafongonha. sem formosura; acanhado. assis jr., [19--].

cafota

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q fazenda em Nazareno. lima, 2012.

 cafoto. latrina, sentina. castro, 2001, Bahia.

 cafoto. latrina. – água que corre apertada entre pedras. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cafua

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Baldim, Lavras, Turvolândia; fazenda em Inconfidentes,

Lavras, Pedra do Indaiá, Pimenta, Turvolândia; cachoeira em Pedra

do Indaiá. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 esconderijo. – casebre. – p. ext. bar. – cadeia. – Topônimo. castro,

2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; brandão, 1968; senna, 1938;

1921; laytano, 1936.

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74 Palavra banto em Minas

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kafua. quimb. defeito. maia, 1964; assis jr., [19--].

cafuim

 cabelo enrolado. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cafundó

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q Nomeia localidade em Arinos, Itamarandiba, Lagoa Dourada,

Serranópolis de Minas; córrego em Andrelândia, Campestre,

Carvalhos, Chapada do Norte, Diamantina, Grão Mongol, Itama-

randiba, Itanhandú, Itinga, Jacutinga, José Gonçalves de Minas,

Lagoa Santa, Luminárias, Nova Resende, Palma, Patrocínio,

Pouso Alto, Santana de Pirapama e Serranópolis de Minas; fazenda

em Alpinópolis, Andradas, Andrelândia, Augusto de Lima, Carva-

lhos, Diamantina, Iturama, Lambari, Nova Resende, Patrocínio de

Muriaé , Piüi, Pouso Alegre e Sacramento; povoado em Queluzita;

serra em Arinos, Paracatu e Poço Fundo; morro em Delfinópolis;

ribeirão em São Gonçalo do Sapucaí. cafundozinho. Nomeia córrego

em Diamantina. cafundão. Nomeia córrego em Caeté e Nazareno; e

povoado em Caeté. lima, 2012.

boa vista do cafundó. Nomeia fazenda em Turvolândia. lima, 2012.

 lugar que fica numa baixada, num vale, lugar ermo, afastado e de

difícil

,

acesso, apraz, por isto mesmo, de dar grande proteção aos

seus habitantes. O nome genérico sofreu particularização de sentido,

passando a designar a comunidade negra de Salto de Pirapora.

andrade fº, 2000, Cafundó.

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Sônia Queiroz 75

 lugar distante e pouco desenvolvido. Topônimo. lopes, 2003; castro,

2001; ferreira, 1975; brandão, 1968; senna, 1938; laytano, 1936;

raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ngúndu. quimb. lugares desabitados. maia, 1964; assis jr., [19--].

cafunga

 branco. pão duro. – ridículo. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Nomeia fazenda em Arcos. lima, 2012.

 topônimo. castro, 2001.

 triste, melancólico, mal humorado, colérico. castro, 2001; ferreira,

1975; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okufungoka. umb. triste. kanunga. umb. avarento. le guennec;

valente, 2010.

cafuringa

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q fazenda e localidade em Itaúna. lima, 2012.

 menino negro, de estatura reduzida; antropônimo, apelido. castro,

2001, Bahia.

 coisa insignificante. – criança. – fofoqueiro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cafunguera. Ver cavinguero.

cafuvira. Ver gatuvira.

caiaia

 velho. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 nome de Quissimbe, a velha. castro, 2001.

 velho. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kaia. quic. avó. maia, 1964. nkayi. quic. avós. cobe, 2010.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 75 29/09/2021 13:49

76 Palavra banto em Minas

caimina

 caimina, caiumina. moça mulher nova. simões, 2014, Milho Verde;

ocaia. mulher, moça. Aqui neste reino curiô com dambi/eh, dambiojira

cafom de vindero ocaia. Capitão Julio Antônio Filho. rios; corrêa,

2008, fa*gundes. Ê, dambiojira cafom de vindero ocaia/ô, dambiojira

ocaia cafom de vindero no injó de jequê. Capitão Julio Antônio Filho.

rios; corrêa, 2008, fa*gundes. ocaia, ocai, ocaio. mulher. byrd, 2005,

Patrocínio. kaimina. moça nova. nascimento, 2003, São João da

Chapada. ocaia, ocaio, caio. Agora, essa ocaia, o caia cavuvira, que

tem o mavero avura. Agora, essa mulhé, a mulhé preta, que tem o

peito grande. ocaizaim, ocainha, ocaizinha. menina; mocinha.

queiroz, 1998, Tabatinga. ocai, ocaia, ocaio. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

mucai. vogt; fry, 1996, Alfenas. okay. moça; mulher. okayzim. moça.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. ocaia. fumo. machado fº,

1943, São João da Chapada. mulher. dornas fº, 1938, Itaúna.

ocai santo. virgem. byrd, 2005, Patrocínio.

ocai de banzo. prostituta. byrd, 2005, Patrocínio.

ocai ofu. mulher negra. byrd, 2005, Patrocínio.

ocaia de cuxipa. prostituta (lit. mulher da boceta). queiroz, 1998,

Tabatinga.

ocaia de imbunda. feiticeira. – mulher infiel (lit. mulher de ambundo).

queiroz, 1998, Tabatinga.

ocaia do cuete. esposa (lit. mulher do homem). queiroz, 1998,

Tabatinga.

ocaia meu tata. mãe (lit. mulher meu genitor). queiroz, 1998, Tabatinga.

ocaia ocora. mãe (lit. mulher velha). queiroz, 1998, Tabatinga.

okay de banzo. mulher adúltera. prostituta. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

okay kinhama. mulher gorda. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

okay makafa. velha. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

okay marruda. mulher gorda. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

okay santo. moça virgem. virgem. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo..

okay vibunada. mulata. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 76 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 77

ocaia do vicóra. rainha. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ocáia. concubina, amante. castro, 2001, Bahia.

 ocáia. mulher concubina ou amante. lopes, 2003; mendonça, 1973;

senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ukai. umb. mulher. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. kiuáia.

quimb. prostituta. maia, 1964. omukai. olun. mulher. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

caio. Ver caimina.

caiumba

 soldado. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio. kaimba.

polícia. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. kalamba, kalumba.

soldado. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q calumbá. Nomeia córrego e fazenda em Crucilândia. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 caiumba. soldado. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cajuvira. Ver gatuvira.

calango

um réptil. Ó, mas esse negócio de calango tá me ispiano aqui no buraco da

cerca, eu ‘inda vô cumê um ainda. qccap, 2004.

q córrrego em Luz e serra em Douradoquara. lima, 2012.

 lagarto maior que lagartixa. castro, 2001, Bahia.

 um réptil. lopes, 2003; ferreira, 1975; senna, 1921; raimundo, 1933.

Ç makalanga. crocodilo. Os crocodilos disseram: makalanga, somos os

cumpridos de navegar o rio. vieira, 2006a, p. 92.

 dikalanga. quimb. lagarto. maia, 1964. kalanga. quimb. lagartixa;

makalanga. quimb. lagarto. assis jr., [19--]. kolombo. quic. lagarto, lagar-

tixa. cobe, 2010. ekangala. olun. lagarto muito comprido que habita em

buracos no chão. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 77 29/09/2021 13:49

78 Palavra banto em Minas

calindé. Ver calundu.

calindo. Ver calundu.

calundó. Ver calundu.

calundu

 aborrecimento, melancolia, cabeça inchada. machado fº, 1943, São

João da Chapada.

q córrego e fazenda Abre Campo e Belo Vale. calundó. córrego em

Ataléia. calindé. fazenda em Montezuma. calindo. morro em Manga;

rio em Itacarambi. calungu. córrego em Uruana de Minas. lima, 2012.

 expressão nos calundu(s) ou de calundu, zangado, agressivo, de mau

humor. castro, 2001, Bahia.

 culto afro-brasileiro relatado desde o século XVII e presente, inclu-

sive, na poesia de Gregório de Matos. – mau-humor. – capricho. –

ritos ou objetos de cultos ou seus consequentes efeitos. – topônimo.

antunes, 2013; lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça,

1973; bastide, 1971; brandão, 1968; beaurepaire-rohan, 1956; soares,

1954; senna, 1938; 1921; campos, 1936; raimundo, 1933.

Ç calundu, kalundú. espírito. Por isso hoje eu respeito tudo que é de espí-

ritos, calundus e santos, quimbandices e mascarias, padres e pastores,

xinguiladores. vieira, 1987, p. 18. Não passou muito tempo até conhecer

o feitio difício de Kandalu, quando os kalundús lhe atravessavam à frente

dos olhos. pepetela, 2012, p. 192. Os mensageiros juram por veneráveis

calundus. Se era mentira, eles os matassem imediatamente. ribas, 1973,

p. 48. E o espírito falou o nome dele, disse que, como tinha gostado da tua

xará, a escolheu para lhe dar o seu umbanda e calundus. ribas, 1985,

p. 233. kilundu. divindade. Se o kilundu não tinha aparecido até aquela

altura – já tinham feito quatro masakela – foi-se por ter incluído na mesma,

entre as ‘xingidi, uma moça estranha a essas coisas. xitu, 2011, p. 84. E

os guizos, tocaram como na invocação de um kilundu? xitu, 1984, p. 50.

ilundado. que já passou a espírito superior. Cazumbi ilundado já, de

tantos tempos, vinha renegar a crítica do parente […]. vieira, 2006a, p. 41.

ilundo. Em quimbundo ilundo é o plural de kilundu, espírito. Cazum-

bis de régia vontade própria, ilundos em terras de pedras e águas de muito

sangue. vieira, 2006a, p. 72.

 kilundu. quimb. espírito. maia, 1964; assis jr., [19--]. kandundu. umb.

espírito que causa doença. le guennec; valente, 2010.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 78 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 79

calunga

 água. simões, 2014, Milho Verde. fala. byrd, 2005,

,

Patrocínio. Oia eu

vim lá de Angola/eu vim aqui curimá/ah, eu vim do calunga/eu vim aqui

trabucá. Capitã Pedrina de Lourdes Santos. titane, 1999, Oliveira.

língua africana, meia língua. vogt; fry, 1996, Patrocínio. mar. enti-

dade africana. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. mar. Ucumbi

oenda, auê, no calunga. machado fº, 1943, São João da Chapada. céu

ou morte. dornas fº, 1938, Itaúna. calungo. rio. simões, 2014, Milho

Verde. kalunga. água. Ê calunga me toma bebê/ê calunga me toma samba.

nascimento, 2003, São João da Chapada. carunga. rio. vogt; fry, 1996,

Milho Verde.

q Nomeia fazenda em Itabira e Nepomuceno; córrego Caranaíba,

Rio Piracicaba e São José da Varginha; localidade em Caranaíba e

povoado Alvinópolis. calunguinha. Nomeia córrego em Caranaíba.

lima, 2012.

calunga de Damasceno Costa. Nomeia fazenda em Caranaíba.

lima, 2012.

 o mar; o fundo da terra, o abismo; divindade poderosa; seus

símbolos. – salve! viva!. – bibelô, qualquer imagem pequena, esta-

tueta. – cada uma da duas bonecas eminentes do maracatu. – rato

pequeno, doméstico. p.ext. vadio, sabido, gatuno. calungo, canunga.

– Ajudante, carregador de caminhão. castro, 2001, Bahia. carunga.

buraco, cemitério. andrade fº, 2000, Cafundó.

 o mar. – amuleto, bonecos de madeira. – o pargo, peixe da família

dos sparoides. – o mundo dos mortos, o que está além de nós. – ente

poderoso. – ritos ou objetos de cultos ou seus consequentes efei-

tos. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973; bastide, 1971; bran-

dão, 1968; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; senna, 1938; 1921;

raimundo, 1933. carunga. rio. lopes, 2003.

Ç kalunga, calunga. […] Kalunga – o que é infinito e dono do mundo da

terra, das águas da morte, do vácuo dos abismos… vieira, 2006a, p. 106.

Acreditava portanto mais em certas forças que lhe deram a conhecer os jagas

em criança, como Nzambi ou Kalunga, ou nos seres misteriosos habitando

os rios e os lagos, como as ituta ou yanda ou até em poderes especiais do

vento, das nuvens, da chuva, ou das falas dos cágados e do poder dos ante-

passados, espíritos escondidos nas montanhas e nas árvores mais altas.

pepetela, 2012, p. 127. Não é para ter medo. Citula, snti quando saíste

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80 Palavra banto em Minas

da cama, levantei-me para admirar a chuva que é sempre diferente ainda

mais do que água dos rios que eu de kalunga, nada, a água grande que os

nossos parentes antigos atravessaram com correntes da escravatura […].

rui, 2013, p. 140. Mover-se, ora alteando, ora baixando, agora avançando,

agora recuando, mas sempre roncando e espumando, talvez bramindo,

talvez penando, só lá longe, no seu meio natural – o imenso calunga! ribas,

1973, p. 73.

 kalunga. quimb. mar, rio, abismo, deus. maia, 1964. okalunga. umb.

mar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. okalunga. olun. mar.

diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

calungá(r)

 falar. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio. kalungar.

conversar, falar, dialogar. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Ver calunga.

calungu. Ver calundu.

calunguê

 pessoa que fala demais, além do necessário; candongueiro; o mesmo

que calungá. pereira; gomes, 2000, Arturos.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Ver calunga.

camanante

 pessoa, menino. camone, camanim. criança. byrd, 2005, Patrocínio;

vogt; fry, 1996, Patrocínio. camano. pessoa. byrd, 2005, Patrocínio;

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Sônia Queiroz 81

vogt; fry, 1996, Patrocínio. camanofu. preto. vogt; fry, 1996, Patrocínio;

byrd, 2005, Patrocínio. camona, camone. criança. camonão. meninão.

camonim, camoninho. criança. A ocaia tem um comonim. A mulher tem

um neném./ Alá os camoninho, dexa ês injirá, uai. Alá os menino, dexa

ês i, uai. queiroz, 1998, Tabatinga. camoná. menino. dornas fº, 1938,

Itaúna. kamone. criança. menino. kamanin. meninão. rapaz. batinga,

1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

camano cá. eu. byrd, 2005, Patrocínio.

camano cafamo. homem branco. byrd, 2005, Patrocínio.

camano desaprumado. tolo, estúpido. byrd, 2005, Patrocínio.

camano de outras Inglaterra. estrangeiro. byrd, 2005, Patrocínio.

camano maioral. homem de respeito; chefe; deus. byrd, 2005, Patrocínio.

camano ôa. homem ruim. byrd, 2005, Patrocínio.

camano ofu. homem negro. byrd, 2005, Patrocínio.

camonim injirá. engravidar (lit. criança crescer). queiroz, 1998,

Tabatinga.

caxá um camonim jequê. engravidar (lit. carregar uma criança

barriga). queiroz, 1998, Tabatinga.

tá com camonim jequê. estar grávida (lit. estar com criança barriga).

queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 camona. filho, menino. castro, 2001, Bahia. camanaco. menino.

andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

camanaco do injó. filho. andrade fº, 2000, Cafundó.

camanaco do sangi. pinto. andrade fº, 2000, Cafundó.

 camanante. menino. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kamona. quimb. menino; filhinho; criancinha. maia, 1964; assis jr.,

[19--].

camanim. Ver camanante.

camanje

 o outro. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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82 Palavra banto em Minas

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 o outro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ingi. umb. que não é o mesmo. Traduz-se por uma das formas adjeti-

vadas de diversão, ingi, antecedido do concordante , ou de mwe, ingi,

antecedidos ambos do concordante. le guennec; valente, 2010.

camano. Ver camanante.

camanofu. Ver camanante.

camará

 companheiro. Erê cuenda/oi cuenda cuenda, oi camará. Capitão Ivo

Silvério da Rocha. rajão, 2000, Serro.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 camarada, termo muito empregado em cânticos folclóricos. castro,

2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kamba, dikamba. quimb. companheiro, amigo. maia, 1964; assis jr.,

[19--]. ekamba. quic. companheiro. maia, 1964. Ekamba. umb. amigo.

le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

camba

 amigo. simões, 2014, Milho Verde. macamba. amigo. gonçalves, 1995,

Jatobá.

q macamba. Fazenda em Uberaba. lima, 2012.

 camarada, companheiro, freguês. – espécie de inhame, mandioca.

castro, 2001, Bahia.

 companheiro. – freguês. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

mendonça, 1973; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; senna, 1938;

laytano, 1936.

Ç camba. amigo. O vaz era um senhor muito alto, também camba do tio

Chico, talvez o homem mais magro de Luanda. ondjaki, 2007, p. 55. Sim,

já sei que perdi, e todos os meus cambas também perderam porque fomos

todos dos primeiros a correr. ondjaki, 2006, p. 103. kamba. Estava em

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Sônia Queiroz 83

pulgas para tratar estes assuntos urgentes com André Velho Sottomayor,

seu grande kamba. pepetela, 2012, p. 21.

 kamba, dikamba. quimb. companheiro, amigo. maia, 1964; assis jr.,

[19--]. ekamba. quic. companheiro. maia, 1964. ekamba. umb. amigo.

le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

cambada

 grande

,

quantidade de pessoas. tem que largá; num pode dá confiança a

essa cambada de burro desse jeito! souza, 2009.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 corja, agrupamento de pessoas. – penca, enfiada de coisas pendura-

das no mesmo gancho. – cordel. castro, 2001, Bahia.

 grupo de pessoas. lopes, 2003; mendonça, 1973; brandão, 1968;

laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç cambada. grupo de espertalões. Cala a boca! É tudo uma cambada de

aldrabões. vieira, 2003, p. 77. Estou metido no vulto de cavalgaduras,

cambadas de cameliformes!!! xitu, 1984, p. 11.

 kámba. quimb. abreviatura de rikámba. amigo, confidente, aliado.

maia, 1964; assis jr., [19--]. ekamba. umb. amigo. le guennec; valente,

2010; wilson, 1954. kamba. quic. grupo. cobe, 2010.

cambaleão

 candombeiro bom, difícil de ser vencido no desafio. pereira; gomes,

2000, Arturos.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kámba. quimb. abreviatura de rikámba. amigo, confidente, aliado.

maia, 1964; assis jr., [19--]. ekamba. umb. amigo. le guennec; valente,

2010; wilson, 1954. kamba. quic. grupo. cobe, 2010.

cambambe

 feiticeiro, sabido. simões, 2014, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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84 Palavra banto em Minas

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ochimbanda, ocimbanda. umb. curandeiro. wilson, 1954. kimbanda.

quic. feiticeiro. maia, 1964. kimbanda. quimb. bruxo. pessoa que trata

os doentes. maia, 1964; assis jr., [19--]. otyimbanda. olun. curandeiro.

diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

cambambe. Ver kangembrê.

cambém

 vasilha, recipiente. – panela. Pois é, mas a camberela dá pra fazê no

cambém. Pois é, mas a carne dá pra fazê na panela. – copo. Seu

cambém já injirô já? Seu copo já esvaziô? – instrumento. queiroz, 1998,

Tabatinga.

cambém de cajuvira. xícara (lit. vasilha de café). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cambém de caxá mavera. lata de leite (lit. vasilha de colocar leite).

queiroz, 1998, Tabatinga.

cambém de caxá o cureio. prato (lit. vasilha de colocar a comida).

queiroz, 1998, Tabatinga.

cambém de caxá omenha. talha (lit. vasilha de colocar água). queiroz,

1998, Tabatinga.

cambém de cureio panela (lit. vasilha de comida). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cambém de curiã o cajuvira. xícara (lit. vasilha de beber o café).

queiroz, 1998, Tabatinga.

cambém de curimba. ferramenta (lit. instrumento de trabalho).

queiroz, 1998, Tabatinga.

cambém de omenha. copo (lit. vasilha de água). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cambém de oranjê. chapéu (lit. vasilha de cabelo). queiroz, 1998,

Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 85

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kambia. quimb. panela pequena. assis jr., [19--]. imbia. quimb. mbia.

quic. panela. maia, 1964. ombia. umb. panela. le guennec; valente,

2010; wilson, 1954. ombiya. olun. panela. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

cambembe

 andar sem elegância. Era um capiau meio cambembe, carregando nos

ombros um cacumbi, cantando pela ngira uma cantiga pra lá de desafinada,

mas ele estava de bem com Nzambi e com a besta da sua vida. gonçalves,

[1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 desajeitado; sem importância. castro, 2001, Bahia.

 cambembe. andar sem elegância. lopes, 2003; ferreira, 1997;

mendonça, 1973; soares, 1954; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 uakambe. quimb. desajeitado. maia, 1964.

camberela. Ver imberela.

camberelo. Ver imberela.

cambereluda. Ver imberela.

camberera, camberéra. Ver imberela.

cambeta

 velho bichento, isto é, que tem muitos bichos de pé. pereira; gomes,

2000, Arturos. cambetá. Tira bicho do pé, cambetá. pereira, 2005.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos do Brasil.

 apelido devido a defeito físico. senna, 1938.

Ç xambeta. aleijadinho. Aliás: as crianças, nessas baixas, são muito desi-

guais – em olhos: grossos, vesgos, pacopaco, criança-camões mais que

muitos seja de parto seja de brincadeira de pedra; e as pernas?: cambaios,

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86 Palavra banto em Minas

xambetas, calonjandas, pé-de-raia, só não tem mauindado, tudo pé limpo de

bitacaia; e braços. vieira, 2006a, p. 76

 kíkambe. quimb. faltoso, ausente. maia, 1964; assis jr., [19--]. kámbua.

quic. faltar. maia, 1964. okukamba. umb. faltar. le guennec; valente, 2010;

wilson, 1954. kambela. umb. defeituoso. le guennec; valente, 2010.

cambetá. Ver cambeta.

cambía. Ver imbiá.

cambina

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Nova Resende. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cabinda. dança popular. – antiga nação africana que veio para Brasil

no período escravocrata. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1997;

mendonça, 1973; senna, 1938; 1921. cambinda. [?]. senna, 1921.

Ç cabinda. região de Angola e seus habitantes. Esses trabalhadores são

cabindas, é por isso que te chateias. Mas são mesmo traidores, nem que

fossem lundas ou quimbundos… pepetela, 1982, p. 17.

 mbinda. quimb. povoação na margem direita do rio Zaire, a N.E.

das cataratas de lelala, distr. do Congo, prov. de Luanda. kambinda.

quimb. de Cabinda ou a ele relativo. assis jr., [19--].

cambito

 vara de madeira. Para bater usavam cambito das canelas de veado. poel,

1981.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos do Brasil.

 perna fina. antunes, 2013.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kambamba. quimb. vareta. maia, 1964; assis jr., [19--].

cambuá. Ver ambuá.

cambutá

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 87

q córrego em Simonésia; localidade em Ponte Nova e Simonésia. lima,

2012.

 cambuta. raquítico, franzino, baixinho. chuva da cambuta, ninguém

disputa: verdade incontestável; i(r) prás cambuta: morrer. castro, 2001,

Bahia.

 cambota. pessoa que tem a perna arqueada. antunes, 2013. cambuta.

pessoa raquítica. ferreira, 1975.

Ç cambuta. pessoa de baixa estatura. Quem estava a guiar era um branco,

cambuta, a farda branca. vieira, [19--], p. 17. Eu mesmo cambuta e duns

óculos na cara vi o meu futuro arruinado naquela transferência assim

repentina. ondjaki, 2007, p. 125. Já soube de gatuno que saltou dum quinto

andar; ouvi dizer que havia um miúdo cambuta que batia mais velhos gros-

sos, mas o que é certo é que quando eu e Romina saltámos o muro já não

vimos a camarada professora de Inglés. ondjaki, 2006, p. 74. E foi também

essa sua opinião desmedita que ela nos comunicou um dia e que desmereceu

da nossa aprovação, coitado do Silva, se ele é cambuta como é que vai olhar

então nos outros…? santos, 1991, p. 63.

 kambuta. quimb. homem baixo. anão. maia, 1964; assis jr., [19--].

uabuta. quic. anão. maia, 1964. mbaka. quic. anão. cobe, 2010.

okambuta. umb.

,

de políticas públicas”, realizou o primeiro

mapeamento das comunidades remanescentes de quilombos, tendo iden-

tificado 743 áreas, onde viviam cerca de 2 milhões de brasileiros. Hoje,

mais de 2.600 áreas já foram certificadas pela fundação em todo o território

nacional. De acordo com o Quadro Geral de Comunidades Remanescentes

de Quilombos (CRQ’s), em Minas Gerais, até maio de 2017, a pesquisa da

Fundação Palmares identificou 294 comunidades remanescentes de quilom-

bos. Por outro lado, o levantamento feito em Minas pelo CEDEFES – Centro

de Documentação Eloy Ferreira da Silva, na pesquisa Comunidades quilombo-

las em Minas Gerais no século XXI, realizada por Maria Elisabete Gontijo dos

Santos e Pablo Matos Camargo, em 2007 já tinha identificado 439 comuni-

dades quilombolas.

Não há dúvida, portanto, sobre a forte contribuição dos africanos e

seus descendentes na construção da nossa cultura.

Considerando-se a escassez de informação referente aos africanos

trazidos para o Brasil como escravos – já que foi queimada a documen-

tação oficial relativa ao tráfico, em obediência à circular de 13 de maio de

1892, do Ministério da Fazenda – e a quase inexistência de documentos

linguísticos do período da escravidão, os estudos dos casos de resistência

cultural revestem-se de grande importância, na medida em que constituem

uma fonte essencial para a determinação dos grupos de africanos que se

concentraram nas diversas regiões do País, seus remanescentes culturais,

tais como os cultos religiosos, o artesanato, a música, a dança, a língua e a

literatura oral.

Nos últimos anos parece ter se renovado o interesse pelos estudos sobre

o negro no Brasil. É preciso ressaltar o papel essencial dos movimentos

sociais, como o Movimento Negro Unificado, dentre outros, e da nova

Constituição Brasileira, que afirma o direito à diferença: escola diferenciada,

respeito aos cultos religiosos e manifestações culturais afro-brasileiras. Mais

recentemente, a Lei nº 10.639, sancionada pelo Presidente da República

em 9 de janeiro de 2003 e revisada na Lei 11.645/2008, tornou “obrigatório

o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira”, e veio reforçar oficial-

mente, pela via do sistema educacional, o reconhecimento das culturas

africanas como elemento integrante da cultura brasileira e justificar o

investimento na pesquisa e na produção de material que sirva à difusão

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10 Palavra banto em Minas

do conhecimento da história e das manifestações linguísticas e artísticas dos

povos africanos que participam da história e da composição étnica do Brasil.

Passados três séculos da chegada às Minas dos primeiros africanos

e seus descendentes nascidos na América, trazidos para o trabalho forçado

nas minas de ouro e pedras preciosas no século XVIII, as línguas africanas

mais faladas aqui – o quimbundo, o quicongo e o umbundo – se restringem

hoje a fragmentos: linguagem ritual em algumas comunidades quilombolas,

versos e palavras soltos em alguns cantos do repertório das festas de N. S.

do Rosário e do candombe (que se realiza também fora do âmbito da festa

do Rosário).

Em terreiros de candomblé, na Bahia, Yeda Pessoa de Castro constatou o

que ela designou competência simbólica: o povo de santo que canta em iorubá

conhece o sentido do canto, sua inserção ritual, mas não conversa em iorubá.

Trata-se de uma língua ritual, de uso restrito, que não se utiliza para fins de

comunicação cotidiana. Entendo que esse conceito pode aplicar-se bem às

ocorrências de palavras africanas em contos narrados em língua portuguesa,

ainda que, no caso dos contos, os narradores comumente conheçam explici-

tamente o significado das palavras africanas. A palavra, aqui, para além de

signo, norteia um sentido simbólico, ou mesmo icônico.

O diálogo entre canto e conto é constante na tradição banto e também

no Brasil, como uma possível forma de herança. No decorrer da narrativa

dos contos, ocorre muitas vezes a inserção de um canto na voz de perso-

nagens. Nesta situação, diferentemente da competência linguística, as

palavras não são utilizadas em outro contexto que não seja o dos versos,

como observa Yeda Pessoa de Castro também em relação aos cantos iorubá.

Os cantadores, e também contadores, desconhecem o significado de cada

palavra isoladamente, mas sabem a função daquele canto, a que ou a quem

se destina, enfim, seu fundamento (termo usado pelos próprios cantadores

para designar o sentido simbólico do canto).

No que diz respeito ao contato das línguas africanas com o português,

essas línguas foram se integrando gradativamente, formando o português

brasileiro. O conceito de falares de emergência, proposto por Yeda Pessoa de

Castro, no artigo “Influências de línguas africanas no português do Brasil

e níveis sócio-culturais de linguagem”, publicado em 1977, aponta para

esse comportamento histórico das línguas africanas no Brasil. A etnolin-

guista baiana formula a ideia de um continuum linguístico, identificando

nesse continuum três fases: primeiro, o dialeto das senzalas, quando houve a

mistura de diferentes línguas africanas, com predomínio das línguas do

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Sônia Queiroz 11

grupo banto, no primeiro momento da colonização brasileira, com a utili-

zação de africanos escravizados como mão de obra nos engenhos de cana

de açúcar. Num segundo momento, teria havido a intensificação do contato

entre negros e brancos, especialmente no período mineratório, quando a

economia se desloca do Nordeste para o Sudeste, com a descoberta das

minas de ouro e diamante. Ocorre, então, um outro tipo de povoamento,

com a constituição das vilas, e os africanos e seus descendentes são utili-

zados também no trabalho doméstico, servindo na casa, e assim intensifi-

cando o contato com a língua portuguesa. Com isso, o dialeto das senzalas,

resultante da mistura de várias línguas africanas, começa a misturar-se à

língua portuguesa. Yeda Pessoa de Castro chama de dialeto das minas o falar

resultante desse segundo momento de contato linguístico. Em seguida,

teria havido novas misturas, nas vilas de mineração e nas fazendas do

gado, no ciclo do couro, resultando no dialeto rural. Esta hipótese parece

bastante consistente, afinal, de acordo com os levantamentos feitos ao longo

da nossa pesquisa, os falares, cantos e contos em que se verifica a presença

da palavra banto situam-se justamente no ambiente do dialeto rural.

A árvore da palavra

Das 439 comunidades negras de Minas Gerais levantadas pelo CEDEFES,

pudemos identificar, até o momento, 11 em que há registro impresso,

sonoro ou em vídeo de remanescentes de línguas africanas do grupo

banto: Tabatinga (Bom Despacho), Calunga (Patrocínio), Catumba

(Itaúna), Jatobá (Belo Horizonte), Arturos (Contagem), Matição ou Mato

do Tição (Jaboticatubas), Milho Verde (Serro), Quartel do Indaiá e São

João da Chapada (Diamantina), fa*gundes (Santo Antônio do Amparo) e

Oliveira.

Desde 1981, realizamos diversas pesquisas em torno dos falares, contos

e cantos de algumas dessas comunidades, que, posteriormente, seriam de

grande importância para a realização do projeto A árvore da palavra: falares,

contos e cantos da tradição banto no Brasil, que deu origem ao glossário que

agora apresentamos. O livro publicado em 1998, pela Editora UFMG, sob o

título Pé preto no barro branco: a língua dos negros da Tabatinga, abordou, como

o próprio título evidencia, a língua falada na comunidade da Tabatinga, em

Bom Despacho. Em outro estudo, desenvolvido a partir de 2002, focamos

os vissungos, que são cantos herdados dos negros africanos, de que ainda

pudemos ouvir fragmentos nas comunidades do Baú, Ausente e Milho

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12 Palavra banto em Minas

Verde, no município do Serro, e Quartel do Indaiá e São João da Chapada,

no município de Diamantina. Esses cantos, que, de acordo com o encarte

,

anão. le guennec; valente, 2010.

camdombô. Ver candiaboro.

camona, camoná, camone. Ver camanante.

camuca

 camuca, canuca. mãe. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

camugo

 rato. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Nomeia córrego em Diamantina e sítio em Serro. lima, 2012.

 camundongo. rato. vogt; fry, 1996, Cafundó.

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88 Palavra banto em Minas

 camundongo, camondongo. rato pequeno. lopes, 2003; castro, 2001;

ferreira, 1997; mendonça, 1973; brandão, 1968; beaurepaire-rohan, 1956;

soares, 1954; senna, 1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç camundongo. maneira pejorativa de referir-se aos naturais de Luanda.

Só um orgulho: eu não sou camundongo calcinhas, de Luanda. vieira, 1987,

p. 23. Não sabe o quê camundongo? Camundongo é quem nasceu lá no

Luanda. ribas, 1973, p. 40. Não sem violentos protestos, chapadas de desforço

e forte desprestígio para os camundongos, o que é que eles pensam de nós?

Que somos todos da mesma laia…?. santos, 1991, p. 20.

 omuku. umb. rato. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. puku.

quimb. rato. maia, 1964; assis jr., [19--]. mpuku. quic. rato. cobe,

2010; maia, 1964. omphu*ku. olun. rato. diccionario Portuguez-

Olunyaneka, 1896.

camundá

 morro, monte. Camundá quindongo ê. amundá. oia amundá,/amundá rirá.

machado fº, 1943, São João da Chapada. jamundá. Jamundauê, jamundá

meu deus. nascimento, 2003. kamundá. morro. pereira, 2005.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 morro, monte. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 omunda. umb. montanha, monte. le guennec; valente, 2010; wilson,

1954. n’kunda. quic. monte, morro. cobe, 2010. omphunda. olun.

monte. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

camuquengue. Ver aquenjê.

camutuê. Ver tué.

canambóia. Ver candiaboro.

candambi

 domingo, dia de santo. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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Sônia Queiroz 89

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kizúa kia nzambi. quimb. domingo. maia, 1964. Ver gananzambi.

candambóia. Ver candiaboro.

candamburo. Ver candiaboro.

candando

 abraço. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kandandu. quimb. abraço. maia, 1964; assis jr., [19--].

candango

 pessoa ruim, bandido. byrd, 2005, Patrocínio. feijão. vogt; fry, 1996,

Milho Verde.

q candangos. Nomeia córrego e fazenda em Santa Luzia. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 candangos. apelido dado aos portugueses pelos africanos. – pessoa

de mau-gosto. – nome pelo qual era conhecido os primeiros mora-

dores e os operários durante a construção de Brasília, a grande parte

deles vindos do nordeste. castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça,

1973; soares, 1954. candango. feijão. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kangundu. quimb. vilão. maia, 1964. kandanda. quimb. feijão. assis jr.,

[19--]. kangundu. umb. mulato. le guennec; valente, 2010.

candengue. Ver canengue.

candiaboro

 candiaboro, candamburo. galo. byrd, 2005, Patrocínio. candom-

bora, candombóia, candambóia, canambóia, condombóia. galinha.

Que tal o sinhô caxá umas duas candombora lá? Que tal o sinhô pegá

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90 Palavra banto em Minas

umas duas galinha lá? candomborazinha. frango. queiroz, 1998,

Tabatinga. quindomboro. galo. vogt; fry, 1996, Milho Verde. kandi-

aboro. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. candamburo. Ai!

Ovê, iô soma candamburo! machado fº, 1943, São João da Chapada.

camdombô. dornas fº, 1938, Itaúna.

candombora catita. pinto (lit. galinha pequena). queiroz, 1998,

Tabatinga.

candombora do sengue. passarinho (lit. galinha do mato). queiroz,

1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

candiaboro. galo. – bebida preparada segundo a tradição africana.

castro, 2001, Bahia.

 candiaboro. galo. senna, 1938.

Ç dicolombolo. galo. Meu pai reclamava, do leme, que esse cangundo estra-

gava a minhas cabeça com ignorância de latim: que galo era mais é dicolom-

bolo, desde o princípio das águas. vieira, 2006a, p. 104.

 ekondombolo. umb. galo. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

kolombolo, dikolombolo. quimb. galo. maia, 1964; assis jr., [19--].

ekokobolo. quic. galo. maia, 1964. ekuandambolo. olun. galo. diccio-

nario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

candiambi

 deus. dornas fº, 1938, Itaúna. Ver gananzambi.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 o demônio, o cão, entidade maléfica. cariambe, cariapembe, caria-

pemba. Saudação: cacurucaia. castro, 2001, Bahia. caiapembe.

fantasma, alma, espírito. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996,

Cafundó e Mogi das Cruzes.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kádia pemba. quimb. demônio, diabo. nkadi-a-mpemba. quic. demô-

nio. cobe, 2010; maia, 1964.

candimba

 candimba, coandimba. coelho. simões, 2014, Milho Verde. kandimba.

coelha. Depois de quase luta e guerra, obrigaram Siá Kandimba levá-los até

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Sônia Queiroz 91

o tal bicho-homem, mas, antes, pediram a descrição da tal novidade. gonçal-

ves, [1994], Jatobá. candimba. coelho. Candimba come couverá/auê-ei/

come couve candimbá. machado fº, 1943, São João da Chapada; dornas

fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 candimba. coelho do mato. castro, 2001, Bahia.

 candimba. coelho. lopes, 2003; ferreira, 1975; senna, 1938; raimundo,

1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ondimba. umb. coelho. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

coelho. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. ndimba. quimb.

coelho, lebre. maia, 1964. quimb. lebre. assis jr., [19--]. kandimba.

quimb. coelhinho. assis jr., [19--].

candombe

 dança sagrada, cangirê de negros. – ritual com canto, dança e desa-

fios em homenagens aos antepassados. – uma das guardas da frater-

nidade de N. Sra. do Rosário e dos santos pretos que só toca em casa

de reis congos, durante grandes ocasiões. pereira; gomes, 2000, Artu-

ros. canto no candombe, do jeito que os preto véio cantava. pereira,

2005, Jatobá. termo usado no Rio de Janeiro e São Paulo para certa

dança/canto. gonçalves, 1995. Jatobá.

candombe serê. monstro de mãos peludas que carrega um saco nas

costas, onde prende crianças, as quais obriga a cantar, para com isto

ganhar dinheiro (nas versões brasileiras). O termo aparece também

no conto “Bicho Pondê”, publicado por Lindolfo Gomes, como expressão,

ao que tudo indica, usada apenas para rimar (?). Me abre a porta,

Candombe-sêrê. gomes, 1965. Estava segura! Num minuto, estava dentro

de um saco enorme, todo fechado, escuro como breu. Era o saco de

,

Candombe Serê… starling, 1962.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 rede de pescar camarões. – manifestação de religiosidade afro-brasi-

leira de origem banto em Minas Gerais, com vocabulário predomi-

nantemente umbundo, onde se observam práticas católicas e uma

comunidade liderada pelo Rei Congo. castro, 2001, Bahia.

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92 Palavra banto em Minas

 manifestação de religiosidade afro-brasileira de origem banto. –

espécie de rede de pesca. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kandómbe. quimb. tirante a moreno. ndómbe. quimb. sombrio; em

que não há claridade ou luz suficiente. – obscuro. – moreno, preto. –

falta de alegria, triste. assis jr., [19--]. ndombe. quic. negro. cobe, 2010;

maia, 1964.

candomblé

 religião afro-brasileira. E conseguiram tirar a Santa com o candomblé.

poel, 1981.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 local de adoração e de práticas religiosas afro-brasileiras da Bahia. –

o culto ou o conjunto de crenças religiosas dedicadas a divindades

africanas (santos). – a cerimônia pública festiva. (pejorativo). –ceri-

mônia de magia negra, de feitiçaria, associações religiosas afro-brasi-

leiras. espécie de igrejas independentes, cada qual dirigida por uma

personalidade sacerdotal (pai ou mãe de santo), submetida apenas

à autoridade suprema dos inquices, vodus ou orixás, e organiza-

das por linhas hierárquicas bem definidas entre homens e mulheres,

mas privilegiando as mulheres, sempre a maioria no grupo. local e

conjunto de suas cerimônias públicas, geralmente na casa de residên-

cia do líder religioso. castro, 2001, Bahia.

 religião afro-brasileira. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973;

bastide, 1971; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; senna, 1938;

laytano, 1936; senna, 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kusambela. quimb. rezar. suplicar, pedir. assis jr., [19--]. kandómbe.

quimb. tirante a moreno. ndómbe. quimb. sombrio; em que não há

claridade ou luz suficiente. – obscuro. – moreno, preto. – falta de

alegria, triste. assis jr., [19--]. ndombe. quic. negro. cobe, 2010; maia,

1964.

candombóia. Ver candiaboro.

candombora. Ver candiaboro.

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Sônia Queiroz 93

candonga

 arenga. simões, 2014, Espinho. intriga, mexerico. pereira; gomes, 2000,

Arturos. arenga, intriga, cheia de melindres. machado fº, 1943, São

João da Chapada.

q Nomeia córrego em Andrelândia, Barbacena, Conquista, Dom

Joaquim, Felício dos Santos, Ibertioga, Juatuba, Mutum, Rio Pomba,

Santa Rita de Jacutinga e Tapira; Ribeirão em Barbacena; locali-

dade em Guanhães e Rio Pomba; Fazenda em Boa Esperança, Dom

Joaquim e Santa Rita de Jacutinga; serra em Arantina e Santa Rita de

Jacutinga; morro em Itapecirica; e rio em Arcos. condonga. Nomeia

córrego em Araçuaí e Mateus Leme e fazenda em Canápolis. lima,

2012.

 f*ckico; falsidade, manha, lisonja enganosa. – bem-querer, benzinho,

amor, a pessoa querida, tratamento dado a mulheres jovens. candon-

gada, candongar, candongas, candonguear, candongueiro, candon-

guinha, minhas candongas. castro, 2001, Bahia.

 intrigas, fofoca. – quebranto, feitiço. – barulho. – topônimo. antu-

nes, 2013; lopes, 2003; mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938;

laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç candongueiro. condutor de táxi ou o próprio táxi. E hoje vieste mesmo

a pé, ainda não há candongueiros acosrdados a esta hora… ondjaki, 2006,

p. 81.

 ndóngo. quimb. reunião onde emitem-se pareceres. assis jr., [19--].

okundongolola. umb. agrupar. le guennec; valente, 2010. nkonda,

nkanga. quic. intriga, mexerico. cobe, 2010.

candonguero

 relógio. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 mexeriqueiro; enganador, impostor; sonegador de impostos, contra-

bandista. castro, 2001, Bahia.

 relógio. – fofoqueiro, mau-caráter. antunes, 2013; lopes, 2003; senna,

1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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94 Palavra banto em Minas

candunga

 sol. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ondunga. umb. parte amarela do ovo. ungundumba. umb. cor

amarela. le guennec; valente, 2010.

canengue

 canengue, candengue. menino, criança. simões, 2014, Milho Verde.

kanengue. criança. nascimento, 2003, São João da Chapada. canen-

gue. filho. vogt; fry, 1996, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 canengue. filho. lopes, 2003.

Ç candengue, kandengue. moleque, garotinho. – Chegou preso. De

manhã. Não lhe conhecemos. Lhe vi mal, mas o candengue viu tudo. vieira,

[19--], p. 17. E eu, mesmo miúdo candengue, fiquei a pensar nas razões do

Jika não gostar nada de almoçar na própria casa dele. ondjaki, 2007, p. 18.

O Nitó fez a banga dele: foi mesmo na sala do subdirector buscar um livro

do ponto, e ainda disse a outros professores, “este aqui é o meu ndengue”.

Gostei. ondjaki, 2007, p. 126. Com tal marca de infância, os kandengues

ficavam prontos para apagarem o antes e só se ligarem aos costumes, alianças

e valores jagas […]. pepetela, 2012, p. 208. Mas tu não sabes o que perdeste,

mô ndengue – deu o primeiro gole. ondjaki, 2006, p. 103. Até ali, ia-se vendo

no espelho inteiro do quarto de seu pai como uma candengue de caracóis, para

quem havia sempre uma mão que lhe mimava, que lhe ajeitava os lacinhos e

lhe fazia festas no rosto. santos, 1991, p. 20.

 ndenge. quimb. criança. maia, 1964; assis jr., [19--]. kandenge. quimb.

o mais novo dos filhos. assis jr., [19--]. ondenge-ndenge. umb. criança

que não atingiu a idade da razão. le guennec; valente, 2010.

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Sônia Queiroz 95

canga

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q fazenda em Passos. lima, 2012.

quebra-canga. fazenda em Araxá. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 pano que se usa como saída-de-praia. – pedaço de madeira que se

coloca no pescoço dos animais. lopes, 2003; castro, 2001; mendonça,

1973.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kanga. quic, quimb. amarrar. cobe, 2010; maia, 1964; assis jr., [19--].

cangalha

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q ribeirão em Unaí. lima, 2012.

 cesto, posto em lombo de burro, para transportar galinhas, manti-

mentos, etc. castro, 2001, Bahia.

 peça de três paus, unidos em triângulo, que se enfia no pescoço dos

porcos para que não destruam hortas cultivadas. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kanga. quic, quimb. amarrar. cobe, 2010; maia, 1964; assis jr., [19--].

okukangalala. quimb. oblíguo, atravessar. maia, 1964; assis jr., [19--].

cangica. Ver canjica.

cangoro

 pólvora. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 com força. mongolô. castro, 2001.

 pólvora. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kukangulula. kimb. torrar, queimar. assis jr., [19--].

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96 Palavra banto em Minas

cangúia

 vocábulo injurioso,

,

ou cabalístico. Canenecô!/Cambrocotó, cambrocotó!/

Cangúia, cangúia, cangúia! machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 xingamento. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ungúia. quimb. ingratidão; ato hostil a quem se deveria agradecimen-

tos. assis jr., [19--].

cangulo. Ver canguro.

cangundo

 pessoa maliciosa. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç cangundo. branco de baixa condição, ordinário. […] porque ele, o

cangundo camuelo não queria ela ouvisse rádio quando ele não estava,

difuba-de-corno. vieira, 1987, p. 20. Em cima do meu dinheiro, um

cangundo, na loja do Xico Pena, me deu uma bofetada. ribas, 1973, p. 27.

Habituada a defender-se das quimbionas dos rapazes da Peça, Boneca eriçou

os modos de galhinha cassafo e hesitou, entre o insulto de ofender a mãe

do velho cangundo e a esperança na recção do pai quando, na sua frente, o

comerciante […] lhe apalpou de abuso no mataco. – Tens aqui uma mulhe-

raço e peras…! santos, 1991, p. 32.

 kangundu. quimb. vilão. maia, 1964.

cangura, canguru. Ver canguro.

canguro

 porco. byrd, 2005, Patrocínio. anguru. porco. nascimento, 2003, São

João da Chapada. cangura, canguro. É só que ela num me deu um peda-

cinho de camberela do canguro. É só que ela num me deu um pedacinho

de carne de porco. queiroz, 1998, Tabatinga. canguro. porco, gordura,

manteiga. vogt; fry, 1996, Alfenas e Patrocínio. anguro. vogt; fry, 1996,

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Sônia Queiroz 97

Milho Verde. ongulo, cangulo. porco. gonçalves, 1995, Jatobá. kangô,

kangulo, kanguro. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. canguru,

onguro. machado fº, 1943, São João da Chapada. canguro, cangulo.

porco, leitão. dornas fº, 1938, Itaúna.

xia de kangulo. toucinho. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kangulo-sanguê. porco do mato. O anguê-kuatá, o kangulo-sanguê e o

dumbo gritavam que eram eles. gonçalves, [1994].

mandumba do canguro, ocaia do canguro. porca. dornas fº, 1938,

Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cangulo. porco, toucinho. canguro. – porco novo, leitão. castro, 2001,

Bahia. canguro. porco. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996,

Cafundó e Mogi das Cruzes.

chitungo de canguro. chiqueiro. andrade fº, 2000, Cafundó.

 cangulo. porco. soares, 1954; senna, 1938; 1921.

Ç ngulu. porco. Na praia, as cubatas dos pescadores se desenhavam nas

sombras, vivas no piar das galinhas e pintinhos regressando do ciscar

diário, muitas vezes mesmo grunhir do pequeno ngulo no quintal. vieira,

[19--], p. 40.

 ongulu. umb. porco. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. ngúlu

quimb. porco; a carne desse animal. maia, 1964; assis jr., [19--]. ngulu.

quic. porco. cobe, 2010. ongulu. olun. porco. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

canjá

 reco-reco de bambu usado pelo grupo dos catopés na festa de Nossa

Senhora do Rosário. simões, 2014, Milho Verde. ganjá. reco-reco. vogt;

fry, 1996, Patrocínio. canzá. certo instrumento musical. gonçalves,

1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ganja. pedaço de bambu. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes. ganjá.

reco-reco. vogt; fry, 1996, Cafundó. canzá. muito magro e fraco.

castro, 2001, Bahia.

 ganzá. chocalho de bambu. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

bastide, 1971; campos, 1939; senna, 1938; 1921. canzá. reco-reco de

bambu. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975.

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98 Palavra banto em Minas

Ç dicanza. instrumento musical semelhante a um grande reco-reco. Afina-

ram sua ngoma, e na dicanza Xico fez maravilhas de ritmo ‘só pra chatear’,

como ele falou. vieira, [19--], p. 87. Dançava-se no quintal, em recinto de cober-

tura de zinco. Uma harmónica e um chocalho de bordão, popularmente desig-

nado por dicanza, constituíam o instrumental. ribas, 1973, p. 38. O caduque

executava-se ao ar livre, sob a toada de ngoma, dicanza e uma lata, vibrada com

duas baquetas grosseiras. ribas, 1985, p. 44. dicanzeiro. pessoa ou grupo

que toca dicanza. Cantei em meu conjunto dicanzeiro, muito antes desses

pexotes todos […]. vieira, 1987, p. 63.

 dikanza. quimb. instrumento musical. maia, 1964. onganja. umb.

cabaça. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. nganza. quimb. copo,

caneca sem asa; pequena cabaça, vaso para beber água, vinho, etc.

karikanza. quimb. instrumento musical. rikanza. quimb. chocalho,

instrumento musical. assis jr., [19--].

canjica

 comida doce feita à base de milho, leite e açúcar. Quando acabô a

cantoria, mandô chamá o pessoal pra entrá pra dentro pra comê a canjica.

pereira, 2005. cangica. certa bebida. gonçalves, 1995, Jatobá. injeque.

milho, pipoca. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

angiquê, ondiquê, onjaquê. milho. gonçalves, 1995, Jatobá. onjequê.

milho. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q localidade em Nazareno; fazenda em Divinésia, Itatiaiuçu e Madre

de Deus de Minas; Córrego em Corinto, Cordisburgo, Itatiaiuçu e

Jacuí; povoado em Itatiaiuçu e Perdigão; ribeirão em Perdigão. canji-

cas. Nomeia córrego em Divinésia. canjiquinha. Nomeia córrego em

Tumiritinga e Aiuruoca. lima, 2012.

canjica de Antônio Henrique. Nomeia fazenda em Perdigão.

lima, 2012.

canjica de Manoel Ferreira. Nomeia fazenda em Itatiaiuçu. lima, 2012.

 canjica. papa de milho verde ralado a que se junta leite de coco,

açúcar, cravo e canela. castro, 2001, Bahia.

 canjica. doce à base de milho, leite e açúcar. ferreira, 1975; mendonça,

1973; teixeira, 1946; senna, 1938. onjequê. milho. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kanjika. quimb. guisado de feijâo e milho temperado com banha ou

óleo de palma. maia, 1964; assis jr., [19--].

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Sônia Queiroz 99

canjira

 canjira, canjirauê. passarinho. simões, 2014, Milho Verde. kanjirauê.

passarinho. nascimento, 2003, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç cabirindjindji. um pássaro. Começamos ainda no cabirindjindji, cateto,

picas duzenas, caxexes-xexes, qual deles é que é a mera cor, o ramerrão?

vieira, 1987, p. 75. canjila. pássaro. Pessoa devia de ter o coração desti-

lado, iazele, para os canjilas não recearem. vieira, 1987, p. 49. jilan-

gando. Aves que limpam os dentes dos jacarés. E por cima dos dentes

dos jacarés o céu ficava escuro com o voo dos pássaros jilangandos. vieira,

2006a, p. 92.

 onjila. umb. pássaro. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. kanjila.

quimb. passarinho. assis jr., [19--]. njila. quimb. pássaro. maia, 1964;

assis jr., [19--].

canjira-canjerê

 dança. simões, 2014, Espinho; machado fº, 1943, São João da Chapada.

q canjerê. Nomeia fazenda em Senador Cortes. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 canjira-canjerê. sessão de feitiçaria; feitiço. castro, 2001; ferreira,

1975; mendonça, 1973; bastide, 1971; beaurepaire-rohan, 1956; senna,

1938; 1921. cangire, cangirê. reunião festivo-religiosa de magia

negra. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okuchila. umb. mover o corpo segundo as regras da dança. le guennec;

valente, 2010. okucila. umb. dançar. wilson, 1954.

canjolo. Ver onjó.

canjonjo. Ver kanjonjo.

canuca. Ver camuca.

canzá. Ver

,

canjá.

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100 Palavra banto em Minas

capanga

 espécie de bolsa artesanal. Meteu a mão na capanga, tirô uma raiz, rapô,

pôs num coitezinho, pegô a cachaça, e pôs lá um poquinho da cachaça, e

misturô. souza, 2009.

q capangas. Nomeia fazenda em Campestre. lima, 2012.

 pequena bolsa que se leva a tiracolo. – guarda-costas, jagunço. –

partida de diamantes comprada por capangue(i)ro. castro, 2001,

Bahia.

 bolsa artesanal. antunes, 2013; lopes, 2003; ferreira, 1975; senna, 1938;

laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç capanga. aperto do pescoço com o braço e o antebraço. […] e a mão

quente de Inácia tinha-lhe agarrado na capanga dele para não cair e todo o

peito rijo e macio, a boa catinga do corpo madura dela estavam em cima dele,

sentia-lhe entrar em todos os buracos da roupa? vieira, 1982, p. 71. Mesmo

às vezes aprecidava-se de maneira a não deixar confusões, salientava-se,

e o seu olhar carregado envolvia a presa na capanga e exagerava o efeito.

santos, 1991, p. 73.

 kimpakala. quic. bolsa. cobe, 2010; maia, 1964. kimánga. quimb.

sacola. cabaça apropriada para guardar provisões. kapanga. quimb.

laço; formar um laço ao redor do pescoço do adversário durante uma

briga. assis jr., [19--].

capenga

 aleijado. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 diz-se de um serviço mal feito ou mal acabado. castro, 2001, Bahia.

 manco, coxo. lopes, 2003; castro, 2001; senna, 1938; laytano, 1936;

raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 capenga. umb. torto. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

kiavenga. quic. torto. maia, 1964. okupenga. olun. torto. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

capixo

 capixo, capuxoca. cabelo. byrd, 2005, Patrocínio. kapixo, kapuxoca.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kapuxoca de mucota. bigode. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

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Sônia Queiroz 101

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

capungo

 gente ruim. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q capiango. Nomeia córrego em Paraopeba. lima, 2012.

 capiango. triste, sisudo, macambúzio. capiongo. castro, 2001, Bahia.

 capiango. ladrão. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça,

1973; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; senna, 1938; raimundo,

1933.

Ç capiango. roubo; delinquência; furto. Capiango? Nunca pus mão

em seara leia. vieira, 1987, p. 40. capianguista. aquele que realiza

capiango. Pé ante pé, dui, de capianguista. vieira, 1987, p. 68.

 ngangu. quic. sisudez. cobe, 2010. ocapyangu. umb. gatuno, ladrão.

le guennec; valente, 2010.

capuxoca. Ver capixo.

caqui

 valente ou feiticeiro mestre. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 feiticeiros (região de Minas). bastide, 1971.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

carango

 mulher, mulher velha. vogt; fry, 1996, Milho Verde. carenga. mulher.

vogt; fry, 1996, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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102 Palavra banto em Minas

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 velha. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

carenga. Ver carango.

cariá. Ver cariapemba.

cariapemba

 diabo. simões, 2014, Milho Verde. Tô o próprio Cariá, Cariapemba,

enxurrada sôrta e doidia. gonçalves, [1994], Jatobá. cariá, cariapemba,

pemba. o diabo. simões, 2014, Espinho. cariá-cariapemba. o diabo.

machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 o demônio, o cão, entidade maléfica. castro, 2001, Bahia.

 capeta. bastide, 1971.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kâria. quimb. fingimento de bondade, de ideias ou de opiniões apre-

ciávéis. falta de sinceridade. – devoção fingida. assis jr., [19--]. karia-

pemba. quimb. demônio, diabo. – pessoa de maus instintos. assis jr.,

[19--]. nkadi ampemba. quic. demônio. cobe, 2010; maia, 1964.

cariengue

 gato. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 gato. castro, 2001, Bahia.

 gato. lopes, 2003.

Ç cariengue. biscato. E, o Zito da Camunda, useiro de cariengues e recadi-

nhos de cambulador, cansou de correr. santos, 1991, p. 28.

 okalenge. umb. gato. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. kalenge.

quimb. gato. maia, 1964.

carimbado

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 103

q fazenda em Santa Bárbara do Monte Verde. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 carimbo. selo, sinete, sinal público com que se autenticam documen-

tos. – entre os negros conhece-se por esse nome um tambor feito de

um tronco de árvore, oco, com uma pele de carneiro ou de outro

animal. castro, 2001; mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; 1921;

laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç Eu tinha a camisa carimbada pelas mãos da moça, quando se defendeu da

minha curiosidade. Não sabia como justificar a mancha junto dos avós.

xitu, 2011, p. 96. Nem tem um camarada na peixaria que carimba os carões

quando levantas peixe à quarta-feira? ondjaki, 2006, p. 35.

 kirimbu. quimb. selo, ferrete. maia, 1964; assis jr., [19--]. ndimbu. quic.

marca. maia, 1964. dimbu. quic. marca, selo. cobe, 2010. ondimbu.

umb. carimbo. le guennec; valente, 2010.

carimbo

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Diamantina. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 selo, sinete, sinal público com que se autenticam documentos. – entre

os negros conhece-se por esse nome um tambor feito de um tronco

de árvore, oco, com uma pele de carneiro ou de outro animal. castro,

2001; mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; 1921; laytano, 1936;

raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kirimbu. quimb. selo, ferrete. maia, 1964; assis jr., [19--]. ndimbu. quic.

marca. maia, 1964. dimbu. quic. marca, selo. cobe, 2010. ondimbu.

umb. carimbo. le guennec; valente, 2010.

carimbamba

 coruja. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 coruja. – curandeiro, feiticeiro, bruxo. – designação dada ao peixe

xaréu quando magro. –Localidade da praia de Armação, na cidade

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104 Palavra banto em Minas

do Salvador, que era conhecida pela pesca de xaréu. castro, 2001,

Bahia.

 curandeiro. – coruja. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ochimbanda. umb. médico indígena, curandeiro. ochikwamanda.

umb. corvo. le guennec; valente, 2010.

carinjiji. Ver carinjinjim.

carinjinjin

 carinjinjim, carinjiji, carunjinjim, carunjinjinha, carunjijia. um

dos dançantes do catopé que leva o antídoto. simões, 2014, Milho

Verde. karinjinjim. pessoa responsável para administrar os meninos

que não sabem dançar no catopé; sua função é educar os meninos.

nascimento,

,

2003, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kilangirilu, kilangidilu. quimb. guarita; lugar de onde se vigia. senti-

nela; guarda. maia, 1964; assis jr., [19--].

carofimba

 gato. vogt; fry, 1996, Milho Verde. orossimba. gato. gonçalves, 1995,

Jatobá. gato. machado fº, 1943, São João da Chapada.

orozimba sanguê. gato. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 carofimba. gato. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okalusimba, olusimba. umb. gato almiscareiro. le guennec; valente,

2010. ximba. quimb. gato tigre. maia, 1964. olusimba. olun. gato

(F. nigripes). diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

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Sônia Queiroz 105

carumbé

 bateia. pereira; gomes, 2000, Arturos.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 calumbé. vasilha ou gamela cônica, de pau, na qual se conduz o

cascalho que vai ser lavado nas catas de ouro ou diamante. castro,

2001, Bahia.

 orumbá. bateia. lopes, 2003. carumbé. espécie de gamela nas quais

se transportam minérios para a lavagem. – recipiente que também

pode ser usado na cozinha. senna, 1938; laytano, 1936.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

carumbi

 sertanejo, no sentido local que este vocábulo tem. machado fº, 1943,

São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 sertanejo. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kalumbi. quimb. silveira e seus frutos. assis jr., [19--].

carunga. Ver calunga.

carungar

 casar. vogt; fry, 1996, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 casar. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

carunjinjim, carunjinjinha, carunjijia. Ver carinjinjim.

casabá

 [?] Oia cacumbê iauê/oia cacumbê iauê/oia cacumbê iauê/iaqué casabá oaú.../

canaú é devera é /canaú é devera é. Capitão Jair Teodoro de Siqueira.

dias, 2002, Matição.

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106 Palavra banto em Minas

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 tata-quinçaba. o encarregado das folhas, da plantação. castro, 2001,

Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kisaba. quimb. folha. maia, 1964.

cassucara

 cassucara, cassucaro. casamento. queiroz, 1998, Tabatinga.

de cassucara. casado (lit. de casamento). É cuete já de cassucara ô vai pegá

cassucara? Já pegô cassucara? É homem casado ô vai casá? Já casô?

queiroz, 1998, Tabatinga.

pegá cassucara. casar (lit. pegar casamento). queiroz, 1998, Tabatinga.

tipurá o cassucara. casar (lit. fazer o casamento). A ocaia foi tipurá o

cassucara no granjão e o camonim [...] Tipurô os imbondo dês de pô nos

timbuá. A mulhé foi casá no padre e o menino [...] Carregô as coisa

dês de pô nos dedo. queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kusakana, kusokana. quimb. casamento. maia, 1964.

cassucará. Ver sucaná(r).

cassucarado

 cassucarado, sucarado. casado. É cassucarado? É casado? queiroz,

1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

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Sônia Queiroz 107

 kusakana. quimb. casar. maia, 1964; assis jr., [19--].

cassucaro. Ver cassucara.

catiça

 ajudar. Anganzambi iô catiça. Deus lhe ajude. machado fº, 1943, São

João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 oferecer em sacrifício, encantar. castro, 2001, Bahia.

 ajudar. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 oku kuatisa. umb. ajudar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

kuatisa. quic. ajudar. maia, 1964. sadisa. quic. ajudar. cobe, 2010.

kukuatesa. quimb. fazer pegar, agarrar, ajudar. assis jr., [19--].

catimbau. Ver catimbar.

catimbar

 causar confusão. simões, 2014, Milho Verde.

q catimbau. nomeia fazenda em Resende Costa. lima, 2012.

 catimba. manha, astúcia, engodo. castro, 2001, Bahia.

 catimbau. feitiçaria. mendonça, 1973; senna, 1938; 1921; laytano, 1936;

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 caximba. quimb. engodo. maia, 1964; assis jr., [19--]. kimba. quic.

engodo. maia, 1964.

catita. Ver catito.

catito

 catito, eucatito. pouco, pequeno. simões, 2014, Milho Verde. catita.

tipo de mingau. simões, 2014, Espinho. catito, acatito. pequeno. Ô

ocaia, dá pra caxá uma matuaba catita? Ô mulhé, dá pra bebê uma pinga

pequena? – pouco. Cangura ultimamente tá catito. Porco ultimamente

tá poco. queiroz, 1998, Tabatinga. pequeno, criança. vogt; fry, 1996,

Milho Verde. pequeno, baixo, pouco. dornas fº, 1938, Itaúna. catita.

pequena e bela. No esteio de uma porteira moravam a Siá Ninhorrã e a

Catita Siá Katendê. gonçalves, [1994], Jatobá. catitim. pequenininho.

Cê tipura o mavero da ocaia, tá catitim. Alá o seio da mulhé, é pequeni-

ninho. – novinho. Tem, ocaia tem, um punhado de ocaia avura, umas ocaia

catitinha lá. Tem, mulhé tem, um punhado de mulhé bonita, umas

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108 Palavra banto em Minas

moça novinha lá. – dinheiro. pop. duro, liso. Eu tô catitim, num caxo

ingura nenhum, cuete. Eu tô durinho, num tenho dinheiro nenhum,

cara. queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 uma dança dramática folclórica. castro, 2001, Bahia.

 catito. pequeno. lopes, 2003; ribeiro, 1995; teixeira, 1946; laytano,

1936.

Ç catita. pequeno, elegante. A gente esfregava com azeite-palma quente

misturado com outras ervas senhora Catita tinha ido buscar no Dande.

vieira, 1987, p. 51. O grupo era maior e os homens dançavam a katita. xitu,

2011, p. 69.

 citito. umb. pequeno. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

catitu. Ver cuxito.

catomba

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Serro. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 calombo. inchaço, montículo, protuberância. – líquido coalhado em

forma granular. – topônimo. castro, 2001; mendonça, 1973; brandão,

1968; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; senna, 1938; laytano,

1936; raimundo, 1933. catombo. inchaço, tumor. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ochitamba. umb. inchação, tumor. tutumba. umb. inchado. le

guennec; valente, 2010.

catuta

 certa bebida. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cachaça. castro, 2001, Bahia.

 cachaça. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

,

Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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Sônia Queiroz 109

cavanza

 luta. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç cavanza. confusão, bagunça. Com outros, a confusão era mesmo cavanza,

maca de alimentar conversas, maldosos sorrisos, xucululos e quissemos de

escondido dizer, assunto de dias e noites, boatos certos. vieira, 1974, p. 106.

 kavanza. quimb. confusão. maia, 1964; assis jr., [19--].

caveia

 que é lá? Ê quendê iô vim de Indiagara/sô na caveia. machado fº, 1943,

São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 fórmula de pergunta correspondente a “quem vem lá”. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cavinguera. Ver cavinguero.

cavinguero

 cavinguero, cavinguera, cavunguero, cavunguera, cafunguera,

vindero. patrão. O cuete seu cavinguero lá do sengue. O seu patrão lá da

roça. – rico. Cê tipura o cuete... O cuete é cavinguera? Cê conhece o cara... O

cara é rico? cavinguerão. grande proprietário. Cumbara avura aqui, meu

fio. ih! isso aí tem... sengue, tem... cavingurão! Da cidade grande, meu fio.

Ih!, isso aí tem... fazenda, tem... fazendeirão! queiroz, 1998, Tabatinga.

vindero. padre. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. vindêro,

vinderi. branco. dornas fº, 1938, Itaúna.

cafom de vindero ocaia. Nossa Senhora. Cumbara cafom de vindero ocaia/

aprendeu falar língua no injó de jequê/eh nhonhó, mamãe é criola. Capitão

Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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110 Palavra banto em Minas

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cavunguera, cavunguero. Ver cavinguero.

cavuvira. Ver gatuvira.

caxambá. Ver jamba.

caxambi

 negro velho, homem idoso. pereira; gomes, 2000, Arturos.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 topônimo. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

caxambu

 [tambor] Minha mãe mandô me chamá/lá no pé de mulungu/oi de dia

plantá bananera/oi de noite tocá caxambu. dias, 2001, Jatobá.

q córrego em Aiuruoca, Boa Esperança, Carmo da Mata, Conceição do

Pará, Consolação, Cristina, Dores do Campo; Iapu, Igaratinga, João

Pinheiro, Passa Quatro, Piedade dos Gerais, Pitangui, Rio Piracicaba,

Piüi, Santos Dumont; localidade em Conceição do Pará, Mesquita e

São João Del Rey; fazenda em Boa Esperança, Bom Jardim de Minas,

Cambuí, Campo do Meio, Carmo da Cachoeira, Carmo da Mata,

Conceição dos Ouros, Piüi, Sacramento, Santana da Vargem, Santos

Dumont, Senador Amaral e Tapira; povoado em João Pinheiro e

Pitangui; morro em Pimenta e Pouso Alto; ribeirão em Cambuí,

Sacramento, Santo Antônio do Amparo e Senador Amaral; serra em

Arantina e Itaúna; e cidade em Caxambu. caxambuzinho. Nomeia

córrego e fazenda em Dores do Indaiá. lima, 2012.

caxambu de baixo. Nomeia localidade em Dores do Campo e fazenda

em Santo Antonio do Amparo. lima, 2012.

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Sônia Queiroz 111

caxambu de cima. Nomeia fazenda em Santo Antonio do Amparo.

lima, 2012.

 espécie de membrafone, atabaque. – topônimo. castro, 2001, Bahia.

 tipo de tambor. – topônimo. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça,

1973; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; senna, 1938; laytano,

1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

caxanga

 achaque, macacoa. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 caxanga. indisposição súbita. castro, 2001, Bahia.

 caxanga. achaque, macacoa. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kixánga. dissimulação, disfarce. assis jr., [19--]. kuzánga. quimb.

estragar. danar. esbanjar, desperdiçar. maia, 1964; assis jr., [19--].

caxaramba

 caxaramba, caxerem, caxiri. certa bebida. gonçalves, 1995, Jatobá.

caxaramba. cachaça. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 caxaramba. cachaça. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

caxerem. Ver caxaramba.

caxicovera. Ver kaxicobeira.

caxingó

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q serra em Gameleiras. lima, 2012.

 magro, esquelético (animal ou pessoa). castro, 2001, Bahia.

 magro. castro, 2001; senna, 1921.

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112 Palavra banto em Minas

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

caxiri. Ver caxaramba.

caxixi

 balainho de taquara com sem*ntes; instrumento musical do candom-

blé e do jongo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 saquinho de palha, provido de alça, que o tocador de berimbau

segura juntamente com a Vereta com que tange o instrumento musi-

cal. – miniatura de cerâmica (potes, panelas, etc.) que serve de brin-

quedo para crianças e onde se coloca o caruru oferecido a Cosme e

Damião. mucaxixi. castro, 2001.

 pequeno chocalho de palha. lopes, 2003; mendonça, 1973.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

caxinganguelê

 caxinganguelê, caxinguinguelê. defunto. simões, 2014, Milho Verde.

caxingaguelê. morto, espírito do morto. Ô caxinganguelê/vai-se embora

com Deus/com Deus, com Deus/vai-se embora com Deus. Capitão Ivo

Silvério da Rocha. dias, 2001, Serro.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 caxinguelê. indivíduo magro, feio e de pequena estatura; mau cará-

ter. castro, 2001, Bahia.

 caxinguelê, cachinguelê, caxingulê. designação comum a várias

espécies de mamíferos roedores – porco-espinho. – fig. sujeito magro

e esperto. – Cascudo afirma que para muitos, na Amazônia, a alma

sobe ao céu sob a forma de acutipuru (nome que ali recebe o caxin-

guelê), animal admirado por sua capacidade de descer de troncos

altos de cabeça para baixo. castro, 2001; cascudo, 1984; ferreira,

1975; mendonça, 1973; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; senna,

1938; 1921; raimundo, 1933.

Ç xinguilar. entrar em transe ou possessão pelo espírito. Xinguilava,

xinguilava Vúnji, Kazola ou outro calundu nas dissaquelas silvícolas […].

vieira, 1987, p. 44. Sim. Analuja. Analuja. O que é isso minha filha? Estás

a xinguilar. rui, 2013, p. 38. Fizeram uma foda grande à volta de Citula

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Sônia Queiroz 113

na puíta a xinguilar como rainha da festa até de manhã manhãzinha […].

rui, 2013, p. 178. Em seu xinguilamento, a ocultista, transmitindo a fala

do calundu, declara que, entre elas, é que se haviam amarrado. ribas, 1973,

p. 79.

,

Para os interlocutores, afora tio João, que discordava de tais ideias,

quem pratica xinguilamento precisa observar o rito. ribas, 1985, p. 35.

Fingia então recusar. – Xinguilar, ainda que podia, sim senhor… – disse,

diminuindo a importância do caso. – Mas, bungular…? Duvido…! santos,

1991, p. 12. Baku, xinguilando, avançou com as mãos abertas e os dedos

em garras, para o pescoço da filha, pronto a sufocá-la. xitu, 1984, p. 94.

xinguilador. aquele que entra em transe. Por isso hoje eu respeito tudo

que é de espíritos, calundus e santos, quimbandices e mascarias, padres e

pastores, xinguiladores. vieira, 1987, p. 18. xinguile. adivinho. […] e se

ouviu o gololo dos xinguiles no escuro de cazucuta no terreiro para enga-

nar espíritos e flechas e bufos e cangundos e tinha quifumbes pelos cami-

nhos. vieira, 2006a, p. 28. chinjanguila. uma dança de roda dos povos

mbunda e luxaze. Mais tarde, as mulheres reuniram-se no terreiro de

chinjanguila e a dança começou. pepetela, 1981, p. 9.

 xinjangele. quimb. rato. maia, 1964. kuxingila. chamar, invocar os

espíritos. assis jr., [19--]

caxinguinguelê. Ver caxinganguelê.

cazumba

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Resende Costa. lima, 2012.

 cadeira, termo que aparece em contos folclóricos. castro, 2001, Bahia.

 espécie de berço no qual se deitavam as crianças durante a noite ou

durante as horas de trabalho da mãe escrava. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cazumbi

 espírito. byrd, 2005, Patrocínio. zumbi. espírito. gonçalves, 1995,

Jatobá.

q Nomeia ribeirão em Pequeri e fazenda em Madre de Deus de Minas.

lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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114 Palavra banto em Minas

 zumbi. fantasma que vaga durante a noite. – pessoa de hábitos

noturnos. – pessoa muito magra. – líder da República de Palmares –

no norte, referem-se a qualquer lugar distante e pouco desenvolvido.

– pessoa ou coisa muito feia. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

bastide, 1971; beaurepaire-rohan, 1956; senna, 1938; 1921; laytano,

1936; raimundo, 1933.

Ç canzumbi, cazumbi, kazumbi. alma de outro mundo. E foi quando

estavam já perto da paragem do maximbombo que saiu do céu negro aquela

faísca que iluminou, na tarde, em toda a cidade escurecida, desenhando lhe

contornos brancos de cazumbi, e um trovão gigantesco ribombou fazendo

tremecer todos os vidros. vieira, [19--], p. 62. Os portugueses parecem

que estão a provar o vinho, bebem aos poucos, mas não é por delicadeza, é

apenas por timidez ou até medo de enfrentar o mau espírito, o cazumbi, do

vinho. pepetela, 1999, p. 16. E falou, longos momentos depois, como um

kazumbi, uma voz desencarnada, trazida do mundo dos mortos, aquela era

a aldeia onde tinha nascido […]. pepetela, 2012, p. 206. Se alguém morre,

o quimbanda não pode faltar para enxotar o cazumbi. ribas, 1985, p. 69.

 nzumbi. quimb. espírito, fantasma. maia, 1964; assis jr., [19--].

kazumbi. quimb. sombra dos mortos. maia, 1964. okanjumbi. umb.

espírito de outro mundo. le guennec; valente, 2010.

cemá. Ver semá.

cená. Ver semá.

chambote

 agradável. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 agradável. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kiambote. quimb. agradável. maia, 1964.

chia

manteiga. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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Sônia Queiroz 115

 manteiga. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ochitapi. umb. manteiga. le guennec; valente, 2010.

chibungo. Ver xibungo.

chicongo

 sombra. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 chicombo. sombra. vogt; fry, 1996, Cafundó.

 chicongo. [?] senna, 1938. chapéu. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

chipoque, chipoquê. Ver pipoquê.

chu(n)cho

galinha. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 chusso, inchusso. frango, galinha. vogt; fry, 1996, Cafundó.

chuncho. galinha. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

ciamá(r)

 ciamá(r), siamá(r). andar. byrd, 2005, Patrocínio. ciamar. batinga,

1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

ciamá. Ver sená.

ciamar. Ver ciamá(r).

coandimba. Ver candimba.

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116 Palavra banto em Minas

cochilar

 dormitar. A onça já estava com os olhos doendo de sono; já tinha cochilado

umas três vezes. lúcio, 1944.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 dormitar, dormir levemente; p.ext descuidar-se. castro, 2001, Bahia.

 dormitar. lopes, 2003; ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kukoxila quimb. dormitar. maia, 1964; assis jr., [19--]. okuangila. olun.

dormir sentado. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

combaro. Ver cumbara.

comboêro

 cambão. simões, 2014, Espinho. grota. machado fº, 1943, São João da

Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 comboero. grota. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbuélo. quimb. terreno inclinado; várzea. assis jr., [19--]. kombuelo.

umb. abaixo. le guennec; valente, 2010.

condombóia. Ver candiaboro.

conema. Ver conena.

conena

 ânus, fezes, bunda. byrd, 2005, Patrocínio. conema. fezes. – diarréia.

Aí, no jeguê de cureio é assim, ó: ruma uma conema que num pára no

curima nem no sengue. Aí, na barriga é assim, ó: ruma caganera que

num pára no trabalho nem no mato. queiroz, 1998, Tabatinga. ânus.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. conena. ânus, fezes. vogt;

fry, 1996, Patrocínio. nena. fezes. vogt; fry, 1996, Alfenas. komena,

komene. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

amparo de conena. cadeira. byrd, 2005, Patrocínio.

ponto de conena. ânus. byrd, 2005, Patrocínio.

caxá conema. defecar (lit. fazer fezes). queiroz, 1998, Tabatinga

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Sônia Queiroz 117

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cunena. defecar. cunema, cunena, nena. castro, 2001, Bahia. conena.

ânus, fezes. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

conenar. defecar. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

 conena. bosta. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kunena. quimb. defecar. maia, 1964; assis jr., [19--]. aniña. umb. fezes.

wilson, 1954.

congá

 garrafa. Ei conga ererê conga auê. machado fº, 1943, São João da

Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cesta ou caixa para guardar roupa e outros objetos. castro, 2001,

Bahia.

 conga. vagin*. antunes, 2013. conga. garrafa. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

,

ukonga. umb. cabaça com gargalo. le guennec; valente, 2010. nkonka.

quic. vaso de barro de boca larga. maia, 1964.

congá. Ver congado.

conga

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q localidade em Madre de Deus de Minas e São João do Paraíso;

córrego em Nova Serrana. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 valor destinado ao dono da casa de farinha, de meia cuia em cada

prensa. – dança própria da América Central. – topônimo. lopes, 2003;

ferreira, 1975; mendonça, 1973; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nkunga. quic. canto, cantiga. cobe, 2010; maia, 1964.

congado

 dança ritual em grupos chamados ternos ou cortes, executada

durante a festa de N. S. do Rosário. Saravá o povo de ingomba auê/

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118 Palavra banto em Minas

saravá o povo de Moçambique/oia o povo de congado ouê/ô no jira ni cunda

no jira. Capitão João Lopes. lucas, [1990], Jatobá. congá. o mesmo que

Congado. Ela é dona do conga, Sá Rainha. pereira; gomes, 2000, Arturos.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 congada. auto popular durante o qual se celebra a coroação do rei do

Congo, o Manicongo, e da rainha Jinga. castro, 2001, Bahia.

 auto popular no qual se celebra a coroação do rei do Congo e de

sua rainha. lopes, 2003; ferreira, 1997; mendonça, 1973; bastide, 1971;

gomes, 1948; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç kongo, congo. Antigo reino africano. Com essas ideias e imposições

iam enfraquecendo o Kongo, roendo-o por dentro como fazem os ratos ou

a formiga salalé. E era esperança do governador enfraquecer da mesma

maneira o vizinho reino do Ngola. pepetela, 2012, p. 14. E o papa chegara

à suprema honraria de nomear bispo um filho ou sobrinho do próprio rei do

Kongo. pepetela, 2012, p. 34. O povo de Ambaca, herdeiro da civilização

do antigo reino do dongo, que, a seguir ao Congo e a Matamba, ocupava, em

progresso, o terceiro lugar, caracterizava-se pelo seu temperamento excên-

trico. ribas, 1985, p. 101.

 kongo. quimb. grande extensão de terra de antigo reino de mesmo

nome. assis jr., [19--]. nkunga. quic. canto, cantiga. cobe, 2010; maia,

1964.

congembo. Ver conjema.

congembra. Ver conjema.

congembro. Ver conjema.

congo

 guarda que segue à frente do Moçambique; caracteriza-se pela vesti-

menta em rosa e branco, uso de capacetes com fitas coloridas. pereira;

gomes, 2000, Arturos.

joão congo. certa ave. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Nomeia córrego em Barão de Cocais, Barra Longa, Carmópolis

de Minas, Ervália, Grão Mongol, Martinho Campos, Passa Vinte,

Sabinópolis. fazenda em Barra Longa; localidade em Carmópolis de

Minas, Ervália; serra em Barão de Cocais. Nomeia córrego e Fazenda

em Aracitaba. conguês. Nomeia fazenda em São Gonçalo do Sapu-

caí. lima, 2012.

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Sônia Queiroz 119

congo choco. Nomeia ribeirão em Candeias. lima, 2012.

congo velho. Nomeia serra em Barão de Cocais. lima, 2012.

congos de José Ferreira. Nomeia fazenda em Aracitaba. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 toque específico para algumas divindades do candomblé de base

banto. – nação de candomblé de base essencialmente banto. – desig-

nação dada ao africano vindo do reino do Congo. – topônimo. –

fig. usado como termo pejorativo. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; 1921; laytano, 1936.

joão-congo. guaxe. – topônimo. lopes, 2003; ferreira, 1997; senna, 1938;

raimundo, 1933.

Ç kongo, congo. Baltazar deu uma volta, aparecendo pelo norte no território

da soberana, dizendo que era mafulo e vindo diretamente do Pinda, no reino

do Kongo. pepetela, 1999, p. 24. Com essas ideias e imposições iam enfra-

quecendo o Kongo, roendo-o por dentro como fazem os ratos ou a formiga

salalé. E era esperança do governador enfraquecer da mesma maneira o

vizinho reino do Ngola. pepetela, 2012, p. 14. […] Gi era reverenciada com

cumprimentos e vênias, aqui e além ofereciam-lhe um pano do congo, Maria

de óculos, saboreando com Kasese milho assado e castanhas de caju torrado

[…]. rui, 2013, p. 40-41. Depois daquele incidente, segiu-se um disco do

“congo”que foi dançado com frenesim. xitu, 2011, p. 44.

 kongo. quimb. vasto território do antigo reino deste nome. assis jr.,

[19--]. ekongo, ukongo. umb. velho, ancião. wilson, 1954.

conjema

 morte. – cemitério. Fitô viru, foi pro conjema. Morreu, foi pro cemité-

rio. – terra. queiroz, 1998, Tabatinga. congembro. defunto. batinga,

1994, Alto Paranaíba/Triângulo. congembra. morto. batinga, 1994,

Alto Paranaíba/Triângulo. congembo. morrer; morte. machado fº,

1943, São João da Chapada.

fitá conjema. morrer (lit. fitar a morte). queiroz, 1998, Tabatinga.

injirá po conjema. morrer (lit. ir para o cemitério). queiroz, 1998,

Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 congenga. cemitério. andrade fº, 2000, Cafundó. conjenga. morte.

vogt; fry, 1996, Cafundó.

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120 Palavra banto em Minas

 conjenga. morto. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 onjembo. umb. sepulcro, sepultura. le guennec; valente, 2010.

conjó, conjô, conjor. Ver onjó.

conjolo. Ver onjó.

conteque. Ver coteque.

copequera. Ver tipequerá.

copiá. Ver copiá(r).

copiá(r)

 copiá(r), cupiá(r). entender. byrd, 2005, Patrocínio. tupiandaca. mentira.

byrd, 2005, Patrocínio. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. copiar.

falar. vogt; fry, 1996, Alfenas. ocupupiá, pupiá. gonçalves, 1995, Jatobá.

copiá. entender. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo;

pupiá-indaca. conversar fiado, falar língua de negro. gonçalves, 1995,

Jatobá.

pupiá-ocundá. gritar. gonçalves, 1995, Jatobá.

pupiá-xiacala. rezar. gonçalves, 1995, Jatobá.

pupiando undaka. falando besteira. olhem que não estou pupiando

undaka. gonçalves, [1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cupópia. voz, som, ronco, conversa, a fala africana do Cafundó e

do antigo Caxambu. andrade fº, 2000, Cafundó. voz, fala, verdade.

cupopiá, cupopiar. falar. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996,

Cafundó. cupopiadô. língua, rádio. andrade fº, 2000, Cafundó.

coçumbadô de cupópia. gravador. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia do arambuá. latido. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia de ingômbi. relincho, mugido. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia da muchinga. espirro. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia do vimbundo. fala africana do Cafundó e do antigo Caxambu.

andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia do orofômbi. língua portuguesa. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia do chipuco. flatulência. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia do adufo e do fole. música. andrade fº, 2000, Cafundó.

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Sônia Queiroz 121

cupópia vavuro. verdade. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupópia do ramunhau. miado. andrade fº, 2000, Cafundó.

cupopiadô e coçumbadô do quilombo. telefone. andrade fº, 2000,

Cafundó.

 cupópia. conversar. lopes, 2003; ferreira, 1997.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okupopia. umb. falar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

falar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

copiar. Ver copiá(r).

corongar

 coito. relação sexual. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okulonda. olun. trepar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

corumbéia

 mulher velha.

,

byrd, 2005, Patrocínio; mulher, dama. vogt; fry, 1996,

Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 curumba. mulher velha. corumba. castro, 2001, Bahia.

corumbéia. velha. lopes, 2003. curumba. mendonça, 1973; senna, 1938.

Ç quilumba. moça virgem (p. ext. moça bonita, formosa). Tão feiosa, o

senhor sempre não poderá ver a monandengue ranhosa, ramelosa que uma

mulher quilumba antes pode ser. vieira, 1987, p. 28-29.

 kilumba. quimb. mulher. maia, 1964; assis jr., [19--].

corvera. Ver kaxicobeira.

coteque

 coteque, oteque. céu, noite. byrd, 2005, Patrocínio. otoque, conteque.

céu; noite. queiroz, 1998, Tabatinga. coteque. noite. vogt; fry, 1996,

Alfenas. oteque. noite, céu, abóbada celeste. vogt; fry, 1996, Milho

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122 Palavra banto em Minas

Verde; hoje. gonçalves, 1995, Belo Horizonte. otê, oteque. Otê... oteque

ouê.../Pade Nosse com Ave Maria, auê.../securo cumetavita, auê. Capitão

João Lopes. lucas, [1990], Jatobá. otequê dia. machado fº, 1943, São

João da Chapada. otecame, otéque. noite. dornas fº, 1938, Itaúna.

ussixê-oteque. meia-noite. gonçalves, 1995, Jatobá.

ocizê-oteke. meia-noite. Só chegou ao último, o 7º, a ocizê-oteke. gonçalves,

[1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 tec. noite. andrade fº, 2000, Cafundó. tequi, otéqui. noite. vogt; fry,

1996, Cafundó.

 coteque, oteque. noite. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 uteke. umb. noite. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. eteke.

umb. dia. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. vokati kuteke. umb.

meia-noite. wilson, 1954.

covera. Ver kaxicobeira.

covicanda

 escrever, conversar. machado fº, 1943, São João da Chapada.

mucanda. carta, papel. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 vicanda. pena de escrever. vogt; fry, 1996, Cafundó. mucanda. livro,

instrução, escrita, leitura, sinal escrito, rastro. andrade fº, 2000,

Cafundó. escrita. vogt; fry, 1996, Cafundó.

tele da mucanda. livro, jornal. andrade fº, 2000, Cafundó.

tenhora da mucanda, tenhora da curima da mucanda. caneta, lápis.

andrade fº, 2000, Cafundó.

 covicanda. escrever. mucanda. carta, papel. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kamikanda. quimb. carteiro; aquele que distribui cartas. assis jr., [19--].

mukanda. quimb. papel. carta. qualquer papel escrito. maia, 1964;

assis jr., [19--]. nkanda. quic. papel. cobe, 2010; maia, 1964. ukanda.

umb. carta. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. omukanda. olun.

carta. okutanga. olun. ler. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

coxito. Ver cuxito.

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Sônia Queiroz 123

cuata

 pegar. Orossimba ô cuatá ô mpuco. O gato pega o rato. Anguê ô cuatá ô

ngambe. A onça pega o boi. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 quatá. pegar, tomar, dar. castro, 2001, Bahia.

 cuata. pegar. lopes, 2003.

Ç bicuata, bikuata. pertences. os quilombos, nem pedra sobre pedra;

e quimbos e sanzalas de esteira e bicuatas nas cabeças, crianças na mão.

vieira, 2006a, p. 96. Levaram muitos escravos, mas a maior parte destes

aproveitou as abertas provocadas pela confusão e deixou donos e bikuatas

sozinhos, fugindo para as terras da rainha Jinga, à busca de proteção e liber-

dade. pepetela, 1999, p. 15. cuata-cuata, kuata-kuata, kwata-kwata.

agarra-amarra. socos, paus e porradas, porrinhadas, as surdas chapadas

das catanas, confusão de unhas no cuata-cuta, jingojis e mucolos, barban-

tes. vieira, 2006a, p. 43. O amigo Vam Dum sabe que por vezes é preciso

fazer uma guerra de kuata-kuata para apanhar escravos, nem todos vêm

pela troca. pepetela, 1999, p. 119-120. Uns tinham morrido, de doença ou

de pequenos combates de kwata-kwata, como dizíamos às investidas para

apanhar escravos. pepetela, 2012, p. 309. cuatar. perseguir. […] tinham

encalhado pouco silencioso pra me cuatarem, o barulho estava de sentinela.

vieira, 2006a, p. 121.

 okukuata. umb. agarrar, pegar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

olun. pegar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. kukuata. quimb.

pegar. maia, 1964; assis jr., [19--].

cubá(r)

 fazer, organizar. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cubá. olhar, medir, discretamente. antunes, 2013.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kubanga. quimb. fazer. maia, 1964; assis jr., [19--].

cubango

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

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124 Palavra banto em Minas

q córrego em Bom Jesus do Amparo e Santo Antônio do Amparo. lima,

2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 topônimo. castro, 2001; senna, 1938; 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kubangu. quimb. corografia. assis jr., [19--].

cucata

 doença. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 doença, doente. castro, 2001, Bahia.

 doença. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kukata. quimb. adoecer, doença. maia, 1964; assis jr., [19--].

cuchipa

 cigarro. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cigarro. lopes, 2003.

Ç caluxiba. cobra chupadora (de ovos). […] no nosso cantinho eu só queria o

brilho dos olhos da selepente-caluxiba espetando agulhas bífidas, o sangue que

bebíamos nos pássaros quentes. vieira, 1987, p. 52. xiba. E velho Bastião, no

segredo de sua barraca, já está a mastigar quimbundos fundos, xiba sua maca-

nha, o vento passa e vem mais frio. vieira, 1974, p. 25.

 kuxiba. quimb. fumar, absorver, chupar. maia, 1964; assis jr., [19--].

okusipa. umb. fumar. le guennec; valente, 2010. olun. fumar cânhamo.

diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

cuciá(r)

 cuciá(r), kukiá(r). acordar, amanhecer. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 124 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 125

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okuka. umb. amanhecer. wilson, 1954. kukia. quimb. amanhecer. maia,

1964; assis jr., [19--].

cudiar. Ver curiá.

cuenda. Ver cuendá(r).

cuendá(r)

 andar. byrd, 2005, Patrocínio. cuenda. [andar] Erê cuenda/oi cuenda

cuenda oi camará. Capitão Ivo Silvério da Rocha. rajão, 2000, Serro.

cuendar. andar. vogt; fry, 1996, Alfenas. uendar. vogt; fry, 1996,

Milho Verde. ocuenda. entrar. uenda. entrar, andar. gonçalves, 1995,

Jatobá. ocundá. ir. gonçalves, 1995, Jatobá. uenda. andar, entrar.

gonçalves, 1995, Jatobá. koendar, kuendar. batinga, 1994, Alto Para-

naíba/Triângulo. cuendê, oenda. Oenda auê, a a!/Ucumbi oenda, auê

a… machado fº, 1943, São João da Chapada.

ocundá-bambi. época de frio. gonçalves, 1995, Jatobá.

ocundá-merê. vamos fazer amor. gonçalves, 1995, Jatobá.

ocunda-tunda. levar. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cuendá, quendá. andar, partir, viajar. castro, 2001, Bahia. cuendá.

chegar, pôr, vir, pegar, ir, gerar, jogar, buscar, fugir, correr, levar,

trazer, andar, etc. indica ação. andrade fº, 2000, Cafundó.

cuendá pra cogenga carunga. falecer. andrade fº, 2000, Cafundó.

 cuendar. andar. lopes, 2003. quendá. topônimo.

,

senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kuenda. quimb. andar, caminhar, viajar. maia, 1964; assis jr., [19--].

okuenda. umb. andar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun. andar.

diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. kwenda. quic. caminhar. cobe,

2010.

cuendar. Ver cuendá(r).

cuendê. Ver cuendá(r).

cuerar

 casar. vogt; fry, 1996, Alfenas.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 125 29/09/2021 13:49

126 Palavra banto em Minas

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cucuerar. casar. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

 cuerar. casar. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okukuela. umb. casar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

kukuela. quimb. casar. maia, 1964; assis jr., [19--]. kwela. quic. casar.

cobe, 2010.

cuete. Ver cueto.

cueto

 dançante (companheiro; pessoa humana). simões, 2014, Milho Verde.

companheiro. byrd, 2005, Patrocínio. cuete. homem. O cuete é tibanga.

O cara é bobo. – pai. – mulher. O cuete injirô pro otro cumbara, dexô a

cuete, os camonim da cuete ficô tudo catito, sem urunanga, sem cureio. O

cara mudô pra otra cidade, dexô a mulhé, os menino da mulhé ficô

tudo pequeno, sem ropa, sem comida. – gente. É, até a ingura dele

onte ficô meia memo reduzida, porque ficô muita cuete sem caxá ingura.

cuetim, cuetitico, cuetitim. menininho. – filhinho. – rapazinho. quei-

roz, 1998, Tabatinga. uacueto, uagueto. ele, homem. vogt; fry, 1996,

Milho Verde. acuêto, ucuêto, vacueto. companheiro. Em amb. ucuêtu

é meu, nosso companheiro; vacuêtu, meus, nossos companheiros. No

dialeto houve esquecimento etimológico dos possessivos e ainda

surgiu a forma acuêto. machado fº, 1943, São João da Chapada.

cuete avura. patrão, homem rico (lit. homem grande). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cuete da ocaia. marido (lit. homem da mulher). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cuete de conjolo de granjão. padre (lit. homem de casa de Deus). queiroz,

1998, Tabatinga.

cuete de curimba. trabalhador (lit. homem de trabalho). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cuete do meu conjolo. pai (lit. homem da minha casa). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cuete meu tata. pai (lit. homem meu genitor). queiroz, 1998, Tabatinga.

cuete ocora. pai (lit. homem velho). queiroz, 1998, Tabatinga.

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Sônia Queiroz 127

cuete sem cuete. mulher solteira (lit. mulher sem homem). queiroz,

1998, Tabatinga.

purru, acoêto. alá companheiros. machado fº, 1943, São João da

Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 acueto. camarada; saudação equivalente a meus camaradas. castro,

2001, Bahia. cueto. companheiro. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

 cueto. companheiro. lopes, 2003.

Ç mukueto. amigo; camarada. Se fosse hoje ia lhe chamar de mukueto, meu

irmão. vieira, 2006a, p. 64.

 akueto. quimb. meus companheiros. assis jr., [19--]. kueto. quimb.

nosso, nossa. maia, 1964; assis jr., [19--]. mukuetu. quimb. compa-

nheiro. maia, 1964. nkuetu. quic. companheiro. maia, 1964. n’kwa.

quic. companheiro. cobe, 2010. ukuetu. umb. companheiro. le guen-

nec; valente, 2010; wilson, 1954.

cuiavo

 rio. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 rio. vogt; fry, 1996, Cafundó.

 rio. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cuica. Ver puita.

cumba. Ver gunga.

cumbaca. Ver cumbara.

cumbara

 cidade. cumbara-nêne. cidade. Cidade, comércio. simões, 2014, Milho

Verde; comércio, cidade. simões, 2014, Espinho. Eu saí lá do injó de

tata/conenga tata no injó de jequê/eu saí lá do cumbara eu é pequenino/

aqui nesse reino do tamain de agúia. Capitão Julio Antônio Filho. rios;

corrêa, 2008, fa*gundes. cumbaca, cumbe. cidade, vila. byrd, 2005,

Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio. kimbo. cidade, vila. byrd,

2005, Patrocínio. kumbara, cumbara. cidade. Vô pu cumbara num tem

tê. nascimento, 2003, São João da Chapada. cumbara, incumbara. O

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128 Palavra banto em Minas

orumo é do cumbara avura. O carro é da cidade grande. queiroz, 1998,

Tabatinga. cumbaraiêto. cidade grande. vogt; fry, 1996, Milho Verde.

kumbaca, kumbara, kunebara. cidade. batinga, 1994, Alto Para-

naíba/Triângulo. combaro. lugar habitado. O tijuco combaro barundo

mutenguê. machado fº, 1943, São João da Chapada. cumbara. cidade,

lugar habitado. dornas fº, 1938, Itaúna.

cumbara de São Pedro. cemitério (lit. cidade de São Pedro). queiroz,

1998, Tabatinga.

cumbara uarrufo. cemitério (lit. cidade brava). queiroz, 1998, Tabatinga.

kumbara maioral. cidade. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

combaro catita. lugar pequeno, comércio, arraial. machado fº, 1943,

São João da Chapada.

combaro uonene. cidade. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cumbara. cidade. castro, 2001, Bahia. ambara. cidade. andrade fº,

2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó. cumbara, umbara. cidade,

povoado. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

ambara nâni. vila. andrade fº, 2000, Cafundó.

ambara vavuro. cidade grande. andrade fº, 2000, Cafundó.

 cumbaca, cumbara. cidade. lopes, 2003.

Ç ambaquizar. rebuscado, retórico. Rio cego, rio lento depois, ambaqui-

zado, pleno de cavalos-dos-rios, eis deixo lhe ir, vai meu Lukala […]. vieira,

2006a, p. 17. quimbo, kimbo. pequena povoação. Um quimbo assim?

Perdido das margens onde que nosso rio é quem trabalha – podia ser? vieira,

2006a, p. 27. Digo-lhe o que sinto! Ora diga-me: vive a mãe com um preto

do quimbo? ribas, 1973, p. 102. Qualquer viajante que chega a um kimbo

da nossa terra tem o direito de participar numa festa. pepetela, 1981, p. 8.

 mbaka, kimbaka. quimb. cidade. maia, 1964; assis jr., [19--]. mbála.

quimb. vila, aldeia. maia, 1964; assis jr., [19--]. ombala. umb. cidade. le

guennec; valente, 2010.

cumbaraiêto. Ver cumbara.

cumbara-nêne. Ver cumbara.

cumbata

 cubata. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 129

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cubata. palhoça, casebre. lopes, 2003; castro, 2001; mendonça, 1973;

soares, 1954; senna, 1938; 1921.

Ç cubata. habitação feita de restos de materiais de construção; barraco,

casebre. Rodearam a cubata de sô Miguel, e, em frente, onde já se aglome-

ravam algumas mulheres com seus monas escondidos nos panos, viram o

homem que fazia esforços para descer de uma carrinha, debaixo das pancadas

de dois cipaios. vieira, [19--], p. 10. Por todos os lados do musseque, os peque-

nos filhos do capim de novembro estavam vestidos com pele de poeira verme-

lha espalhada pelos ventos dos jipes das patrulhas zunindo no meio de ruas

e becos, de cubatas arrumadas à toa. vieira, 2006b, p. 11. Mas ele se meteu

pelo mato, subiu as barrocas a a norte do Kinaxixi […] ergueu a sua primeira

cubata, paredes de barro e tecto de capim, como as dos negros. pepetela,

1999, p. 19. O quintal fechado devia esconder cubatas para os escravos vive-

rem algum tempo e recuperarem forças da extenuante viagem pelo mato.

pepetela, 2012, p. 145. E por detrás dessa massa vegetal, sucediam-se as

sanzalas com suas cubatas de capim, aqui uma, quilómetros adiante outra,

todas enxameadas de gente, exuberantemente revelando movimento e labor.

ribas, 1973, p. 53. A escola era só uma cubata de capim para o professor e,

numa sombra, alguns bancos de pau e uma mesa. pepetela, 1981, p. 16.

Sem Medo avançava à frente dos outros, impaciente por chegar, não pelo

calor da cubata, mas pelo café que o Comissário preparava, sabendo que eles

estavam cansados e friorentos.

,

do CD Congado mineiro, ora expressam “a dor e o cansaço dos carregadores

caminhando léguas a pé entre as serras”, ora “marcam o momento em que,

aproximando-se do cemitério, os companheiros encomendam a alma do

morto, para que possa ganhar com suavidade a terra dos ancestrais”, hoje

só são cantados em ocasiões muito especiais, como no enterro de Antônio

Crispim Veríssimo, mestre de vissungo, integrante do catopê de Milho Verde,

falecido em 2008.

Os vissungos são um tipo de canto responsorial, em que o mestre puxa

o canto e o grupo responde. Geralmente o coro responde repetindo, sem

acréscimo, alguns dos versos cantados pelo solista, não havendo disputa

de quem é melhor – o que o diferencia do desafio do Nordeste, que é uma

disputa entre mestres do canto: um cantador joga versos para o outro, que

tem que dar conta de responder à altura. Os vissungos são cantos para várias

ocasiões: há o canto para saudar o dia, o amanhecer, o nascer do sol; o canto

do meio-dia, que é a hora da alimentação; o canto de multa, que é para abor-

dar um forasteiro que chegou ao trabalho de mineração; o canto do término

do trabalho; e o já mencionado canto de enterro, que recentemente foi objeto

do documentário dirigido por Rodrigo Siqueira, intitulado Terra deu, terra

come, premiado no Rio de Janeiro, no festival É tudo verdade em 2010. Ainda

sobre os vissungos, acompanhamos o trabalho de campo da pesquisadora

Lúcia Valéria do Nascimento (realizado no âmbito de seu mestrado, em 2003,

no Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos da Faculdade de

Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (FALE/UFMG), intitulado

A África no Serro-frio – Vissungos: uma prática social em extinção), e tivemos a

oportunidade de conhecer as comunidades do Baú e Ausente, e verificar a

permanência de alguns elementos culturais de tradição banto.

Realizamos o levantamento dos registros de falares africanos em Minas

Gerais, no âmbito do projeto A árvore da palavra, desenvolvido entre 2011 e

2014. Destacam-se a pesquisa de João Dornas Filho – realizada no povoado

de Catumba, no município de Itaúna, Oeste de Minas, e publicada inicial-

mente na Revista do Arquivo Municipal, de São Paulo, em 1938 – e o trabalho

importantíssimo desenvolvido na região de Diamantina por Aires da Mata

Machado Filho, que registrou 65 cantos, com “letra, música e tradução, ou

antes ‘fundamento’”, dois glossários da “língua banguela” (um extraído dos

cantos e o outro, do falar local), além de oito capítulos de estudo sobre a

cultura afrobrasileira no contexto da mineração de diamantes. Este trabalho,

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Sônia Queiroz 13

publicado inicialmente em capítulos, na mesma Revista do Arquivo Municipal,

de São Paulo, entre 1939 e 1940, foi editado e reeditado em livro – José

Olympio (1943), Civilização Brasileira (1964) e Itatiaia (a partir de 1985) – e

permitiu diversas gravações sonoras, a partir de 1944, e fílmicas, a partir

de 1985.

Na década de 1940, Luiz Heitor Corrêa de Azevedo, contemporâneo

e companheiro de Mário de Andrade na pesquisa etnográfica, com finan-

ciamento da Biblioteca do Congresso Americano, foi pioneiro no registro

sonoro dos cantos de trabalho e de enterro no município de Diamantina (a

mesma região em que pesquisou Aires da Mata Machado Filho), entoados

em “dialeto banguela”, como denominavam ali o falar resultante do contato

de africanos de línguas do grupo banto trazidos para as Minas, prova-

velmente a partir do porto de Benguela, em Angola. Parte desse acervo

(quatro vissungos) foi digitalizada e disponibilizada em 1997, no CD L. H.

Corrêa de Azevedo: music of Ceara and Minas Gerais. Em 1985, foi gravado o

LP O canto dos escravos, por Clementina de Jesus, Doca e Geraldo Filme,

ao qual se seguem, mais tarde, diversas outras gravações em CD. Atual-

mente, com os avanços tecnológicos, o registro digital vem sendo reali-

zado no Sudeste brasileiro com muita qualidade por associações culturais

como Cachuera! e Viola Correa, com o patrocínio do Itaú e da Petrobras

Cultural. Destacam-se também iniciativas isoladas de artistas-pesquisadores,

como Titane e Caxi Rajão. À iniciativa e qualidade do trabalho dos músicos

e etnomusicólogos, e de toda a equipe desses pesquisadores da música

de tradição oral no Brasil, deve-se o registro sonoro (e, em alguns casos,

também escrito e em DVD) dos cantos utilizados nesta pesquisa.

Os exemplos mencionados acima ilustram os raros registros dos fala-

res, contos e cantos de tradição oral banto em Minas. O estudo desses cantos

numa abordagem comparativa, levando em consideração as relações entre

as línguas e outras manifestações culturais africanas, demanda dedicação e

tempo sobre os textos de cá e de lá do Atlântico. O primeiro passo para esse

estudo, no entanto, é a reunião dos falares, dos cantos – música e letra – e

dos contos, em suporte material, o que exige deslocamento e equipamento

para gravação e transcrição. Por isso, reiteramos, as recolhas e gravações já

feitas são de grande valor para o desenvolvimento da pesquisa.

No estágio de pós-doutoramento realizado entre 2007 e 2008 na

UNEB-Salvador, com a supervisão da etnolinguista Dra. Yeda Pessoa de

Castro, pudemos reunir um repertório de mais de 100 contos da tradi-

ção oral dos povos de línguas do grupo banto – especialmente quicongo,

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14 Palavra banto em Minas

quimbundo e umbundo – publicados em língua portuguesa a partir de

recolhas feitas em Angola e em Moçambique; e de outros quase 100 contos

recolhidos na tradição oral de Minas Gerais. O projeto, intitulado Minas

afrodescendente: histórias da tradição banto, tinha como objetivo identificar

histórias trazidas pelos falantes das línguas banto ao Brasil, contribuindo,

assim, para a identificação de uma poética banto na tradição oral de Minas.

Identificamos nesses contos relações transtextuais, ou hipertextuais, que

chamamos de ressonâncias, com base em conceito cunhado por Mikhail

Bakhtin para designar o efeito provocado pela multiplicidade de senti-

dos no encontro de enunciados no fluxo da rede de comunicação verbal.

Segundo Bakhtin, um discurso só se constrói pelo atravessamento de uma

variedade de outros discursos, quando as palavras já são habitadas por

ressonâncias. A esse encontro, Bakhtin deu o nome de ressonância dialógica.

Durante a leitura das coletâneas de contos recolhidos de um e de

outro lado do Atlântico, encontramos em recolhas mineiras alguns contos

que não apresentaram ressonância com os contos africanos no enredo,

mas que contêm no texto palavras de línguas do grupo banto. Trata-se,

portanto, de um outro tipo de relação, não mais entre os textos, mas, sim,

entre as línguas de transmissão dos textos, ou, ainda, entre texto e palavra

(no sentido de ‘vocábulo’ e também no sentido de ‘discurso’, ‘parábola’).

Decidimos, então, continuar investigando, a partir das palavras de

línguas africanas do grupo banto presentes em falares, contos e cantos

registrados no Brasil, o trânsito etnopoético dos textos. Atentando ao

campo semântico e simbólico dessas palavras, ao seu nível de integração

no português brasileiro, o objetivo era refletir sobre o contato etnolinguís-

tico e a preservação de línguas africanas no Brasil, a memória e a competência

simbólica banto evidenciadas em narrativas orais e cantos. Que histórias

nos contam as palavras africanas escolhidas para guardar a memória dos

bacongo, dos ambundo e dos ovimbundo em terras brasileiras? Poderíamos

identificar esse fenômeno de ressonância linguística e hipertextual nas

narrativas orais e nos cantos com recursos etnopoéticos recorrentes na lite-

ratura africana escrita publicada nos últimos anos? Pensar essas ressonân-

cias de caráter linguístico e cultural nos ajuda a entender o quão próximos

somos da África.

A rede de cerca de 129 narrativas levantadas nessa busca foi digitali-

zada e editada em CD-ROM, de modo

,

pepetela, 1982, p. 116. As cubatas – umas de

barro batido e cobertas de colmo, outros totalmente no colmo – dispersavam-se

ao acaso, e algumas, pela acção das intempéries ou dos estragos dos garotos,

mostravam o esqueleto de caniços e tungos. ribas, 1985, p. 61.

 kubata. quimb. casa, palhota. maia, 1964.

cumbatá

 comer. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cumbata. comer. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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130 Palavra banto em Minas

cumbe. Ver cumbi, cumbara.

cumbi

 sol. simões, 2014, Milho Verde. cumba, gumbo. hora, tempo, sol.

byrd, 2005, Patrocínio. cumba, pumba. sol. Ele hoje caxô aqui rompê do

cumba. Ele hoje passô aqui rompê do sol. queiroz, 1998, Tabatinga.

cumba, cumbe. hora, dia, sol. vogt; fry, 1996, Patrocínio. cumbe.

cidade, povoado. sol. vogt; fry, 1996, Milho Verde e Patrocínio.

certa bebida. gonçalves, 1995, Jatobá. ocumbe, ucumbe. sol. vogt;

fry, 1996, Milho Verde. gumbo. dia, hoje. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

kumba. ano, hora. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. kumbo.

ano. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

bacuri de cumba. observar. byrd, 2005, Patrocínio.

cumba ofu. noite (lit. hora escura). byrd, 2005, Patrocínio.

cumba imbuno. noite. byrd, 2005, Patrocínio.

cumba serena. noite. byrd, 2005, Patrocínio.

cumba de indaro. dia. byrd, 2005, Patrocínio.

cumba raiante. lua. byrd, 2005, Patrocínio.

cumba da hora do bambi. lua (lit. sol da hora do frio). queiroz, 1998,

Tabatinga.

cumba do bambi. lua (lit. sol do frio). queiroz, 1998, Tabatinga.

cumba do oteque. lua (lit. sol da noite). queiroz, 1998, Tabatinga.

kumba raiante. dia. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kumba serena. noite. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kumbo oteke. sol se pondo. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kumbo raiante. dia; sol. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

cumbe de otécame. lua (lit. lume da noite). dornas fº, 1938, Itaúna.

cumbe de uanja. sol. dornas fº, 1938, Itaúna.

q cumba. Nomeia localidade em Tupaciguara; córrego em Monte Alegre

de Minas, Santa Vitória e Tupaciguara; córrego em Santa Vitória.

cumbé. Nomeia córrego e povoado em Itaverava. lima, 2012.

 cuba. feiticeiro. – decidido, forte, valente. castro, 2001, Bahia. cúmbi.

sol. andrade fº, 2000, Cafundó. cumbe. sol. vogt; fry, 1996, Cafundó.

cúmbi do tec. lua, estrela. andrade fº, 2000, Cafundó.

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Sônia Queiroz 131

cúmbi mafavico do tec, cúmbi naninho do tec. lua em quarto

minguante, estrela. andrade fº, 2000, Cafundó.

cúmbi vavuro do tec. lua cheia. andrade fº, 2000, Cafundó.

 cumba. hora, tempo. lopes, 2003; raimundo, 1933.

Ç ekumbi. sol. Quem é essa menina tão linda até parece a barba de milho

já pronto a namorar com ekumbi, o sol que é a cor do cabelo dela, também

parecido com a nossa muamba, que é? rui, 2013, p. 48.

 kumbi. quimb. sol. maia, 1964; assis jr., [19--]. dikumbi. quimb. sol.

maia, 1964. rikumbi. quimb. o sol. assis jr., [19--]. ekumbi. umb. sol. le

guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun. sol. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

cumbumbe

 mulher grávida. simões, 2014, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbumbi. quimb. bola, estado ou forma de redondo. assis jr., [19--].

cunxito. Ver cuxito.

cupapara

 festa. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 festa. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cupia

 cupia, cupiá. cabeça. byrd, 2005, Patrocínio. depia. cabeça. batinga,

1994, Alto Paranaíba/Triângulo. cupia. cabeça. vogt; fry, 1996, Patro-

cínio. kupia, kupiá, kupiara. cabeça. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

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132 Palavra banto em Minas

amparo de cupia. chapéu. byrd, 2005, Patrocínio.

tapa kumbe, tampa de kupia. chapéu. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

kupiara axo. bobo. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cupia. cabeça. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cupiá. Ver cupia.

cupiá(r). Ver copiá(r).

cupiara

 mulher do outro. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 mulher alheia. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

cupiaro

 alto da cabeça, cocoruto. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 alto da cabeça. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

curé

 armadilha. Siá Nioka, comadre minha, caiu no curé. gonçalves, [1994].

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 133

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 dança de curé. nome referente a danças, festas, divertimentos em

geral. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okutelela. olun. fazer armadilha. diccionario Portuguez-Olunyaneka,

1896.

curei. Ver cureio.

cureia. Ver cureio.

cureio

 cureio, cureia, curei. comida. Talvez que amanhã eu num vô no curimba

não. Num tem ingura pa comprá curei... Talvez que amanhã eu num

vô no trabalho não. Num tem dinheiro prá comprá comida... quei-

roz, 1998, Tabatinga. curiá. vogt; fry, 1996, Patrocínio. kuria, kuri-

ata. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. kuriata. almoço, arroz.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo

buraco de cureio. boca (lit. buraco de comida). queiroz, 1998, Tabatinga.

caxá cureio. comer (lit. ingerir comida). queiroz, 1998, Tabatinga.

cureio de gombê. pasto (lit. comida de gado). queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç curia. comida. […] trabalho serviço que dá só a cúria. vieira, 1987, p. 40.

 kuria. quimb. comer, comida. assis jr., [19--]. kudiá quimb. comer,

comida. maia, 1964. okulia. umb. comer, comida. le guennec; valente,

2010; wilson, 1954. dya. quic. comer. cobe, 2010. onondia, okuria.

olun. comida. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

curiá

 comer. simões, 2014, Milho Verde. Aqui neste reino curiô com dambi/

eh, dambiojira cafom de vindero ocaia. Capitão Julio Antônio Filho.

rios; corrêa, 2008, fa*gundes. menino. Se tinha muito menino aqui,

eles tratava criança de curiá. pereira, 2005, Arturos. comer. byrd, 2005,

Patrocínio. comer. Abre a porta, meus filin, leite no ub’ro, farinha na cuia

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,

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134 Palavra banto em Minas

pa curiá, oi qui! qccap, 2004. curiá. comer. Precisano fazê cureio, num

tem jeito de curiá, porque num caxa ingura. Precisano fazê comida, num

tem jeito de comê, porque num tem dinhero. – copular. Esse cuete tava

tipurano com uma ocora aí no conjolo da matuaba. Eu falei: cuete, num dá

prá curiá. Ele falô assim: nós rasta pro sengue. Esse cara tava paquerano

com uma mulhé velha aí no bar. Eu falei: cara, num dá pra comê.

Ele falô assim: nós vai. pro mato. queiroz, 1998, Tabatinga. curiar.

comer. beber. vogt; fry, 1996, Alfenas e Milho Verde. comer. vogt; fry,

1996, Patrocínio. cudiar. comer. vogt; fry, 1996, Alfenas. curiá. comer.

dornas fº, 1938, Itaúna. kuriar. comer. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo. kuriatar. almoçar. comer. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

amparo de cúria(r). garfo. byrd, 2005, Patrocínio.

aprumar cúria(r). comer. byrd, 2005, Patrocínio.

amparo de kuriar. garfo. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cuniá. comer. cudiá. castro, 2001, Bahia. cunuar. beber. vogt; fry,

1996, Cafundó. curiar. comer. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

 curiar. comer. lopes, 2003; mendonça, 1973; soares, 1954; laytano,

1936; raimundo, 1933.

Ç curia. comida. […] trabalho serviço que dá só a cúria. vieira, 1987, p. 40.

 kuria. quimb. comer, comida. assis jr., [19--]. kudiá. quimb. comer,

comida. maia, 1964. okulia. umb. comer, comida. le guennec; valente,

2010; wilson, 1954. dya. quic. comer. cobe, 2010. okuria. olun. comer.

diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

curiá. Ver cureio.

curiacuca

cozinheiro; de curiar, comer (do amb. kuria, comer) e cuca, mulher

velha e feia (do amb. kuku, avô ou avó, feminizado no português em

cuca). Com licença do curiacuca. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cozinheira; a encarregada da comida ritual. castro, 2001, Bahia.

 cozinheiro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

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Sônia Queiroz 135

 kuria. quimb. comer, comida. assis jr., [19--]. kudiá. quimb. comer,

comida. maia, 1964. okulia. umb. comer, comida. le guennec; valente,

2010; wilson, 1954. dya. quic. comer. cobe, 2010. wa kuka, ma kuka.

umb. velho. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. kukuka. quimb.

estar caduco. velhice. assis jr., [19--]. okuria. olun. comer. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

curiandamba

 velho. Com licença do curiandamba. machado fº, 1943, São João da

Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ukulu wendamba. umb. homem de idade avançada. le guennec;

valente, 2010.

curiar. Ver curiá.

curima

 trabalho. byrd, 2005, Patrocínio. curimba, curimbo, curima, curimo.

trabalho, ato de trabalhar. Padrim, ela é ruim de curimba. nossa! só sabe

bebê aver. Padrim, ela é ruim de trabalho, só sabe bebê leite. – local

de trabalho. Então, a hora que nós chegô no curimo, né? As ocaia: cadê a

camberela? Cadê o conviconve? Então a hora que nós chegô no traba-

lho, né? As mulhé: cadê a carne? Cadê o pão? – produto do trabalho.

– terra. Pitô conjema, injirô pro cumbara uarrujo, cachô curima em cima.

Morreu, foi pro cemitério, jogô terra em cima. [...] Esse curimbo meu

tem que entregá hoje. [...] Esse trabalho meu tem que entregá hoje.

– pedra. queiroz, 1998, Tabatinga. curima. serviço. Iô vou oendá pu

curima auê. machado fº, 1943, São João da Chapada. Trabalho. dornas

fº, 1938, Itaúna. kurima. trabalho. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

caxá o curimba. trabalhar (lit. realizar o trabalho). – correr (lit. levantar

a poeira). queiroz, 1998, Tabatinga.

kurima oxapo. desempregado. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 135 29/09/2021 13:49

136 Palavra banto em Minas

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 curimá. trabalhar. castro, 2001, Bahia. curima. trabalho, atividade.

andrade fº, 2000, Cafundó.

tenhora do curima do túri. arado, enxada. andrade fº, 2000, Cafundó.

 curimã. trabalho. lopes, 2003.

Ç curimba. topônimo. Agora, sô Montero, ouve bem. Quando a gente estava

passar na barra do Curimba, o comandante mandô detar uma garrafa de

vinho-porto. ribas, 1973, p. 92.

 okulima. umb. lavrar a terra. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

kurima. quimb. lavrar a terra, capinar. maia, 1964; assis jr., [19--].

okuringa. olun. trabalhar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

curimá(r)

 trabalhar. byrd, 2005, Patrocínio. curimá. [trabalhar]. Oia eu vim lá de

Angola/eu vim aqui curimá/ah, eu vim do calunga/eu vim aqui trabucá.

Capitã Pedrina de Lourdes Santos. titane, 1999, Oliveira. curimbá,

curimá. trabalhar. Óia, gente, eu preciso curimbá um poquinho, porque

esse curimbo meu tem que entregá hoje. Óia, gente, eu preciso trabalhá

um poquinho, porque esse trabalho meu tem que entregá hoje. quei-

roz, 1998, Tabatinga. curimar. trabalhar, rezar. vogt; fry, 1996, Patro-

cínio; dançar. vogt; fry, 1996, Alfenas. kurimar. trabalhar. batinga,

1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 curimá. trabalhar. castro, 2001, Bahia. curimá. trabalhar, fazer,

produzir, preparar. andrade fº, 2000, Cafundó. curimar. trabalhar,

rezar. vogt; fry, 1996, Cafundó e Mogi das cruzes.

curima da mucanda. livro. andrade fº, 2000, Cafundó.

curima de Jambi. festa religiosa. andrade fº, 2000, Cafundó.

curima do adufo e do fole. música. andrade fº, 2000, Cafundó.

curima do nangá do adufo. música. andrade fº, 2000, Cafundó.

curima do palulé. futebol, dança. andrade f° 2000, Cafundó.

curima do palulé do pelotão. futebol. andrade fº, 2000, Cafundó.

curima do palulé da picópia do nangá do adufo. dança. andrade fº,

2000, Cafundó.

 curimar. trabalhar. lopes, 2003. culimar. lavrar a terra. ferreira, 1997.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

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Sônia Queiroz 137

 okulima. umb. lavrar a terra. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

kurima. quimb. lavrar a terra, capinar. maia, 1964; assis jr., [19--]. okur-

inga. olun. trabalhar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

curimá, curimar. Ver curimá(r).

curimba, curimbá. Ver curima.

curimbadô

 trabalhador. Os cuete imbanje da ocaia [...] é tudo curimbadô, curimba

avura. Os cara irmão da mulhé é tudo trabalhadô, trabalha muito.

queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 curimá. trabalhar. castro, 2001, Bahia. curimadô. trabalhador, instru-

mento. andrade fº, 2000, Cafundó.

curimadô de cuendá o variá curimado no túri. carro de boi, carroça.

andrade fº, 2000, Cafundó.

curimadô do cambererá do vavá. pescador. andrade fº, 2000, Cafundó.

curimadô do bicuanga do túri do injó. pedreiro. andrade fº, 2000,

Cafundó.

curimadô do ingômbi do andarau. motorista, mecânico. andrade fº,

2000, Cafundó.

curimadô do maiêmbi que cuípa caxapura. médico. andrade fº, 2000,

Cafundó.

curimadô do nhoto. coração. andrade fº, 2000, Cafundó.

curimadô do palulé do pelotão. futebolista. andrade fº, 2000, Cafundó.

curimadô do turí. lavrador. andrade fº, 2000, Cafundó.

curimadô do variá. fogão. andrade fº, 2000, Cafundó.

 curimar. trabalhar. lopes, 2003. culimar. lavrar a terra. ferreira, 1997.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okulima. umb. lavrar a terra. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

kurima. quimb. lavrar a terra, capinar. maia, 1964; assis jr., [19--].

okuringa. olun. trabalhar. diccionario Portuguez-Olunyaneka,

,

1896.

curimbar. Ver curimá(r).

curimbo. Ver curima.

curimo. Ver curima.

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138 Palavra banto em Minas

curirá(r)

 chorar. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 uadilá. chorar. castro, 2001, Bahia. cúria. chorar. andrade fº, 2000,

Cafundó. curirar. chorar. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996,

Cafundó. curira. choro. andrade fº, 2000, Cafundó.

 curirar. chorar. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okulila. umb. chorar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

chorar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. kurila. quimb.

chorar. assis jr., [19--]. kudila. quimb. choro. maia, 1964. dila. quic.

chorar. cobe, 2010.

cuséca. Ver cuzeca(r).

cusecar. Ver cuzeca(r).

cusucanar. Ver cassucará(r).

cutá

 cutá. orelha. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada em registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 orelha. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

 orelha. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kutu. quic. orelha. cobe, 2010; maia, 1964. okutui. olun. orelha. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

cuvéra

 dor. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cuvera. doença. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okuvela. umb. doença. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. yela.

quic. doença. cobe, 2010. ouvera. olun. doença. diccionario Portu-

guez-Olunyaneka, 1896.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 138 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 139

cuxito

 cuxito, cunxito. porco. simões, 2014, Milho Verde. coxito. pequeno.

– raça de porcos pequenos. simões, 2014, Espinho. machado fº, 1943,

São João da Chapada.

q catitu. Nomeia córrego em Uberaba e Veríssimo. catito. Nomeia

fazenda em Araguari. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 catito. rato pequeno. castro, 2001; ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kaxitu. quimb. animalzinho. assis jr., [19--]. ci tito umb. pequeno. le

guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

cuzeca

 sono, cansaço. byrd, 2005, Patrocínio. sono. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

kozeca. cama. sono. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

amparo de cuzeca. cama. byrd, 2005, Patrocínio.

amparo de kozeca. cama. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

ponte kozeca. cama. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 sono. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kuzeca. quimb. dormir. assis jr., [19--]. quimb. sono. maia, 1964.

cuzeca(r)

 dormir. byrd, 2005, Patrocínio. cusecar. dormir. vogt; fry, 1996, Patro-

cínio; kuzecar. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. cuséca.

dornas f°, 1938, Itaúna.

aprumar cuzeca. dormir. byrd, 2005, Patrocínio.

cuséca mutimbe. vamos dormir na cama. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cuzeca. sono. lopes, 2003.

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140 Palavra banto em Minas

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kuzeca. quimb. dormir. assis jr., [19--]. quimb. sono. maia, 1964.

D

dambi. Ver bambi.

dambiojira

[?] Aqui neste reino curiô com dambi/eh, dambiojira cafom de vindero ocaia.

Capitão Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 dã. (kwa) cobra. – vodum representado por uma cobra píton, sagrada

no Daomé. Nomes: Dambê, Dambira, Dambuê, Soboadã. Nome iniciá-

tico: Dambi, Danvice. jira. oração, reza, o ato de louvar as divindades

em congo-angola. – sessão de umbanda. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo. Ver bambi, jira.

dandara

 dandara, dandará. criança. byrd, 2005, Patrocínio. dandarazim.

criancinha. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo. andarau, dandarau. vogt; fry, 1996, Patrocínio. dandará,

nanará. filho, menino. vogt; fry, 1996, Patrocínio. dandará, dandara.

criança. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. dandara, nananrá.

menino. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

dandara santo. recém-nascido. byrd, 2005, Patrocínio. criança de peito.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

dandara ofu. criança negra. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 dandará. filho, menino. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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Sônia Queiroz 141

dandará. Ver dandara.

dandarau. Ver dandara.

dendê

 segredo. O padre entende do rosário dele, tem o seu dendê, o seu segredo.

pereira, 2005.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 bruxaria, magia negra, coisa-feita. diz-se de moça assanhada, espe-

vitada. castro, 2001, Bahia.

 palmeira (Elaesis Guineensis) ou o fruto da palmeira. óleo vermelho

comestível obtido da palmeira dendê. lopes, 2003; ferreira, 1975;

mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; 1921; raimundo, 1933.

Ç dendém. fruto. A anó sabe que eu já estive em Salvador, no Brasil, três dias a

viver num terreiro […]. Vatapá e acarajé, gostosuras, comidas com óleo dendém

e uma fruta máxima, jabuticaba. rui, 2013, p. 75. Acolá, cestos de castanhas de

caju, mangas, dendéns, feijão verde e seco, jinjilu, cacussos, missolos, bagres e

mais e mais coisas. xitu, 2011, p. 88. Os dendéns já não têm o mesmo gosto e

nem produzem o óleo como antigamente. xitu, 1984, p. 44-45.

 ndênde. quimb. fruto da palmeira, de que se extrai o óleo de palma

assis jr., [19--].

denga

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em São Pedro dos Ferros. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 dengo, dengue. choradeira, birra, manha. – o filho mais mimado.

lopes, 2003; castro, 2001; mendonça, 1973; senna, 1938; raimundo,

1933.

Ç dengue. carinho, dengo. E ela queria se sorrir seu dengue-dêndem mas o

quipanzéu ainda estava lá, na cama. vieira, 1987, p. 46. Nos meus tempos,

sim, os homens babavam-se por mim. Hoje sou um cangalho… - deprecia-

va-se, mas dengosa. ribas, 1985, p. 49.

 ndenge. quimb. criança. maia, 1964; assis jr., [19--].

dengosa

 certa bebida. gonçalves, 1995, Jatobá.

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142 Palavra banto em Minas

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 nome para cachaça. castro, 2001, Bahia.

 cachaça. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ndênde. quimb. fruto da palmeira, de que se extrai o óleo de palma

assis jr., [19--]. Ver denga.

depia. Ver cupia.

dombe

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q localidade e córrego em Carandaí. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 topônimo. senna, 1938; 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ndómbe. quimb. povoação e sede do posto civ. do mesmo nome,

cone, distrito e província de Benguela. assis jr., [19--].

dondó

,

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q serra em Alpinópolis. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ndondo. quimb. a vila do Dondo. assis jr., [19--].

dumbo. Ver jambu.

dunga

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q dunga josé. Nomeia fazenda em Viçosa. lima, 2012.

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Sônia Queiroz 143

 homem valente, corajoso; chefe, maioral; o dois de paus em jogo de

carta, que também pode ser chamado de gunga. castro, 2001, Bahia.

 topônimo. – um dos sete anões do conto de Branca de Neve. –

homem valente, importante. castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça,

1973; senna, 1938; 1921; campos, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ndunge. quimb. inteligente. maia, 1964; assis jr., [19--]. olondunge.

umb. inteligência. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. nduka.

quic. inteligência, esperteza. cobe, 2010. onondunge. olun. juízo.

diccionario Portuguez-Olunyaneka Nyaneka, 1896.

dungundar

 falar. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 falar. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ngunga. quimb. pessoa que fala muito e não sabe guardar segredo,

falador. assis jr., [19--].

duque

 inseto. byrd, 2005, Patrocínio. tambor. vogt; fry, 1996, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 inseto. andrade fº, 2000, Cafundó.

duque do êmio. abelha. andrade fº, 2000, Cafundó.

duque do nâni do sêngui que cuenda no injó de Alá. borboleta.

andrade fº, 2000, Cafundó.

 tambor. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 duku. quic. tambor. maia, 1964.

E

embuá. Ver ambuá.

embuete

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144 Palavra banto em Minas

 embuete, imbuele, imbuete. madeira, árvore. byrd, 2005, Patrocínio.

imbuete. árvore. – madeira. –lenha. Aí, ó, orongome caxano imbuete.

Aí, ó, cavalo carregano lenha. – pau, vara. Cê caxa o imbuete nele, eu

caxo o imbuete na ocaia. Cê mete o pau nele, eu meto o pau na mulhé.

– pênis. Eu caxo o imbuete avura na ocaia ocora. Eu meto o pinto duro

na mulhé velha. imbuetão. pênis grande. Lá tem cada cuete avura,

com imbuetão! Lá tem cada cara bonito, com pintão! imbuetim. pênis

pequeno. queiroz, 1998, Tabatinga. embuete. pau, porrete, madeira.

vogt; fry, 1996, Patrocínio. imbuele. pau, madeira, árvore. vogt;

fry, 1996, Patrocínio. umbuetê. pau, lenha. gonçalves, 1995, Jatobá.

imbute. porrete. kimbete. pênis. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo;

imbuete de indaro. fósforo. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 imbiti. cassetete, pau. andrade fº, 2000, Cafundó.

imbitizinho do andaru. vela, fósforo. andrade fº, 2000, Cafundó.

 embuete. pau. lopes, 2003. kimbete. certa dança de origem africana.

ferreira, 1975.

Ç mbubetete. instrumento musical. Seis homens estavam em volta de uma

fogueira, sob um telheiro que servia de lugar de serão. Dos seis, um velho

careca (de tronco nu), luzidio, e que trazia cingido à cintura um cobertor,

cujas pontas estavam metidas por entre as pernas, deixando desnudadas as

coxas à mercê do calor da lareira, feria de olhos fechados e com uma habili-

dade as pontas do mbuetete, prateadas, pelo uso. xitu, 2011, p. 68.

 ombueti. umb. bengala. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

embwala. umb. testículo. le guennec; valente, 2010. ombuti. umb.

madeira, cacete. le guennec; valente, 2010. mbueti. quimb. bengala,

cacete. maia, 1964. n’ti. quic. árvore, madeira, pau. cobe, 2010. omuti.

olun. pau, árvore, madeira. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

endaro

 moinho. byrd, 2005, Patrocínio. engenho. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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Sônia Queiroz 145

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

engarona

 égua. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ngolo. quimb. zebra maia, 1964; assis jr., [19--]. ongolo. umb. zebra.

le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun. zebra. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

engere

 defunto. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

engolo

 engolo, engoro. burro. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 145 29/09/2021 13:49

146 Palavra banto em Minas

 ngolo. quimb. zebra. maia, 1964; assis jr., [19--]. ongolo. umb. zebra. le

guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun. zebra. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

engoro. Ver engolo.

engonhá(r)

 enrolar, ganhar tempo. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 inganga. umb. enrolar repetidas vezes. le guennec; valente, 2010.

enjo. Ver onjó.

etá

 pênis. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 pênis. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

eucatito. Ver catito.

exoa

 bobo. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nzwa. quic. bobalhão. cobe, 2010. kioua. quimb. parvo, tolo. maia, 1964;

assis jr., [19--]. zowa, zoua. quic. tolo, bobo. cobe, 2010; maia, 1964.

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Sônia Queiroz 147

F

faim

 faca. enxada. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio;

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. paim. enxada. byrd, 2005,

Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

faim de senjo. foice. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

,

faim de senjo maioral. facão. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 faca. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

farofa

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q localidade em Antônio Carlos; córrego em Igarapé, Jaboticatubas,

São Joaquim de Bicas; serra em Igarapé, Jaboticatubas; fazenda em

Santa Vitória. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 comida feita de farinha de mandioca ou de milho. – fanfarronice;

coisa sem valor. lopes, 2003; ferreira, 1975; silveira, 1975d; beaurepaire-

-rohan, 1956; teixeira, 1946; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 falofa. quimb. farinha de mandioca molhada em água. assis jr., [19--].

fimba

 mergulho, nadar. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

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148 Palavra banto em Minas

Ç Fimba (dar…), fimbar. mergulho; mergulhar. Demos encontro com o

mar e as fimbas, anémonas no fundo e vimos o brilho da escama da garou-

pa-das-pedras silencioso na cara de nossos olhos, debaixo d’água. vieira,

1987, p. 54-55. Ensinando-os a fimbar, nadar de costas, a nadar de lado e

mais outras possibilidades. xitu, 1984, p. 54.

 fimba. quimb. mergulho. maia, 1964; assis jr., [19--]. nfimbu. quic.

mergulhar. cobe, 2010.

frize

machado. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 machado. vogt; fry, 1996, Cafundó.

 machado. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

fuá

 bagunça. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 folia, algazarra. castro, 2001, Bahia.

 desconfiado. – dente seco. – topônimo. lopes, 2003; senna, 1938;

laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 fufu. quimb. confusão. maia, 1964; assis jr., [19--]. Ver mafuá.

fubá

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Buritizeiro, Ibirité, Jacutinga e Santa Rita de Jacutinga;

fazenda em Carangola e Jacutinga; rio em Miraí; localidade em

Viçosa. lima, 2012.

 espécie de doce de amendoim, farinha e açúcar pulverizado. – pó,

película finíssima, esbranquiçada, que se desprende da pele ao coçar-

-se ou quando a arranham. castro, 2001, Bahia.

 farinha de milho ou arroz. – paçoca. – pó fino e esbranquiçado que se

sai da pele ao coçar-se ou arranhar-se. – diz-se do gado de pelo ruço.

– fig. polvorosa. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça,

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Sônia Queiroz 149

1973; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; teixeira, 1946; senna,

1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç fuba. farinha. Todos os meninos do musseque fabricavam suas máscaras

de papelão e arrumavam a fuba uns nos outros. vieira, 2003, p. 102. Mas

depois quero aprender a maneira de o pano ficar entre as pernas quando se

está a pisar fuba ou a cavar com aquela enxada. —Etemo. Vou mandar fazer

só para ti. E um pau de pisar a fuma nas nossas pedras. —Fuba é osema.

—Aprendeste quando? — Não sei. Acho que a palavra me veio à fala agora,

automaticamente. rui, 2013, p. 81. Do leite, até então utilizado na prepa-

ração do gúndi, ou seja, fermentado em cabaças para ser tomado com ita – a

coadjuvante massa cozida de fuba – reservou uma boa parte para o fabrico

de manteiga e queijos, que depois mandava vender na vila. ribas, 1973, p.

109. As quindas de fuba que ele ajudava a produzir, o peixe que ele pescava

no Kuando, o mel que tirava dos cortiços? pepetela, 1981, p. 15. Comprem

também feijão de qualquer qualidade e macunde. Comprem também fubá de

bombó e de milho. ribas, 1985, p. 67. Certo dia, a Saki não acompanhou os

pais à lavra. Ficou a pisar milho e fazer fuba, como recomendara a mãe, velha

Mbamba. xitu, 1984, p. 84.

 fuba ia masa. quimb. farinha. maia, 1964; assis jr., [19--]. nfuba. quic.

farinha. cobe, 2010; maia, 1964.

fundanga

 pólvora. O bicho-homem descarregou chumbo e fundanga na cacunda

do elefante que saiu urrando de dor, espanto e medo. gonçalves, [1994],

Jatobá.

fundanga de capecere. peido fedido. simões, 2014, Milho Verde.

q Nomeia córrego em Santa Rita do Itueto; Fazenda em Aimorés; e

localidade em Mantena. lima, 2012.

 fuganga. pólvora. castro, 2001.Bahia. cundanga. espingarda.

andrade fº, 2000, Cafundó. vogt; fry, 1996, Cafundó.

 fundanga. pólvora. lopes, 2003; ferreira, 1997.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 fundanga. quimb. pólvora. assis jr., [19--]. funda. quimb. pólvora.

maia, 1964. ofundanga. umb. pólvora. le guennec; valente, 2010;

wilson, 1954. ofundanga. olun. pólvora. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

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150 Palavra banto em Minas

fuzuê

 confusão. A mata viveu o maior fuzuê de gritaria, piados e urros. gonçal-

ves, [1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 algazarra, barulho, confusão. castro, 2001. Bahia.

 festa; confusão. antunes, 2013; lopes, 2003; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 funza. quimb. algazarra. maia, 1964. kunfuzá. quimb. confusão. maia,

1964; assis jr., [19--].

G

gadanha

 mão. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

gafanhaque. Ver cafanhaque.

gâmbia

 perna. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 topônimo. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

gâmbiá(r)

 andar. byrd, 2005, Patrocínio. gambiar. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 151

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

gana. Ver ganga.

gananzambe. Ver gananzambi.

gananzambi

 gananzambi, ingananzambi. deus. simões, 2014, Milho Verde. jambi.

santo. gananzambe. pai. byrd, 2005, Patrocínio. inganazambe, tanga-

nazambe, t’anzandoiola. deus. Que é primero com tanganazambe. Ê

pade nosso cum ave maria seguru o camera qui t’anzandoiola. nascimento,

2003, São João da Chapada. tanazambê. Padre Nosso com Ave Maria/

securo camera que tanazambê/tanazambê, ê/tanazambê, ah/bamba jambê,

ah/bamba jambê, ah. Capitão Ivo Silvério da Rocha. dias, 2001, Serro.

inganazambe. deus. pereira; gomes, 2000, Arturos. granjão, garanjão,

garanjame. deus. padre. A ocaia foi tipurã o cassucaro no granjão. A

mulhé foi casá

,

no padre. queiroz, 1998, Tabatinga. vangueopungo.

Vangueopungo é quem me criô, o vangue. Capitão Ivo Silvério da Rocha.

rajão, 2000, Serro. zambi. deus. Abá cuna zambi pala oso/aiabá cuiama

cana abá apaninjé/ê ê aruê, aruê, aruê/ê ê aruê, aruê, aruê. Capitã Pedrina de

Lourdes Santos. titane, 1999, Oliveira. santo. vogt; fry, 1996, Alfenas.

deus. Duro cum bambi/dipupi aiovê,auê.../ê duro cum zambi/dipupu aiovê/

zambi dimanga zambi no jira tingô auê... Capitão João Lopes. lucas,

[1990], Jatobá. Ô indamba angananzambi punga auê.../duro cum bambi/

dipupi aiovê,auê.../ê duro cum zambi/dipupu aiovê. Capitão João Lopes.

lucas, [1990], Jatobá. gananzambe. padre. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

zâmbi, zambiapungo. deus criador. gonçalves, 1995, Jatobá. nzambi.

deus criador. O assunto do dia era: qual das criaturas feitas por Nzambi

era a mais valente e temida. nzambiapungo. deus criador. Porém, era

um acontecimento muito especial feito por Nzambiapungo, sendo então

um tabu, sujeito a penas severas se não cumprisse o ritual. gonçalves,

[1994], Jatobá. anganaiovê, angana-nzambi, angananzambê, angana-

zambê-opungo, ganazambi, nganazambi, angana-zambi-opungo,

zambiopungo, anzambe, anzambi, anzambê. machado fº, 1943, São

João da Chapada.

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152 Palavra banto em Minas

gananzambe que te aquatiça (tiaquatiça). deus que ajude. simões, 2014,

Milho Verde.

coroa de granjão. abacaxi. (lit. coroa de Deus). queiroz, 1998, Tabatinga.

levá pro granjão de viru. matar (lit. levar para o Deus de defunto).

queiroz, 1998, Tabatinga.

iganazambe tiquatita. deus que ajude. nascimento, 2003, São João da

Chapada.

anganazambi punga, inganazamba punga. deus. Ê inganazamba punga

auê.../auê, auê, ô... /ô indamba anganazambi punga auê... Capitão João

Lopes. lucas, [1990], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 zambi, inzambi. deus supremo. gangazambi, ganganzambi, inga-

nazambi, angananzambi, angananzambi-opungo, ganganzambi.

deus, ser Supremo. castro, 2001, Bahia. jambi. deus, santo. andrade

fº, 2000, Cafundó. ingananzambe. deus, santo. vogt; fry, 1996,

Cafundó.

jambi vimbundo. São Benedito. andrade fº, 2000, Cafundó.

 zambi. deus. – chefe. – topônimo. lopes, 2003; ferreira, 1975;

mendonça, 1973; bastide, 1971; soares, 1954; senna, 1921, 1938.

Ç nzambi, nzumbi. Acreditava portanto mais em certas forças que lhe deram

a conhecer os jagas em criança, como Nzambi ou Kalunga, ou nos seres miste-

riosos habitando os rios e os lagos, como as ituta ou yanda ou até em poderes

especiais do vento, das nuvens, da chuva, ou das falas dos cágados e do poder

dos antepassados, espíritos escondidos nas montanhas e nas árvores mais

altas. pepetela, 2012, p. 127. Não, não, ti Afonso. Eu não quero! O Nzumbi

iaâ-dia (A divindade que matara) papá e comeu mamã, agora vai vir, e a

gente ainda está esperar maio qu’é?. xitu, 2011, p. 114. Quando mudará isto?

Oh, Nzambi, quando mudará isto? pepetela, 1982, p. 68. Kahitu aprendeu

somente a gatinhar e a rastejar: kikata kia Nzambi! Mas o que Deus lhe tinha

tirado na locomoção das pernas, aumentara-lhe nos ombros, peito e cérebro.

xitu, 1984, p. 35. cazumbi. divindade. Sim, foi comida, pelo cazumbi que

comeu o pai, que comeu os filho da Tita, que comeu a mãe!. xitu, 2011, p. 118.

E terei de ser eu a impor-me, sendo mais corajoso que ninguém. E Nzambi

sabe como tenho medo!. pepetela, 1982, p. 258.

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Sônia Queiroz 153

 nzambi, ngana, ngana-nzambi, nzambi-pungu. quimb. deus. maia,

1964; assis jr., [19--]. nzambi. quic. deus. cobe, 2010; maia, 1964. ngãla

njambi. umb. deus. le guennec; valente, 2010.

ganazambi. Ver gananzambi.

ganga

 chefe, dono. byrd, 2005, Patrocínio. arunganga. negro que sabe os

mistérios do Congado. ziriganga, zirigunga. qualidade de alguém

que sabe muito; capitão zirigunga é aquele que domina o canto e as

suas funções do Congado; o mesmo que ziriganga. pereira; gomes,

2000, Arturos. gana. [senhor, senhora]. Acuacã aia gana/araracolê/arare-

colá/acuacê. Capitã Pedrina de Lourdes Santos. titane, 1999, Oliveira.

angana. senhor, senhora. Angana musambê/angana lubambu/oncó

uteleze/ oncó ocolofé. Capitã Pedrina de Lourdes Santos. titane, 1999,

Oliveira. inganga. padre. queiroz, 1998, Tabatinga. ganga. parte de

Exu, lado de lá. vogt; fry, 1996, Patrocínio. ganga, gonga. soldado.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. manganá, ongana. senhora.

gonçalves, 1995, Jatobá. angana, nganga, uganga. no país de origem

significava feiticeiro, curandeiro, sacerdote. oronganga. soldado.

machado fº, 1943, São João da Chapada. unganga. sacerdote, padre,

feiticeiro. dornas fº, 1938, Itaúna.

nego véio de ingunga. lembrança dos antepassados e dos seus locais de

origem; o mesmo que nego véio de Ringunga, nego véio de

Lungunga, nego véio de Lugamba. Observe-se que foneticamente

esses vocábulos se ligam à toponímia do continente africano, a

nomes de cidades como Luanda e Lubango, em Angola. pereira;

gomes, 2000, Arturos.

angana-mussambê. Senhora do Rosário. gonçalves, 1995, Jatobá.

angana-bere. mãe solteira. gonçalves, 1995, Jatobá.

angana-fureque. prostituta. gonçalves, 1995, Jatobá.

angana-nete. mulher virgem. gonçalves, 1995, Jatobá.

angana-yambi. sacerdote do congado. gonçalves, 1995, Jatobá.

nganga-kuka. sacerdote idoso. Espantado com a beleza do céu, custou a

responder a pergunta do Nganga-kuka de nome São Pedro. gonçalves,

[1994], Jatobá.

angana-iangue. patrão, dono de serviço. Contém o elemento angana,

senhor, como Angananzambi. machado fº, 1943, São João da Chapada.

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154 Palavra banto em Minas

overá undaca de unganga. rezar. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ganga. chefe; ocultista, vidente, sacerdote. – nome de Bambojira.

angana. (pejorativo) patrão. – (arcaico) senhora, mulher do senhor,

tratamento que era usado pelos escravos. castro, 2001, Bahia.

 ganga. chefe; sacerdote. – peça de vestuário. – tipo de tecido. lopes,

2003; castro, 2001; ferreira, 1975; bastide, 1971; senna, 1938. angana.

a filha mais velha. – denominação familiar dos pais às filhas. lopes,

2003; soares, 1954; senna, 1938.

Ç nga. senhora. Nga Xixi levantou os olhos cheios de lágrimas do fumo de

lenha molhada. vieira, 1982, p. 13. Avó-Maria era uma das mais antigas

nga-muhatus, progenitora de gerações e gerações de benguelenses consi-

derados no seu meio. santos, 1991, p. 48. ngana. senhora; senhor. Se

entregasse, lhe fugasse, como é eu ia ser eu, eu mesmo, aquele que era para

mim, o mim d’amigo, o amigo morando comigo mesmo, eme Ngana, eme

muene, quando chegasse um antigamente de mais tarde, na vida? vieira,

2006a, p. 57-58. E que desrespeito, cantam e assobiam atrevidamente os

hinos da Missão, mesmo quando estão a tomar banho nas águas de Ngana

Kasadi! xitu, 1984, p. 45. bessangana. mulher de respeito. Segundo

Vieira, vem da expressão com que se saudava: Besá, Ngana, isto é:

A sua benção, senhora!. E a conversa saía outra vez para nga xica, agora

magrinha e feia, bessangana bonita como era nos seus tempos de rebitas e

massembas. vieira, 2003, p. 68. Nesses dias de chuva, quando a batucada

das águas no zinco punha tudo igual dentro da cabeça e tinha que ficar

quieto […].vieira, 2003, p. 94.

 besá. cumprimento; saudação. assis jr., [19--]. onganga. umb. bruxa,

feiticeiro. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun. feiticeiro.

diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. ongala, ngala. umb.

tratamento respeitoso. le guennec; valente, 2010. ñala. umb. senhor.

wilson, 1954. nganga. quimb. sacerdote; profeta; que tem ou revela

grande saber; doutor, mestre. maia, 1964; assis jr., [19--]. ngana. quimb

senhor, homem casado, patrão, chefe, mestre. ngana ia muhatu.

quimb. senhora. maia, 1964. nganga a mpandu.

,

quic. bruxa, feiticeiro.

nganga a Nzambi. quic. sacerdote. cobe, 2010.

ganja. Ver canjá.

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Sônia Queiroz 155

ganzipa(r)

 copular. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 copular. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

ganzipe

 pênis. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio; batinga, 1994,

Alto Paranaíba/Triângulo. gonzipe. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 pênis. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

gatuvira

 café. byrd, 2005, Patrocínio. cajuvira. Cê tipura o cajuvira? Cê toma café?

cafuvira, cavuvira. preto. o oranjê da ocaia é cafuvira. o cabelo da mulhé

é preto. e o cavuvira catito ali, ó. ele é tibanga, o cavuvira catito ali? e o

pretinho ali, ó. ele é bobo, o pretinho ali? queiroz, 1998, Tabatinga.

gatuvira. vogt; fry, 1996, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo. katuvira. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. tiuvira,

kiuvira. dornas fº, 1938, Itaúna.

amparo de katuvira. xícara. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 gatuvira. café. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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156 Palavra banto em Minas

granjão, garanjão, garanjame. Ver gananzambi.

gimba

cigarro. Oia tico-tico subiu no coquero/quando desceu me desceu a cavalo/

eh, levou minha gimba. Capitão Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008,

fa*gundes. cigarro. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

gira. Ver ongira.

gomba

 casado. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 gomba. casado. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

gombê. Ver ongombe.

goná(r)

 dormir. byrd, 2005, Patrocínio. gonar. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 gonar. dormir. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kona. quic. roncar. cobe, 2010.

gonar. Ver goná(r).

gonga. Ver ganga.

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Sônia Queiroz 157

gonga

 [instrumento musical]. Ê zambi ... ei, minha gonga é de nhá pai/essa

gonga é de nhá vô, ai/ê zambi... dias, 2001, Arturos.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 gongá. santuário, templo congo-angola, geralmente ao ar-livre, em

espaço aberto. castro, 2001, Bahia.

 gongá. sabiá. – pequena cesta com tampa. ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ngonga. quimb. instrumento músico de uma só corda. assis jr., [19--].

gongo

 sino. Chora, chora congo, ê parente/Chora, gongo, chora. nascimento,

2003, São João da Chapada.

gongo teia. sino. simões, 2014, Milho Verde.

q Nomeia fazenda em Amparo da Serra e Lima Duarte; córrego e loca-

lidade em Ervália. lima, 2012.

 sino. castro, 2001, Bahia.

 sino. – topônimo. lopes, 2003; teixeira, 1946; senna, 1938; 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ongunga. umb. sino. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

sino. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. ngunga. quimb. qual-

quer instrumento sonoro. sino. maia, 1964; assis jr., [19--]. ngunga.

quic. sino. cobe, 2010.

guandu

 jacaré. O Senhor Doutor Guandu foi logo dando a sua opinião. gonçalves,

[1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 gandu. jacaré. Topônimo, nome de município na Bahia. castro, 2001,

Bahia.

 guandu. jacaré. ferreira, 1975.

Ç ngandu. jacaré. Referido e comentado o lance de Caísso, agora alcunhada de

“Camba dia Ngandu” (amiga do jacaré) efervesceram lembranças doutras

desgraças, primeiro de jacarés, depois de cobras […]. ribas, 1973, p. 36.

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158 Palavra banto em Minas

 ongandu. umb. jacaré. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

jacaré. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. ngandu. quimb.

crocodilo; jacaré. maia, 1964; assis jr., [19--]. quic. jacaré. cobe, 2010.

guandu. Ver indu.

guembê. Ver jambé.

guiné

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Diamantina, Juruaia e Santa Rosa da Serra; fazenda e lagoa

em São Roque de Minas; ribeirão em Monte Sião; córrego e serra em

Diamantina e Juruaia; morro em Campos Altos. lima, 2012.

guiné de baixo. Nomeia fazenda em Monte Sião. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 erva utilizada como diurético e para afastar espíritos maléficos. –

topônimo. castro, 2001; ferreira, 1975; senna, 1938; 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

gumbo. Ver cumbi.

gunga

 gunga, cumba. sino. simões, 2014, Milho Verde. gunga. instrumento

de percussão feito de latas com furinhos e enchimento de sem*ntes

usado pelos dançarinos nas pernas na festa do Rosário. Eu mexeu

na gunga/coração doeu/gunga de meu pai/meu coração doeu. Capitão Julio

Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes. sino. byrd, 2005, Patro-

cínio. Ô, vô firmá a minha gunga/pro terrero serená/vamo firmá nossa

ingoma/ô, pra nossa festa começá. Capitão Dirceu Ferreira Sérgio. dias,

2001, Justinópolis. latinhas com esferas de chumbo em seu interior

e que são amarradas aos tornozelos dos dançantes da guarda de

Moçambique; campanha; sinete usado durante o cativeiro, preso ao

tornozelo dos escravos, pra denunciar-lhes as fugas. pereira; gomes,

2000, Arturos. sino, guiso. vogt; fry, 1996, Milho Verde.

angunga-chique. chique de vime que atam nas pernas para a dança.

dornas fº, 1938, Itaúna.

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Sônia Queiroz 159

marrá gunga. advertência; canto tirado para alguém que está com as

gungas nas mãos: ele deve amarrá-las nas pernas e entrar na dança,

pois ela foram feitas para trabalhar. pereira; gomes, 2000, Arturos.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 berimbau médio, geralmente acompanhado do contra-gunga;

também é instrumento consagrado a Sultão da(s) Mata(s) e usado

apenas durante as festas cerimoniais. – hom*ossexual. – ladrão.

castro, 2001, Bahia.

 sino. – chefe. – alguns jogos. – berimbau. – topônimo. lopes, 2003;

ferreira, 1975; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ongunga. umb. sino. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

sino. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. ngunga. quimb. qual-

quer instrumento sonoro.

,

sino. maia, 1964; assis jr., [19--]. ngunga.

quic. sino. cobe, 2010.

gungunar

 resmungar. simões, 2014, Espinho; machado fº, 1943, São João da

Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 gungunar. conversar com o santo. castro, 2001, Bahia.

 gungunar. resmungar, roncar, rezingar. lopes, 2003; castro, 2001;

senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kungunguma. quimb. soltar sons uniformes; ressoar; retumbar. assis jr.,

[19--]. ngonga. quimb. resmungar. maia, 1964. umb. resmungar. le guen-

nec; valente, 2010. ngunguna. umb. resmonear; falar entre os dentes.

maia, 1964. umb. resmungar. le guennec; valente, 2010.

gurió

 pai. byrd, 2005, Patrocínio. padre. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

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160 Palavra banto em Minas

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nguri. quimb. pai. maia, 1964; assis jr., [19--].

I

iauê

 iauê, ouê, auê. Oia cacumbê iauê/oia cacumbê iauê/oia cacumbê iauê/iaqué

casabá oaú.../canaú é devera é /canaú é devera é. Capitão Jair Teodoro de

Siqueira. dias, 2002, Matição. [?] Otê... oteque ouê.../Pade Nosse com

Ave Maria, auê.../securo cumetavita, auê/ê inganazamba punga auê.../auê,

auê, ô... Capitão João Lopes. lucas, [1990], Jatobá. aiuê. frequente nos

cantos, ao final dos versos, muitas vezes com sentido melancólico.

Pade Nosse com Ave Maria, auê.../securo cumetavita, auê/ê inganazamba

punga auê.../auê, auê, ô... Capitão João Lopes. lucas, [1990], Jatobá. [?]

Aiuê, congo verá, á. machado fº, 1943, São João da Chapada.

aue-ué. expresão exclamativa. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 auê. saudação em queto equivalente a meu camarada. – saudação

precedida de com licença, muito frequente nas cantigas de caboc(l)o

e congo-angola, uma espécie de refrão, a exemplo de cum licença auê,

cum licença auê, cum licença de Zambiapongo, cum licença auê. – confu-

são, tumulto. castro, 2001, Bahia.

 auê. saudação. senna, 1938. aiuê. interjeição de alegria zombeteira,

de gracejo. ferreira, 1975; soares, 1954.

Ç aiué, iaué. exclamação de tristeza ou de espanto. […] escravo não tem

sentimento, aiué, e tenho de estar atendo ao meu dono, só dormir quando ele

dorme, no resto seguir seus gestos, suas palavras, suas emoções, seus vazios

também, para isso foram buscar à terra de Jinga Mbandi. pepetela, 1999,

p. 23. […] ouviu as vozes dela e dos irmão e dos amigos brincando a se

darem de pinos no rio, o barulho dos pilões a bater, a voz tranquila das

mulheres trabalhando, os homens conversando no njango sobre o tempo e as

lavras, até de repente o ar explodir em gritos e flechadas, correrias e lamen-

tos de aiué, mamaué, os jagas, os jagas […]. pepetela, 2012, p. 206. Aiué,

boa música! Bom disco! xitu, 2011, p. 38. Aiuê, a minha filha! Quê mesmo

lhe vão fazer esses quifumbes? ribas, 1973, p. 46. Aiué, Sr. Joaquim, que nos

deixou para sempre. ribas, 1985, p. 109. Mataram. Havia outros. Kassange

também. Aiué Kassange! As casas estavam vazias. santos, 1991, p. 84.

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Sônia Queiroz 161

 aiuê! exclamação de tristeza ou de espanto. Ao descer da carroça-

ria, caiu de frente no areal, e as mães, chegando mais os filhos, murmu-

ravam só: – Aiuê!… vieira, [19--], p. 10. aiué! manifestação de dor

ou desespero. […] os homens conversando no njango sobre o tempo e

as lavras, até de repente o ar explodir em gritos e flechadas, correrias e

lamentos de aiué, mamaué, os jagas, os jagas[…]. pepetela, 2012,

p. 206. aiué. quimb. ai!. maia, 1964. aiué. quimb. oh! maia, 1964. aiuê.

quimb. interjeição de dor. assis jr., [19--].

imassano. Ver massangue.

imbanda. Ver quimbanda.

imbangue. Ver imbanje.

imbanje

 imbanje, imbangue. irmão. Os cuete imbanje da ocaia tamém é tudo

curimbadô, curimba avura. Os cara irmão da mulhé tamém é tudo

trabalhadô, trabalha muito. queiroz, 1998, Tabatinga. manganjê.

irmão, amigo. gonçalves, 1995, Jatobá. manjangue. irmão. machado

fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 manjangue. irmão. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

manji ulume. umb. irmão. wilson, 1954. manje. le guennec; valente,

2010. irmão. le guennec; valente, 2010. mbangi. quic. irmão mais

velho. cobe, 2010; maia, 1964. pange. quimb. irmão. maia, 1964.

imbanjeco

 imbanjeco, imbanjeque, banjeco. – qualquer instrumento musical:

violão, sanfona, tambor, etc. – toca-disco. – gravador. É, esse imbanjeco

num vai dá pra tipurá não. É, esse gravadô num vai dá pra funcioná

não. queiroz, 1998, Tabatinga.

imbanjeco de imbuete. violão (lit. instrumento musical de madeira).

queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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162 Palavra banto em Minas

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 njimba. quimb. instrumento musical. maia, 1964; assis jr., [19--].

imbanjeque. Ver imbanjeco.

imbenje

 imbenje, imbinje. carne. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç mbiji. peixes. Etu, mininu, tua akua ngene a Zanga. Tuandala ngo

uembu ni kilunji. Se ua-tu-songe ni inda ietu ia mbiji bu mutue,

ku-tu-lenge. Etu muene tuovuolo minina Manana. Mu-di-bano kiambote.

Nós, menino, somos gente da Ilha. Esperamos de si apenas bondade

e respeito. Se calhar encontrar-no com os nossos cestos de peixe na

cabeça, não nos fuja. Somos nós que “nascemos” a Manana. xitu,

2011, p. 57-58. Tu vais trocar um rapaz da tua sanzala com um mutambi

a mbinji (pescador)?. xitu, 1984, p. 67.

 ombisi. umb. peixe. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. mbiji.

quimb. peixe. maia, 1964; assis jr., [19--]. mbiji ia futa. quimb. carne.

ubiji kiá fúa. quic. carne. maia, 1964. mbizi. quic. carne. cobe, 2010.

imbera. Ver umbera.

imbere. Ver imberela.

imberela

 imberela, camberera. carne. byrd, 2005, Patrocínio. camberela,

camberelo, timbere, timberéia. – carne. E se o cuete quisé uma cambe-

rela pra curiá? E se o cara quisé uma carne pra comê? – corpo. Cambe-

rela tudo no cumba. O corpo todo no sol. cambereluda. carnuda,

gorda, (mulher) boa; pop. boazuda. Ocê é tibanga, hein? Aquela ocaia

cambereluda queria tipurá cena com cê e cê num quis, hein? Ocê é bobo,

hein? Aquela boazuda queria transá com cê e cê num quis, hein?

queiroz, 1998, Tabatinga. camberéra. carne. vogt; fry, 1996. Alfe-

nas; dornas fº, 1938, Itaúna. imberela. caça, carne. vogt; fry, 1996,

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Sônia Queiroz 163

Patrocínio. imberela. carne. peixe. imbere. comida. batinga, 1994,

Alto Paranaíba/Triângulo.

imberela de omenha. peixe. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

camberela de omenha. carne de peixe (lit. carne de água). queiroz,

1998, Tabatinga.

camberela de sengue. carne de caça (lit. carne de mato). queiroz, 1998,

Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cambererá. caça, carne. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry,

,

1996,

Cafundó. fruto. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

cambererá do vava. peixe. andrade fº, 2000, Cafundó.

 camberera. Em umbundo, ombelela é qualquer conduto, isto é, tudo

o que se costuma comer com o pirão, inclusive a carne. lopes, 2003.

Ç ombelela. umb. mistura. Não sou esquisita nos condutos desde que o pirão

seja de boa fuba e bem batido mas ombelela que gosto mais é do tortulho

kenda, carne seca, lossacas e quiabos. rui, 2013, p. 155

 ombelela. umb. mistura, acompanhamento. cantos africanos em

umbundo, 2008. carne ou qualquer outro alimento que serve para

dar gosto à comida. sanders; fay, 1885.

imbiá

 cigarro. simões, 2014, Espinho; queiroz, 1998, Tabatinga. ombia.

gonçalves, 1995, Jatobá. ombiá. machado fº, 1943, São João da

Chapada. cambía. fumo, tabaco. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 ombia. cigarro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

imbinje. Ver imbenje.

imbuá. Ver ambuá.

imbuca. Ver imbuta.

imbuele. Ver embuete.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 163 29/09/2021 13:49

164 Palavra banto em Minas

imbuete. Ver embuete.

imbune. Ver imbuno.

imbuno

 escuro. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triân-

gulo. imbune. homem negro. preto. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 negro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

imbuta

 imbuta, imbuca. cobra. – linguiça. – pênis. queiroz, 1998, Tabatinga.

m’buta. cobra. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 quimbuta. uma grande cobra venenosa. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ombuta. umb. víbora. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

cobra grande. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. mbuta.

quimb. víbora. maia, 1964.

imbute. Ver embuete.

inama. Ver quinhama.

incaca

 tatu. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 tatu. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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Sônia Queiroz 165

incumbara. Ver cumbara.

indaca

 manha. pereira; gomes, 2000, Arturos. undaca. asneira. língua de

negro de senzala. gonçalves, 1995, Jatobá.

overá undaca no cachico utura. sonhar. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 boca, língua; maldição, intriga. discussão, bate-boca; intriga, mexe-

rico, f*ckico; (precedido de ter) diz-se de alguém que gosta de falar

da vida alheia, linguarudo. castro, 2001, Bahia.

 discussão. – confusão, barulho, tumulto. undaca. língua. lopes, 2003

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ndaka. quimb. obscenidades, indecências. injúrias. maia, 1964; assis jr.,

[19--]. nduka. quic. manha. cobe, 2010. ondaka. umb. fala. le guennec;

valente, 2010. olun. palavra. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

indamba. Ver andambe.

indame. Ver andambe.

indarumin

 lua. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

indiequê. Ver jequê.

indu

 feijão. queiroz, 1998, Tabatinga.

q guandu. Nomeia ribeirão em Santo Antônio do Monte; localidade

em São José do Jacuri; fazenda em Conceição dos Pedros. lima, 2012.

 ande. feijão. – comida de Cavungo e Omulu, feijão fradinho com

dendê em consistência de purê, cozido por quatro aiabás, do lado

de fora do terre(i)ro. anderê. castro, 2001, Bahia.

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166 Palavra banto em Minas

 andu. sem*nte do anduzeiro. antunes, 2013. indu. topônimo. – fruta do

guandeiro (Cytisus Cajanus). lopes, 2003; castro, 2001; mendonça, 1973;

beaurepaire-rohan, 1956; laytano, 1936; raimundo, 1933; senna, 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 uandu, wandu. quic. ervilha. cobe, 2010; maia, 1964. kitande. quimb

feijão; purê de feijão. maia, 1964; assis jr., [19--].

inene. Ver uoneme.

inganazambe. Ver gananzambi.

inganga. Ver ganga.

ingerê. Ver tiporê.

ingimbo. Ver injimbe.

ingom(o). Ver ongombe.

ingoma

 tambor. Ê conengô com tata lá no injó de jequê/aqui nesse reino no injó

de jequê/o timbojira cafom de vindero/no injó de jequê ingoma. Capi-

tão Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes. Mandei lá na

Angola buscar minha pai/buscar minha pai, buscar minha pai, oia lá/eu canto

meu ponto, meu pai vai chegar/me chora ingoma. Capitão Julio Antônio

Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes. Eh jombin, me chora, ingoma/ê

mamãe, meu pai vai chegar, meu pai vai chegar. Capitão Julio Antônio

Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes. Oi, ingoma, óia lá. pereira, 2005,

Arturos. nagoma. byrd, 2005, Patrocínio. ingoma. Sá Rainha, no dia

de hoje/ingoma chegô viajô/veio pra te visitá no seu palácio te encontrô/

chora ingoma iá. dias, 2001, Jatobá. Ô, vô firmá a minha gunga/pro terreo

serená/vamo firmá nossa bingoma/ô, pra nossa festa começá. Capitão

Dirceu Ferreira Sérgio. dias, 2001, Justinópolis. grupo de dançantes

do Congado; referência ou chamado aos componentes da guarda

de Moçambique; o conjunto da herança recebida dos antepassados;

diz-se ingoma – vocativo – quando todo canto está bonito. pereira;

gomes, 2000, Arturos. angoma. gonçalves, 1995, Jatobá.

ingoma casaca. revólver. nascimento, 2003, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 engoma, ingoma, zingoma. tambor cilíndrico, de uma face, usado

nas cerimônias congo-angola. castro, 2001, Bahia.

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Sônia Queiroz 167

 grande tambor de uma só membrana, usado nos candomblés bantos

(angolas e congo) e também em certas danças folclóricas (bambelôs,

cocos, jongos, etc.). lopes, 2003. ingomba, ingome, ingono. tambor.

ferreira, 1997.

Ç ngoma. tambor. Afinaram sua ngoma, e na dicanza Xico fez maravilhas

de ritmo ‘só pra chatear’, como ele falou. vieira, [19--], p. 87. O rítimo era

apenas marcado pelas palmas e dois ngomas, a melodia feita pelas vozes.

pepetela, 1999, p. 107. O caduque executava-se ao ar livre, sob a toada

de ngoma, dicanza e uma lta, vibrada com duas baquetas grosseiras. ribas,

1985, p. 44.

 ngoma. quimb. tambor. maia, 1964; assis jr., [19--]. ngoma. quic. tambor.

cobe, 2010. ongoma. umb. tambor (termo genérico). le guennec; valente,

2010. olun. tambor. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

ingombe. Ver ongombe.

ingome. Ver ongombe.

ingomo. Ver ongombe.

ingonga

 [?]. ingonga é cora! pereira, 2005.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç gonga. Compre um galo encarnado de cinco dedos: é para a gonga (amuleto

dedicdado a Gonga, deusa da harmonia conjugal). ribas, 1985, p. 67.

 ngonga.

,

quimb. instrumento musical. maia, 1964; assis jr., [19--].

ingora, ingoro. Ver ongoró.

ingrime

 bêbado, dente, dentadura. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ingrimá. ficar bêbado. ingrimado. bêbado. andrade fº, 2000,

Cafundó. ingrime. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996,

Cafundó.

 ingrime. bêbado. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

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168 Palavra banto em Minas

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

ingrino. Ver zingrim.

ingrive. Ver zingrim.

ingura

 dinheiro. Depois te caxo ingura. se a ingura num vié, a ocaia te caxa.

Depois te dô o dinheiro. se o dinhero num vié, a mulhé te paga.

ingurazinha. dinheirinho. Ma lá no conjolo das ingura tem... Caxa uma

ingurazinha lá. Ma lá no banco tem... Tem um dinheirinho lá. queiroz,

1998, Tabatinga. ungura. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 ungura. dinheiro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ongula. umb. cobre. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

inhame

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Alpercata, Capim Branco, Cristiano Otoni, Divinópolis,

Entre Rios de Minas, Estiva, Faria Lemos, Governador Valadares,

Iguatama, Jequeri, Liberdade, Nova Serrana, Passa-Tempo, Piüi,

Santana do Deserto, Santana de Pirapama, Serrania, Sete Lagoas e

Tocos do Moji; fazenda em Araguari, Areado, Camacho, Campos

Gerais, Cristiano Otoni, Cruzeiro da Fortaleza, Doresópolis, Ferros,

Iguatama, Itapecirica, Liberdade, Piüi, Poço Fundo e Santana de

Pirapama; localidade em Antônio Dias, Divinópolis e Nova Serrana;

e ribeirão em Itapecirica. lima, 2012.

grota do inhame. Nomeia localidade em Itamarati de Minas. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 tubérculo. – pessoa ou coisa sem graça. – topônimo. lopes, 2003;

ferreira, 1997; mendonça, 1973; soares, 1954; senna, 1938; 1921;

laytano, 1936.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 168 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 169

inharra

 cobra. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Milho Verde. nhorrã.

cobra. machado fº, 1943, São João da Chapada. inhofa. cobra. dornas

fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 inharra. cobra. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 onhoha, onyoha. umb. cobra. le guennec; valente, 2010; wilson,

1954. onyoka. olun. cobra. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

nhoka, kinhoka. quimb. cobra. maia, 1964; assis jr., [19--]. nioka,

nyoka. quic. cobra. cobe, 2010; maia, 1964.

inhofa. Ver inharra.

inhoto

 osso. nhoto. magro, fino. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 inhoto. osso. vogt; fry, 1996, Cafundó. nhoto. corpo, osso. andrade

fº, 2000, Cafundó. magro, duro. vogt; fry, 1996, Cafundó.

coçumbadô do nhoto. fotógrafo, filmadora, máquina fotográfica.

andrade fº, 2000, Cafundó.

coçumbadô e cupopiadô da caméria e do nhoto. televisão. andrade

fº, 2000, Cafundó.

 nhoto. magro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

injara

 pênis. caxá injara na cuxipa do ocaio. metê o pinto na boceta da mulhé.

queiroz, 1998, Tabatinga.

injara mitomo. barriga (lit. ?). queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 169 29/09/2021 13:49

170 Palavra banto em Minas

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nja, inja. quimb. pênis. maia, 1964; assis jr., [19--].

injara

 fome. vogt; fry, 1996, Alfenas; machado fº, 1943, São João da

Chapada. onjala, nixala. fome. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 injara, injala, zala. fome. castro, 2001, Bahia. anjara, izala. desejo,

vontade, fome. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

anjara do vava. sede. andrade fº, 2000, Cafundó.

 injara. fome. lopes, 2003.

Ç zala. fome. E os irmãozinhos ratos de capim enchiam a mala zala deles,

cresciam à sombra das macutas empernada. vieira, 1987, p. 73.

 onjala. umb. fome. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. nzala.

quimb. fome. maia, 1964; assis jr., [19--]. nzala. quic. fome. cobe, 2010.

ondyala. olun. fome. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

injeque. Ver canjica.

injequê. Ver jequê.

injeré

 nervoso. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

injimbe

 dinheiro. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio. jibungo,

jimbango, jimbo. dinheiro. gonçalves, 1995, Jatobá. ingimbo.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

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Sônia Queiroz 171

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 jibungo, jimbungo, jimbongo. dinheiro, bens, riqueza. jimbo.

búzios da costa, dinheiro. – elefante. castro, 2001, Bahia.

 injimbe. dinheiro. lopes, 2003. jimbo, jimbongo. ferreira, 1975;

senna, 1938.

Ç nzimbo, zimbo. dinheiro. Havia mais movimento na ilha, território do

rei do Kongo, onde se recolhia o nzimbo, a principal moeda, que se apresen-

tava sob a forma de conchas muito pequenas. pepetela, 2012, p. 30. Língua

extensa, de altos coqueiros, ainda representava, tal como na época em que

dependera do reino do Congo, grandioso erário: pela apanha dos zimbos, os

naturais faziam circular os búzios como moeda. ribas, 1985, p. 24.

 nzimbu. quic. dinheiro. cobe, 2010. njimbu. quic. dinheiro. maia, 1964.

jimbongo. quimb. bens. maia, 1964; assis jr., [19--]. olombongo. umb.

dinheiro. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. mbongo. quimb.

dinheiro. ombongo. olun. dinheiro. diccionario Portuguez-Olunyaneka,

1896. jimbende. quimb. dinheiro miúdo. maia, 1964; assis jr., [19--].

injirá

 injirá, girá. caminhar, ir embora. simões, 2014, Milho Verde. girá.

caminhar. simões, 2014, Espinho. injirá. ir, andar, correr, sair, cres-

cer, etc., funciona como um verbo passe-partout cujo sentido se define

pelo contexto, verbal ou situacional. Injira que os cuete avura envêm.

Corre que lá vêm os home. Vão injirá com a ocaia? Dá pa injirá com a

ocaia? Num caxa corvera não? Vão sair com a mulhé? Dá pa transá

com ela? Num pega doença não? Seu cambém já injirô já? Seu copo

já esvazio? Por isso que o imbanjeco num qué injirá, viu? Por isso que o

gravado num qué funciona, viu?. Dinha injira oruma muito bem, viu?

Dinha dirige carro muito bem, viu? queiroz, 1998, Tabatinga. ongirar,

manjirar. andar, girar, ir embora. vogt; fry, 1996, Alfenas. majira.

andar, girar vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 unjira. caminho, rua. – nome de Bambojira. castro, 2001, Bahia.

 manjira, ongira. caminho. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

,

a facilitar outros trabalhos. A pesquisa

produziu ainda livros-objetos, transcriações a partir da leitura comparada

dos contos ressonantes. Os livros-objetos foram expostos em 2008, em Belo

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 14 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 15

Horizonte, na Faculdade de Educação da UFMG, dentro da programação

do Jogo do Livro, e na Serra do Cipó, no seminário Da Cópia ao Canto,

organizado pelo núcleo de pesquisa Literaterras, da Faculdade de Letras

da mesma universidade.

A frente de pesquisa do vocabulário banto em todo o território de

Minas teve início em 2005, com o projeto de iniciação científica da estudante

Amanda Sônia Lopez de Oliveira, a partir de dados colhidos por mim na

pesquisa de campo e na pesquisa bibliográfica realizadas em torno da língua

da Tabatinga. Com a minha orientação, Amanda compilou os vocabulários

de origem africana resultantes de recolhas realizadas em Minas Gerais, em

comunidades negras caracterizadas como núcleos de resistência cultural

(comunidades quilombolas). A compilação foi publicada inicialmente em

2006 pelas Edições Viva Voz, da Faculdade de Letras da UFMG, com o título

Palavra africana em Minas Gerais.

Realizamos em seguida trabalho de identificação dos prováveis étimos

umbundo, quimbundo e quicongo dos vocábulos constantes dessa compi-

lação, bem como a ampliação do vocabulário, com a incorporação dos vocá-

bulos de provável origem africana presentes nos contos orais, nos cantos do

Reinado de N. S. do Rosário, e na toponímia mineira – estes levantados por

Emanoela Cristina Lima, que desenvolveu em seu mestrado na Faculdade

de Letras da UFMG pesquisa sobre a toponímia de origem africana no terri-

tório de Minas Gerais, intitulada A toponímia africana em Minas Gerais. Para

a ampliação do acervo de contos em muito contribuiu a pesquisa de douto-

ramento Do canto da voz ao batuque da letra: a presença africana em narrativas

orais inscritas no Brasil, de Josiley Souza, que identificou as ressonâncias

entre contos da tradição oral de Angola, Moçambique e Brasil, ampliando

e aprofundando a pesquisa anterior, já mencionada, desenvolvida por nós

no âmbito de Minas Gerais.

Destaca-se também a pesquisa de doutorado Vissungo: o cantar banto

nas Américas, realizada na Faculdade de Educação da UFMG por Andrea

Adour, com a minha coorientação, que buscou, através de estudo dos

primeiros registros escritos e fonográficos das músicas de raiz africana nas

Américas, distinguir os elementos musicais relacionados à presença das

culturas banto no Brasil e nos Estados Unidos.

Como parte dos resultados de nossas pesquisas, três títulos foram publi-

cados pelas Edições Viva Voz: a coletânea Vissungos: cantos afrodescendentes

em Minas Gerais, organizada por mim e Neide Freitas Sampaio, lançada em

2015, e já em terceira edição revista e ampliada, reúne estudos sobre os cantos

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16 Palavra banto em Minas

de tradição banto remanescentes em Minas no século XX e XXI; o audio-

livro Vissungos no Rosário: cantos da tradição banto em Minas, organizado por

mim, lançado em 2016, e também já em terceira edição revista e ampliada,

reúne cantos que ainda guardam traços das línguas e culturas dos africanos

trazidos para o trabalho forçado nas minas de ouro e pedras preciosas no

século XVIII e, ao final, apresenta um glossário; e o audiolivroVissungos e

a MPB: a palavra africana em canções de compositores mineiros, organizado por

Andrea Adour, lançado em 2017, registra a presença de palavras africanas no

contexto da música popular brasileira.

A elaboração deste glossário passou por três momentos. No primeiro

momento, foi realizada a compilação dos vocabulários afrobrasileiros

recolhidos em Minas por diferentes pesquisadores. Em seguida à primeira

formulação dos verbetes, buscamos os registros das palavras na lexicografia

brasileira: registros de “africanismos” em dicionários e glossários do portu-

guês falado no Brasil. Num terceiro momento, buscamos em dicionários

de línguas africanas do grupo banto – prioritariamente as três já identifi-

cadas como predominantes no Brasil: quimbundo, quicongo e umbundo –

os prováveis étimos dos vocábulos constantes da compilação. Finalmente,

buscamos ocorrências dos vocábulos que integram este glossário na lite-

ratura angolana escrita a partir da segunda metade do século XX, pelos

seguintes autores: Óscar Ribas, Uanhenga Xitu, Luandino Vieira, Pepetela,

Manuel Rui e Ondjaki. A partir da terceira etapa do trabalho, contamos com

a colaboração de Neide Freitas Sampaio, que atuou na pesquisa de étimos

e de ocorrências em obras da literatura angolana que contemplam o contato

entre a língua portuguesa e línguas do grupo banto e que, em sua pesquisa

de mestrado, orientada por mim, intitulada Por uma poética da voz africana:

transculturações em romances e contos africanos e afro-brasileiros, buscou ocor-

rências dos vocábulos em toda a obra literária de Luandino Vieira.

Nossa compilação resultou em um total de 761 vocábulos de origem

banto. A maior parte foi identificada em falares, seguida pelos nomes de

lugares e, em menor número, as palavras de origem banto permanecem

nos contos orais e nos cantares, que estiveram no dia a dia dos negros e

hoje se restringem aos contextos rituais. Dos 12 campos lexicais identifica-

dos, predominam palavras relacionadas à natureza, seguidas por pessoas

e relações, alimentação e corpo, como já havíamos verificado em nossa

primeira pesquisa, com a língua da Tabatinga. Em menor número, encon-

tram-se palavras relacionadas a utensílios, festas, profissões e religiosidade.

Uma minoria se refere a fala e escrita, doença e morte, e vestuário.

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Sônia Queiroz 17

Com a elaboração deste glossário buscamos realizar uma arqueologia

do contato entre línguas africanas do grupo banto e a língua portuguesa no

Brasil. Apresentamos agora na forma de livro o resultado da garimpagem:

Palavra banto em Minas.

Sônia Queiroz

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Nota da autora

No glossário que se segue buscou-se uma

forma simples, uma vez que se pretende que a

consulta possa abrir possibilidades interpretativas

para o leitor. Para muitas palavras foram encon-

tradas diversas ocorrências, que foram anotadas

com suas respectivas referências (autor e data).

As ocorrências estão separadas em seis blocos:

no primeiro, assinalado com um triângulo  ,

estão as palavras encontradas em vocabulários

compilados por pesquisadores que buscaram

registrar os falares africanos remanescentes em

Minas Gerais no século xx; no segundo, assina-

lado com um triângulo invertido q, os nomes de

lugares em Minas Gerais; no terceiro bloco, sina-

lizado por um losango , estão as ocorrências em

pesquisas de campo realizadas em outras regiões

do Brasil; no quarto, sinalizado por um quadrado

, as ocorrências encontradas em dicionários do

português brasileiro e em glossários de livros

sobre a presença dos africanos no Brasil, especifi-

camente interessados no que se costuma chamar

de “africanismo”; no quinto, assinalado com uma

seta Ç, estão os usos desses vocábulos na litera-

tura angolana; e em sexto, assinalado com um

círculo , estão os étimos prováveis, identificados

em dicionários de três línguas africanas do grupo

banto que predominaram no Brasil: umbundo,

quimbundo e quicongo.

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22 Palavra banto em Minas

A abertura de verbetes neste glossário partiu da compilação realizada

em colaboração com a estudante Amanda Sônia López de Oliveira, publi-

cada pelas Edições Viva Voz, com o título Palavra africana em Minas Gerais.

Também

,

 onjila. umb. caminho. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. njila.

quimb. caminho. maia, 1964; assis jr., [19--]. nzila. quic. caminho, rua.

cobe, 2010; maia, 1964. ondyila. olun. caminho. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

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172 Palavra banto em Minas

injira. Ver ongira.

injiro. Ver ongira.

injó. Ver onjó.

inzonêra

 falsa. Numa inchumfra não Siá, deixe de ser inzonêra, isto aqui é território

dos grandes. gonçalves, [1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos do Brasil.

 inzoneira. falsa. lopes, 2003. inzona. tristeza, intriga. lopes, 2003;

soares, 1954.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kinzona. quimb. sentimento. mágoa. desgosto. maia, 1964; assis jr.,

[19--].

iove

 eu. vogt; fry, 1996, Milho Verde. iovê. ele. gonçalves, 1995, Jatobá.

aiovê. [?] Ô indamba angananzambi punga auê.../duro cum bambi/dipupi

aiovê,auê.../ê duro cum zambi/dipupu aiovê. Capitão João Lopes. lucas,

[1990], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 eu. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 cove. umb. meu, teu. eye. umb. ele. wilson, 1954.

iovê. Ver iove.

iputaviputa. Ver viputi.

isipaco. Ver ovipaco.

itaco. Ver mataco.

J

jabaculê

 enganar o outro. gonçalves, 1995, Jatobá.

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Sônia Queiroz 173

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 gorjeta, dinheiro. castro, 2001, Bahia.

 gorjeta, dinheiro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kubakula. quimb. tributar. bakule. quimb. dado em tributo. maia,

1964; assis jr., [19--]. vakula. quic. tributar. maia, 1964. okukembe-

leya. olun. enganar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

jacuba

 farinha de mandioca com garapa ou café. simões, 2014, Milho Verde.

água com farinha de mandioca e rapadura. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 papa de farinha de mandioca adoçada com rapadura ou açúcar.

antunes, 2013.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

jagunço

 guarda-costas. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 valentão; guarda-costas. lopes, 2003; castro, 2001; soares, 1954;

laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 jingunza, ngunza. quimb. pagens; heróis. maia, 1964; assis jr., [19--].

jingunzu. quimb. força. assis jr., [19--]. ongusu. umb. força. le guennec;

valente, 2010.

jamba

 jamba, caxambá. diamante. simões, 2014, Milho Verde. jamba.

diamante. byrd, 2005, Patrocínio; ouro. nascimento, 2003, São João da

Chapada. diamante. vogt; fry, 1996, Milho Verde. cada uma das duas

partes de uma porta. jambô. ouro. gonçalves, 1995, Jatobá. jambá.

diamante. gonçalves, 1995, Jatobá. ouro. Jambá cacumbi queremá/

turima auê. machado fº, 1943, São João da Chapada.

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174 Palavra banto em Minas

caxambá de omenha. diamante. simões, 2014, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 jamba. diamante. jambá. ouro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 onjamba. umb. elefante. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

nzamba. quimb. elefante. maia, 1964; assis jr., [19--]. nzamba. quic.

elefante. cobe, 2010. ondyamba. olun. elefante. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

jambá. Ver jamba.

jambé

 certo molho apimentado. – pombo. gonçalves, 1995, Jatobá. guembê.

pombo. Nem o imbuá-sanguê, nem o Kimboto e muito menos o guembê

não entenderam onde é que a ladina lagartixa queria chegar com aquela fala.

gonçalves, [1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 guelê. pombo. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 diembe. quimb. pombo. maia, 1964. yembe dya koko. quic. pombo.

cobe, 2010.

jambi

 machado. gonçalves, 1995, Jatobá. capim. machado fº, 1943, São João

da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 owango. umb. capim. le guennec; valente, 2010; wilson,1954. onjom-

bya. umb. erva tenra. le guennec; valente, 2010. onjimbu. umb.

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Sônia Queiroz 175

machado. le guennec; valente, 2010. kandámbia. quimb. erva; relva.

maia, 1964; assis jr., [19--]. ngimbu. quimb. machado. maia, 1964; assis

jr., [19--].

jambi. Ver gananzambi.

jambô. Ver jamba.

jambu

 elefante. gonçalves, 1995, Jatobá. dumbo. elefante. O anguê-kuatá, o

kangulo-sanguê e o dumbo gritavam que eram eles. gonçalves, [1994],

Jatobá. ongamba, n’jamba. elefante. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 quizamba. elefante. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 onjamba. umb. elefante. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

nzamba. quimb. elefante. maia, 1964; assis jr., [19--]. nzamba. quic.

elefante. cobe, 2010. ondyamba. olun. elefante. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

jamundá. Ver camundá.

janga

 pequeno, menor. byrd, 2005, Patrocínio.

qNão encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

nanga. quic. menos. cobe, 2010.

jangorô

 parede, muro. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 jongorô. muro, parede, porta. andrade fº, 2000, Cafundó.

jongorô nâni. janela. andrade fº, 2000, Cafundó.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 175 29/09/2021 13:49

176 Palavra banto em Minas

jongorô vavuro. porta. andrade fº, 2000, Cafundó.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç jango, njango. Podíamos ter ido para o nosso jango, amanhã de manhã,

vais ver melhor a acácia de flores vermelhas que acolhe muitos espíritos de

antepassados, alguns que atravessaram o mar da escravidão, lá em frente o

jango todo forrado de um caramanchão de maracujás doces. rui, 2013, p. 74.

Entrou no njango e recebeu mudamente os cumprimentos de Carlos Rocha,

só meneando a cabeça. pepetela, 2012, p. 185.

 onjango. umb. sala de estar. sanders; fay, 1885.

jequê

 [?]. Ê, dambiojira cafom de vindero ocaia/ô, dambiojira ocaia cafom de

vindero no injó de jequê. Capitão Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008,

fa*gundes. jequê, jiquê. caixa. byrd, 2005, Patrocínio. jequê, injequê,

jiquê, jiqui, indiequê. buraco. Fomo caxá o teia no jiqui, no conjô dele.

Fomo pegá o tatu no buraco, na casa dele. – barriga. O jequê da ocaia

tá avura. A barriga da mulhé tá grande. – boca. Eu caxo undara nu

injequê. Cê tamém caxa. Eu tenho oro na

,

boca. Cê tamém tem. quei-

roz, 1998, Tabatinga. injequê. saco, receptáculo, copo, vasilha. vogt;

fry, 1996, Alfenas. jequé. bolso. caixa. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo. njequê. capanga, sacola. machado fº, 1943, São João da

Chapada. indiequê. capanga, saco pequeno. dornas fº, 1938, Itaúna.

jequê de caxá conema. ânus (lit. buraco de fazer fezes). queiroz, 1998,

Tabatinga.

jequê de cureio. boca. – barriga (lit. buraco de comida). queiroz, 1998,

Tabatinga.

jequê de curiá. boca. – barriga (lit. buraco de comer). queiroz, 1998,

Tabatinga.

jequê de mavera. seio (lit. buraco de leite). queiroz, 1998, Tabatinga.

jequé de ingome. carro de boi. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

jequé de nanja. bolso. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 indiequê. sacola usada a tiracolo. castro, 2001, Bahia. injequê. saco,

copo, vasilha. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

injequê do andaro de curimá o variá. fogão. andrade fº, 2000, Cafundó.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 176 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 177

injequê do bambi vavuro. geladeira. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê de conoá nhapecava. caneca, copo, xícara. andrade fº, 2000,

Cafundó.

injequê de cuendá o variá curimado na andaru. mesa. andrade fº,

2000, Cafundó.

injequê de cuendá o vava no nhoto. bacia. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do andaru. fogão, forno, lâmpada, lampião. andrade fº, 2000,

Cafundó.

injequê do andaru de curimá o bicuanga. forno. andrade fº, 2000,

Cafundó.

injequê do arambôngui. bolsa, carteira. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do avere do camanaco. seios. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do vacaio. cachimbo. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do mutombinho. amendoim. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do nhapecava. bule. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do orofim. pilão, gamela. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do variá. panela, prato. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do vava no túri. poço. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do vava. nuvem, poço. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê nâni do andaru. lâmpada, lampião. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê do nangá. guarda-roupa. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequê imbere. escroto, testículos. andrade fº, 2000, Cafundó.

injequezinho do andaru. lâmpada, lampião. andrade fº, 2000,

Cafundó.

 injequê. saco. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nzeke. quimb. saco. maia, 1964; assis jr., [19--]. onjeque. umb. saco. le

guennec; valente, 2010. ondyeke. olun. saco. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

jequé. Ver jequê.

jequetiotada

 esburacada, furada. Ocaia que injira pro cumbara avura igual essa aí

deve tê uma xuranha até jequetiotada, nê? Mulhé que vai pra cidade

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 177 29/09/2021 13:49

178 Palavra banto em Minas

grande igual essa aí deve tê uma xuranha até furada, né? queiroz,

1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 injequê. saco. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nzeke. quimb. saco. maia, 1964; assis jr., [19--]. onjeque. umb. saco. le

guennec; valente, 2010. ondyeke. olun. elefante. diccionario Portu-

guez-Olunyaneka, 1896.

jeribita

 cachaça. jeritiba. certa bebida. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 aguardente. lopes, 2003; ferreira, 1975; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

jibundo

 choro, tristeza, lamento. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbundo. quimb. choro. jimbundo. quimb. choros. maia, 1964; assis jr.,

[19--].

jibungo. Ver injimbe.

jijumba

 tatuagem. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 178 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 179

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç jimbumba. tatuagens. Conheci rios: rios antigos, jimbumbas na pele

da terra angolense, cicatrizes que nascem eterno santue, uma água cega.

vieira, 2006a, p. 21.

 jimbumba, mbumba. quimb. tatuagem. maia, 1964; assis jr., [19--].

umbumba. quic. tatuagem. maia, 1964.

jiló

 fruto do jilozeiro trazido pelos Angola. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 diz-se de um homem magro e cabeçudo. – Se não existisse mal gosto,

não se plantava jiló. referência a alguma coisa considerada extrava-

gante. castro, 2001, Bahia.

fruto do jiloe(i)ro, de sabor amargo. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 njilu. quimb. jiló. assis jr., [19--].

jimbango. Ver injimbe.

jimbo. Ver injimbe.

jingar

 rebolar. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 andar bamboleando o corpo; curvar-se, dobrar-se num sentido e

noutro. castro, 2001.

Ç Parece num óbito. Comentou Njambela, em voz alta, no ouvido de Citula

enquanto jingava e girava a colorida sombrinha no ar. rui, 2013, p. 177.

 jinga. quimb. sufixo que indica ação contínua; sem cessar; sempre.

assis jr., [19--].

jinguba

 amendoim. byrd, 2005, Patrocínio.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 179 29/09/2021 13:49

180 Palavra banto em Minas

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 amendoim. castro, 2001, Bahia.

 amendoim. lopes, 2003.

Ç jinguba. amendoim. Florinha, jinguba! vieira, 1987, p. 76. Nas mesas

havia frutas da terra, maboques, ananases, mangas do Mussulo, goiabas, e

doces feitos de coco ou de junguba. pepetela, 1999, p. 103. […] Wacinda

conseguiu reconstruir tudo, moinho, pomares, grandes plantações de milho,

feijão e jinguba, o gado e a criação de aves. rui, 2013, p. 102. Comeram

carne seca com pasta de jinguba esmagada em mel, ótima ração para viagem.

pepetela, 2012, p. 170. […] distribuía, a mando de nossa mãe, pedaços de

mandioca cozida, para acompanhamento de jinguba torrada. ribas, 1973,

p. 129. À tarde, preparava a jinguba pela filha, adicionava-lhe farinha de

mandioca, açúcar, canela e pilava tudo. ribas, 1985, p. 100.

 nguba, jinguba. quimb. amendoim. maia, 1964; assis jr., [19--].

nguba za mputu. quic. amendoim. cobe, 2010.

jiquê. Ver jequê.

jiqui. Ver jequê.

jira. Ver ongira.

jombá. Ver jambé.

jombê. Ver jambê.

jombim. Ver jambê.

jombô

 lama preta. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nkombo. quic. lama. cobe, 2010.

jongo

nome dado a língua dos descendentes de africanos. A língua de jongo

é uma língua desse pessoal que viero da África, que nós chama desses nego

nagô. pereira, 2005. termo usado no Rio de Janeiro e São Paulo para

certa dança/canto. gonçalves, 1995, Jatobá.

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Sônia Queiroz 181

q Não encontrada nos

,

registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 dança afro-brasileira. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973;

bastide, 1971; beaurepaire-rohan, 1956; soares, 1954; gomes, 1948;

senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

K

 eu. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ká. quimb. dele, dela. assis jr., [19--].

kacunda. Ver cacunda.

kaimba. Ver caiumba.

kaimina. Ver caimina.

kalamba. Ver caiumba.

kalumba. Ver caiumba.

kalunga. Ver calunga.

kalungar. Ver calungar.

kalungo

 rato. nascimento, 2003, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 calunga. rato pequeno, doméstico; p. ext. vadio, sabido, gatuno.

castro, 2001.

 calungo. camundongo. lopes, 2003.

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182 Palavra banto em Minas

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

kamanin. Ver camonim.

kamano

 homem. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kamano desaprumado. homem doente. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

kamano escalafatizado. doente. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

kamano maioral. chefe. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kamano makafo, kamano oteke. velho. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

kamano mavero, kamano maver. homem branco. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

kamano ofu. homem negro. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

kamano oique, kamano vibunado. moreno. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 camano. homem. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 omanu. umb. a humanidade. le guennec; valente, 2010. comanu. umb.

humano. wilson, 1954.

kambi. Ver bambi.

kamone. Ver camanante.

kamundá. Ver camundá.

kandiaboro. Ver candiaboro.

kandimba. Ver candimba.

kanengue. Ver canengue.

kangembrê

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Sônia Queiroz 183

 veado. Senhor kangembrê pulou faceiro e elegante no meio da roda.

gonçalves, [1994], Jatobá. cambambe. veado. machado fº, 1943, São

João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 bambi. veado, gazela. castro, 2001, Bahia.

 cambambe. veado. lopes, 2003.

Ç mbambi, bambi. veado. Ídolos para ele eram estatuetas representando

os antepassandos, ou os chifres de mbambi com pós misteriosos dentro que

dão força aos utentes, ou unhas de leão para adivinhar a sorte, ou tendões

secos de animais que servem para pulseiras mágicas. pepetela, 1999, p. 98.

Chegou o caçador, cumprimentou e pediu licença para entrar na varanda

com o bambi nas costas, cada mão em cada duas patas. rui, 2013, p. 123.

Andou uns passos, fingindo observar algum vulto de mbambi ou coelho.

pepetela, 2012, p. 319.

 mbambi. quimb. veado. maia, 1964; assis jr., [19--]. kambambi. quimb

corça, veado pequeno. maia, 1964; assis jr., [19--].

kangô. Ver canguro.

kangulo, kanguro. Ver canguro.

kanguru

 polícia. nascimento, 2003, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 pessoa alta, magra, esquelética. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

kanjirauê. Ver canjira.

kanjonjo

 beija-flor. O mensageiro sorteado foi o kanjonjo. gonçalves, [1994], Jatobá.

canjonjo. Canjonjo ô vita auê! O nome, que é de pássaro africano, teve

aqui aplicação especial. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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184 Palavra banto em Minas

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç ochinjonjo. colibri. A vilinha era gaiola que só tinha chilreio baixinho de

maracachão e ochinjonjo e seu canto era alto e sonoro e ouvia-se a distância.

santos, 1991, p. 44.

 onjonjo. umb. beija-flor. le guennec; valente, 2010. kanjongo-jongo.

quimb. parte muito diminuta. partícula. assis jr., [19--]. kanzonzo.

quimb. pequeno pássaro azul ferrete e peito vermelho. assis jr., [19--].

kanjolonjolo. quimb. miúdo, pequeno. maia, 1964; assis jr., [19--].

kapixo. Ver capixo.

kapuxoca. Ver capixo.

karinjinjim. Ver carinjinjim.

katendê

 lagartixa. Certa manhã, a katendê se assustou com uma barulheira que

vinha da casa da amiga. gonçalves, [1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 catendê. lagartixa. castro, 2001. Bahia.

 catendê. bastide, 1971; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç itende. lagartos. Os lagartos disseram: itende, somos os do pescoço verme-

lho das margens do capim. vieira, 2006a, p. 92.

 kaditende, dikende. quimb. lagartixa. maia, 1964. ritende. quimb.

lagartixa. assis jr., [19--]. katénde. quimb. à maneira de lagartixa. assis

jr., [19--].

katuvira. Ver gatuvira.

kaxicobeira

 doença. nascimento, 2003, São João da Chapada. covera, corvera.

doença. O meu (erpido) num tem covera não. O meu (pênis) num tem

doença não. queiroz, 1998, Tabatinga. caxicovera. doença, moléstia.

machado fº, 1943, São João da Chapada;

caxá covera. adoecer (lit. pegar doença). queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 caxapura. doença. andrade fº, 2000, Cafundó. cachapura. doença.

vogt; fry, 1996, Cafundó.

 caxicovera. doença. lopes. 2003.

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Sônia Queiroz 185

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 uvela, okuvela. umb. doença. le guennec; valente, 2010; wilson,

1954. okuvera. olun. estar doente. ouvera. olun. doença. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896. kubela. quimb. estar magro, definhar.

assis jr., [19--].

keremiró. Ver queremiró.

kiama. Ver quinhama.

kimba

 leão. O rei kimba enviou para os céus o tico-tico santantonho. gonçalves,

[1994], Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 quiba. forte, corpulento (falando-se de animais). testículos. castro,

2001, Bahia.

 quiba. forte. ferreira, 1997; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

kimbe. Ver quimbimba.

kimbo. Ver cumbi.

kimboto. Ver ximboto.

kimbete. Ver embuete.

kimbim. Ver quimbimba.

kimbunde. Ver quimbundo.

kimbundo. Ver quimbundo.

kimimbar. Ver quimbimbá(r).

kinhama. Ver quinhama.

kióua. Ver quioua.

kipocar. Ver quipocá(r).

kipoque. Ver quipoque.

kissange. Ver quissenje.

kiuvira. Ver gatuvira.

koendar. Ver cuendá(r).

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186 Palavra banto em Minas

komena. Ver conena.

komene. Ver conena.

konecar. Ver nenar.

kozeca. Ver cuzeca.

kuendar. Ver cuendá(r).

kuka. Ver macuco.

kukiá(a). Ver cuciá(r).

kumba. Ver cumbi.

kumbaca. Ver cumbara.

kumbara. Ver cumbara.

kumbo. Ver cumbi.

kunebara. Ver cumbara.

kupia. Ver cupia.

kupiá. Ver cupia.

kupiara. Ver cupia.

kuria. Ver cureio.

kuriar. Ver curiá.

kuriata. Ver cureio.

kuriatar.

,

Ver curiá.

kurima. Ver curima.

kurimar. Ver curimá(r).

kuzecar. Ver cuzeca(r).

L

lamba

 trabalho pesado. simões, 2014, Milho Verde. desgraçada. Lamba hora

que fiquei ingerizada e aceitei as pataguadas da comadre. gonçalves, [1994],

Jatobá. desgraça. trabalho pesado. lamba, nera anguiá. machado fº,

1943. São João da Chapada. malamba. desgraça. byrd, 2005, Patro-

cínio. lamba, lemba. desgraça, tragédia. gonçalves, 1995, Jatobá.

lambamba. pessoa em situação de desgraça. gonçalves, 1995, Jatobá.

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Sônia Queiroz 187

chorá lama. sofrer e resistir; fazer as gungas e os tambores baterem.

pereira; gomes, 2000, Arturos.

q lamba. Nomeia córrego em Veredinha. lima, 2012.

 lamba. chicote, verga. tala de couro. trabalho pesado, penoso, feito

à força. malamba. lamúria, infelicidade. castro, 2001, Bahia.

 lamba. lopes, 2003; ferreira, 1975; senna, 1938; raimundo, 1933.

malamba. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973.

Ç malamba. aflições, sofrimentos. A vizinhança, que, muito inquieta,

despertada pela senhora Tereza, aguardava cá fora, introduziu-se no quintal

de D. Bia, e sem mais perguntar – como é hábito de nossa gente –, chorando-

com os que choram, dividindo de igual para igual as malamba, quer nas fomes

e nas doenças quer nas mortes, começou a chorar também. xitu, 2011, p. 72.

 lamba. quimb. desventura, provação, infortúnio. maia, 1964; assis jr.,

[19--]. malamba. quimb. tribulações, agonias. assis jr., [19--]. elamba.

umb. desgraça. le guennec; valente, 2010.

lambamba. Ver lamba.

lambança

 sujeira, misturada. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 malandragem. – atrevimento. – desarrumação, sujeira. antunes, 2013;

lopes, 2003; silveira, 1975a, 1974; martins, 1969; teixeira, 1946; senna,

1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

lamburar

 sujar-se com comida. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

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188 Palavra banto em Minas

 kilambe. quimb. cocção; cozimento. kilambelu. quimb. utensílio para

cozinhar. assis jr., [19--].

lemba. Ver lamba.

lenga-lenga

 conversa comprida. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 lengalenga. conversa fiada. lopes, 2003; castro, 2001; soares, 1954;

laytano, 1936.

Ç Eu, já de velhacaria, fiquei calado: queria gozar aquela lenga-lenga. ribas,

1985, p. 42.

 kulengalala. quimb. qualidade do que é leve. assis jr., [19--]. okulen-

galenga. umb. gemer. le guennec; valente, 2010.

lero-lero

 conversa fiada. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 lero lero. conversa fiada. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

liamba

 liamba, riamba. Cannabis Sativa. gonçalves, 1995, Jatobá. liamba.

cigarro, fumo. Montado nele um cavaleiro muito aprumado, muito fidalgo

e garboso, um liamba no canto da boca. gonçalves, [1994], Jatobá.

diamba cânhamo. Cannabis Sativa. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 diamba, liamba. variedade de cânhamo, cujas folhas e flores são

usadas como narcótico. castro, 2001, Bahia.

 liamba. maconha. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973; bastide,

1971; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç diamba. maconha. Mas fechei ainda meus olhos, modo de adiatar perceber

– tapar orelhas, calar boca, assim dei encontro o que no cheiro da diamba dele

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Sônia Queiroz 189

queria m’alertar: ia ser eu o pastor daquele cabrito? vieira, 2006a, p. 19. Cheio

de sono, os olhos vermelhos parecia era tinha fumado diamba, deixou as mãos

à toa revistarem o homem, resmungando, xingando só para ele ouvir. vieira,

2006b, p. 46. liamba. o mesmo que riamba ou diamba, maconha. Ardi o

incenso de liamba no turíbulo, fumiguei. vieira, 1987, p. 46. Exatamente e que

é um problema íntimo, pessoal, entende? Mostre-me esse tabaco ou é diamba.

rui, 2013, p. 16. Pásssaros voavam, liambados na infelicidades dos ninhos a

queimar ovos e descendência e sem saberem onde pousar. rui, 2013, p. 181.

 elyamba. umb. ópio, cânhamo. le guennec; valente, 2010. riamba.

quimb. maconha. assis jr., [19--]. diamba. quimb. maia, 1964. dyamba.

quic. cânhamo. cobe, 2010.

libambo

 corrente. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 corrente de ferro usada em prisões. – fig. prisão. lopes, 2003; castro,

2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; beaurepaire-rohan, 1956; senna,

1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç libambo. grupo de escravos, em fila, presos à mesma corrente.

Longos libambos de voluntários, na corda: porrada e caneca de gongoenha

sem açúcar. vieira, 2006a, p. 96. lubambo. E na quibuca que vinham

também um lubambo de conversos de Njinga que ela não houvera querido

resgatar. vieira, 2006a, p. 62.

 lubambo. quimb. corrente, prisão. maia, 1964; assis jr., [19--]. luvambo,

lunvambo. quic. corrente. cobe, 2010; maia, 1964.

liporê. Ver tiporê.

lobôlobo, lôbo-lobo. Ver loblobô.

loblobô

 loblobô, lobôlobô. certa planta comestível. gonçalves, 1995, Jatobá;

lôbo-lobô. uma fruta. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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190 Palavra banto em Minas

 lobolobo. nome usado para alguns legumes ou outras plantas

comestíveis. lopes, 2003; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

longado

 andar, gingado, rebolado. Tipura a ocaia. A o longado da ocaia. Olha a

mulhé. Alá o rebolado da mulhé. queiroz, 1998, Tabatinga.

rastá o longado. dançar (lit. arrastar o rebolado). queiroz, 1998,

Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okukolonga. olun. mexer. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

lorri

 peixe. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

 lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ohi. olun. peixe. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. ngole.

quimb. bagre do rio. maia, 1964; assis jr., [19--].

luanda. Ver aruanda.

lubra

 peito. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 lubra, lubri. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

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,

13:49

Sônia Queiroz 191

lundu

 certa dança. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 amuo. – dança afro-brasileira. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; mendonça, 1973; bastide, 1971; beaurepaire-rohan, 1956; soares,

1954; senna, 1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

M

mabaço

 mabaço, babaço. irmão gêmeo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 mabaça. diz-se da banana ligada a outra; acredita-se quem a come

terá filhos gêmeos. castro, 2001, Bahia.

 mabaça, mabaça. gêmeos, irmão ou irmã. antunes, 2013; lopes, 2003;

castro, 2001. babaça, babaço, mabaço. gêmeo. ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kabasa. quimb. gêmeo. maia, 1964. gêmeo que nasce em segundo

lugar. assis jr., [19--].

macaca. Ver macaco.

macaco

 todas as espécies de primatas. gonçalves, 1995, Jatobá.

q macaca. Nomeia fazenda em Nazareno; córrego em Brumadinho;

povoado em Conceição do Mato Dentro; riacho em Monte azul;

Serra em Juruaia. macacão. Nomeia fazenda em Esmeraldas; córrego

em Rubelita. macaco. córrego em Aimorés, Aiuruoca, Almenara,

Ataléia, Baldim, Belo Vale, Bertópolis, Bom Jesus do Galho, Carva-

lhópolis, Cláudio, Coração de Jesus, Itanhomi, Ituiutaba, Iturama,

Jaboticatubas, João Pinheiro, Lagoa Grande, Laranjal, Logamar,

Nanuque, Nazareno, Oliveira, Passabém, Patos de Minas, Prata,

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192 Palavra banto em Minas

Presidente Olegário, Resende Costa, Rubim, Salinas, Santa Cruz

de Salinas, Santa Rita do Itueto, São Gotardo, Sete Lagoas, Tapira

e Teófilo Otoni; fazenda em Amparo da Serra, Carvalhópolis, Itaca-

rambi, Iturama, Juruaia, Laranjal, Mariana, Teixeiras e Varzelân-

dia; povoado em Bom Jesus do Galho, Itanhomi, e Passabém; sítio

em Serro; morro em Caiana e Faria Lemos; localidade em Dores

de Ganhães, Mesquita Salinas e Santa Cruz de Salinas; riacho em

Gameleiras e Monte Azul; cachoeira em Governador Valadares; e

ribeirão em Caratinga. macacos. Nomeia fazenda em Buenópolis,

Cássia, Congonhal, Delfinópolis, Grupiara, Ibiraci, Macacos, Matu-

tina, Monte Sião, Nazareno, Passa-Tempo, Riacho dos Machados,

Sacramento, Seritinga, Turvolândia, Uberlândia, Veríssimo; córrego

em Bandeira, Belo Horizonte, Buenópolis, Caratinga, Cássia, Comer-

cinho, Conquista, Ervália, Fortuna de Minas, Ibiraci, Itabira, Itinga,

Jacinto, José Gonçalves de Minas, Macacos, Mariana, Medina, Monte

Sião, Nazareno, Ouro Preto, Padre Paraíso, Pompeu, Ponto dos

Volantes, Rio do Prado, Rio Paranaíba, Santa Cruz de Salinas, Ubá,

Uberaba, Uberlândia e Veríssimo; localidade em Bandeira, Ervália,

Esmeraldas, Passa-Tempo, Piraúba, Pompeu e Resende Costa; serra

em Buenópolis e Resende Costa; lagoa em Padre Paraíso e Ponto

dos Volantes; povoado em Itabira; ribeirão em Cachoeira da Prata,

Congonhal Esmeraldas, Fortuna de Minas, Inhaúma, Nova Lima e

Piraúba; riacho em Brasília de Minas, Luislândia e São Francisco.

macaquinha. Nomeia córrego em Acaiaca, Aimorés, Bom Jesus do

Galho, Caratinga, Carvalhos, Governador Valadares, Itaobim, Itueta,

Macambeiras, Mariana, Santa Rita do Itueto; Fazenda em Campa-

nário e Mariana; localidade em Bom Jesus do Galho e Dores de

Ganhães; povoado em Itueta e Mariana. macaquinhos. Nomeia rio

em Congonhas e Ouro Preto e córrego em Resplendor. lima, 2012.

cachoeira do macaco. Nomeia localidade em Coroaci. lima, 2012.

córrego do macaco seco. Nomeia povoado em Itanhomi e fazenda em

Galiléia. lima, 2012.

córrego dos macacos. Nomeia fazenda em Teófilo Otoni. lima, 2012.

córrego do macaquinha. Nomeia povoado em Campanário. lima, 2012.

ilha dos macacos. Nomeia fazenda em Araquari e córrego em Campos

altos. lima, 2012.

macaco seco. Nomeia córrego em Itanhomi e Tumiritinga. lima, 2012.

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Sônia Queiroz 193

 símio. p. ext. esperto, finório; feio, horrendo. – maquinismo para

levantar grandes pesos; casa de penhor; jogo da amarelinha. –

Soldado de polícia, mata-cachorro. castro, 2001, Bahia.

 símio. – pessoa ladina. – pessoa feia e engraçada. – árvore. – inseto

coleóptero. topônimo. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; soares,

1954; senna, 1938; 1921; laytano, 1936.

Ç macaco. Por isso temos que fazer como o macaco, não vi nada, não ouvi

nada, não falei nada. pepetela, 1999, p. 21. Os macacos executavam pulos

mirabolantes que deixavam admirado o mundo da cidade. xitu, 2011, p. 86.

Quê? É o macaco? Muito bonito, muito bonito! Comentou, projectando

um olhar enojado para o filho. ribas, 1973, p. 98. As aves noturnas cediam

lugar no concerto aos macacos e esquilos. pepetela, 1982, p. 11. O macaco

lhe esticou uma lambisgóia do lábio que até saiu sangue. ondjaki, 2006,

p. 37. Os macacos guinchavam e faziam pulos acrobáticos, nunca antes

vistos por qualquer homem. xitu, 1984, p. 42.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

macacoa

 doença leve cíclica. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada em registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada em registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 nome utilizado para se referir a achaques provenientes de alguma

moléstia. senna, 1938.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

macaia

 macaia, macanha. fumo de rolo. simões, 2014, Milho Verde. macaia.

erva, cigarro. vogt; fry, 1996, Alfenas. fumo de rolo. gonçalves, 1995,

Jatobá. fumo. dornas fº, 1938, Itaúna. maconha. Cannabis Sativa.

macanha. pessoa negra. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 macanha. tabaco. castro, 2001, Bahia. macaibo. erva, cigarro. vacaio.

fumo. andrade fº, 2000, Cafundó.

 macaia. fumo. – Cannabis Sativa. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; bastide, 1971; senna, 1938; raimundo, 1933. macanha. fumo.

senna, 1938.

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194 Palavra banto em Minas

Ç macanha. tabaco. E veio, quente e macio, um ar de diamba fumada, perfu-

mada na água verde da mutopa, vi lequear as largas folhas do tabaco-maca-

nha no meio do chuvisqueiro. vieira, 2006a, p. 27.

 kangonha. quimb. cânhamo. maia, 1964; assis jr., [19--]. makanha.

quimb. tabaco. maia, 1964; assis jr., [19--]. káia (pl. makáia). quic.

tabaco. maia, 1964. ekaya, akaya. umb. planta herbácea; folhas dessa

planta usada para fumar ou cheirar. le guennec; valente, 2010

macamba. Ver camba.

maçambique

 [guarda de Nossa Senhora do Rosário] Ê Zambi.../ei, Maçambique é

coisa boa/ Maçambique era nego de coroa/ê Zambi... dias, 2001, Arturos.

moçambique. guarda dos pretos-velhos; caracteriza-se pela roupa

branca, saiote e lenços azuis e uso das gungas. Em algumas versões

do Mito, foi a guarda que tirou Nossa Senhora do Rosário das águas.

– país africano. pereira; gomes, 2000, Arturos. Saravá o povo de ingomba

auê/saravá o povo de Moçambique/oia o povo de congado ouê/ô no jira ni

cunda no jira. Capitão João Lopes. lucas, [1990], Jatobá. cintas de

vidro. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Nomeia córrego e fazenda em Cordisburgo. lima, 2012.

 moçambique. nome genérico porque ficaram conhecidos negros do

grupo banto de fala majoritária ronga e chagada, que foram trazidos

de Moçambique, na Contra-Costa, para o Brasil, em número menos

significativo para o Nordeste. – dança folclórica brasileira, espécie de

bailado, que se encontra nas regiões centro-oeste e sudeste do Brasil.

castro, 2001, Bahia. bobo. andrade fº, 2000, Cafundó.

 moçambique. dança afro-brasileira. – topônimo. senna, 1921;

ferreira, 1975; mendonça, 1973.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

,

 musambi. quimb. saltareio. maia, 1964; assis jr., [19--]. musambe.

quimb. aquele que diz orações. assis jr., [19--]. nsambu. quic. benção.

cobe, 2010; maia, 1964. esambu. olun. oração. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

macambúrio

 tristonho. gonçalves, 1995, Jatobá. macambúzio. triste, depressivo.

Só o coelho deu com o rosto macambúzio da macaca. ribeiro, 1970.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 195

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 macambúzio. triste, deprimido. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça,

1973; senna, 1938; 1921.

Ç macambúzio. triste. Levou o padre à divisão onde estava o governador de

Benguela deitado num catre, com o macambúzio cirurgião-barbeiro à cabeça,

o mesmo que em tempos lhe tratava dos pés. pepetela, 2012, p. 273.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

macambúzio. Ver macambúrio.

macangê

 pepino. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 pepino. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

macanha. Ver macaia.

maçoroca. Ver mossoroca.

maco. Ver mocó.

maconha. Ver macaia.

macota

 amante, mulher boa. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 os mais velhos, mais importantes na hierarquia religiosa congo-an-

gola. – equivalente a ebome. – o mestre do maculelê, o puxador dos

cânticos. – chefe, maioral; o maior e mais importante. – p. ext. pessoa

de prestígio ou influência numa localidade. – (euf.) usado em lugar

de lepra, considerada palavra tabu (quizila) pelo temor à doença

tida como a mais poderosa de todas. – macota só sai na rua de umbela.

alusivo ao hábito de os chefes tradiconais sairem protegidos por um

sombreiro colorido. castro, 2001, Bahia.

 chefe. – pessoa de grande importância. lopes, 2003; ferreira, 1975;

silveira, 1975d, 1975c, 1974; mendonça, 1973; beaurepaire-rohan, 1956;

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196 Palavra banto em Minas

soares, 1954; gomes, 1948; senna, 1938; laytano, 1936; ambrósio, 1934;

raimundo, 1933; pires, 1921; apocalypse, [196-?].

Ç macota. mais velho; ancião. Manda quem manda – quimbar vira regedor,

macotas tiram quijinga. vieira, 2006a, p. 97. Acompanhado da cucumanda

e macotas, Vúnji Calinda rumou para Luanda. ribas, 1973, p. 62. makota.

O mais curioso nem era tanto o que se dizia, muitas até eram estórias que eu

já conhecia, de Jinga, dos makotas e sobas da área, dos portugueses e mafu-

los, de como chovia e de como corria o rio Bengo, de como kiandas saíam das

águas para ajudar ou prejudicar pessoas, de como os pássaros cantavam ou

determinado kimbanda curava infertilidade. pepetela, 1999, p. 114. Mas

não convenceu os makota do Tribunal, que o tinham sempre debaixo do olho.

xitu, 1984, p. 76. kota. ancião. Penso na nostalgia de si próprio, quando

ainda era capaz de grandes sonhos. Assim se envelhece, dizem os kotas, esses

que sabem tudo da vida e dos homens. pepetela, 1999, p. 18. Espanto foi só

de eu ver uma turma inteira, cinquenta pessoas, leventarem de prontidão e

respeito: “bom diaaaaa, camaradaaaaa, professooooor!” Ché!, kota Sankarah.

ondjaki, 2007, p. 127. Maria com curiosidade em saber para onde a cota

ia mas não era gentil nem conveniente perguntar e orelhudos a ouvir, dava

em falta de educação […]. rui, 2013, p. 46. O macaco delirava, dava saltos

mortaisna cabeça da kota, fingia que lhe estava a catar piolhos, o marido dela,

acho que era marido, era um senhor muito branco mas estava vermelho de rir.

ondjaki, 2006, p. 40.

 dikota (pl. makota). quimb. maioral; velho. maia, 1964. kota (abrev. de

rikota). quimb. chefe, maioral. assis jr., [19--]. kota. quic. velho. maia,

1964.

macuca

 macuca, macuco. mulher ou homem feio (a) e velho (a). simões, 2014,

Milho Verde. acuro. homem velho; velho. simões, 2014, Milho Verde.

macuca (o). mulher (homem) velho (a) e feio (a). nascimento, 2003,

São João da Chapada. macuco. pessoa do pé sujo, grosso, cascorento.

pereira; gomes, 2000, Arturos. macuro, nacuro. homem. vogt; fry,

1996, Milho Verde. macuco. velho, idoso. gonçalves, 1995, Jatobá.

kuka. velha. Siá Savané disse à Kuka-Siá Tinha: Isto nos mostra que

mesmo sendo um pequeno e fraco, qualquer um pode apelar para a inteli-

gência, astúcia e manha e passar os grandes para trás. gonçalves, [1994],

Jatobá. nacuruacucua. homem velho. vogt; fry, 1996, Milho Verde.

macuca. mulher velha e feia. ma indica plural. Mas, aportuguesando-se

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Sônia Queiroz 197

o vocábulo, deu-se o esquecimento etimológico. machado fº, 1943, São

João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 cuca, acuca, macuca, mumuca. negra velha, coroca, bruxa. – bicho-

-papão do universo dos contos e acalantos brasileiros, ser fantástico

que aterroriza crianças, imaginado como uma mulher muito velha e

feia como uma coruja, geralmente associada à figura do negro e tida

como devoradora de criancinhas desobedientes. castro, 2001, Bahia.

 macuco. mulher velha e feia. lopes, 2003; ferreira, 1997; silveira, 1974,

1975c, 1975d; teixeira, 1946; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç maculo. antepassado. […] um antepassado subia, saiu lá em Kitangola,

sua terra de nascido, espírito dos fundos, falavam os maculos naquela panela

rota da cabeça dele, já escangalhada de porrinhadas e paus que íamos lhe pôr

a seguir? vieira, 2006a, p. 41

 kuka; ma kuka, wa kuka. umb. velho. le guennec; valente, 2010;

wilson, 1954. kukuka. quimb. ficar caduco. velhice. kuku, mákulu.

antepassado. maia, 1964; assis jr., [19--]. vakuka. quic. caducar. maia,

1964.

máculo

 desinteria. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 maculo. diarréia. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça,

1973; beaurepaire-rohan, 1956; senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 makúlu. quimb. desinteria. assis jr., [19--].

macumba

 certa seita. instrumento musical de guerra. Após a abolição da escra-

vatura, este instrumento foi usado para chamar os adeptos aos cultos dos

ancestrais no Rio de Janeiro. A palavra se estendeu para a seita. hoje, usado

de forma preconceituosa para todas as oferendas aos deuses (externas).

gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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198 Palavra banto em Minas

 denominção genérica para as manifestações religiosas afro-brasi-

leiras de base congo-angola, que incorporaram orientações amerín-

dias, católicas e espíritas, com predominância do culto ao caboc(l)o

e preto-velho. castro, 2001, Bahia.

 sessão de feitiçaria; despacho. – nome popular de religiões afro-bra-

sileiras. – instrumento musical. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira,

1975; mendonça, 1973; bastide, 1971; gomes, 1948; teixeira, 1946; senna,

1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 múkumbi. quimb. hino sacro, salmo. – cantor. – poeta que celebra

heróis ou altos feitos. – arrulho. – canto com que se adormecem

crianças. maia, 1964; assis jr., [19--]. n'kunga. quic. hino, salmo. cobe,

2010; maia, 1964.

macumbero

 participantes da macumba. Caba com ocês, vai embora, o povo aqui é

macumbero. pereira, 2005.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 macumbe(i)ro. feiticeiro, adepto de macumba + port. –eiro. é frequen-

temente usado como alcunha pejorativa. castro, 2001,

,

Bahia.

 macumbeiro. participante da macumba. lopes, 2003; castro, 2001;

ferreira, 1975; mendonça, 1973; bastide, 1971; teixeira, 1946; senna,

1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 múkumbi. quimb. hino sacro, salmo. – cantor. – poeta que celebra

heróis ou altos feitos. – arrulho. – canto com que se adormecem

crianças. maia, 1964; assis jr., [19--]. n'kunga. quic. hino, salmo. cobe,

2010; maia, 1964.

macundembaia

 espingarda. simões, 2014, Milho Verde; nascimento, 2003, São João da

Chapada.

macumba embaua. espingarda. simões, 2014, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 198 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 199

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

macura

 gordo. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 gordura, carne. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

mafura. óleo, gordo. vogt; fry, 1996, Cafundó.

macura do ingômbi. gordura bovina, manteiga, vela. andrade fº, 2000,

Cafundó.

macura do avere. manteiga. andrade fº, 2000, Cafundó.

macura do coçumbadô da cupópia. cera do ouvido. andrade fº, 2000,

Cafundó.

macura do ingômbi do andaru. vela. andrade fº, 2000, Cafundó.

 gordura, carne. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 makuria. quimb. comidas. assis jr., [19--]. makudia. quimb. comidas.

maia, 1964. kuria. quimb. comer, comida. assis jr., [19--]. kudiá. quimb.

comer, comida. maia, 1964. okulya, okulia. umb. comer, comida. le

guennec; valente, 2010; wilson, 1954. dya. quic. comer. cobe, 2010. onondia,

okuria. olun. comida. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

macuro. Ver macuca.

mafuá

 confusão; local mal frequentado. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 conjunto de coisas velhas, fora do uso; lugar onde se guardam desor-

denadamente essas coisas. – feira ou parque de diversões. castro,

2001, Bahia.

 termo referente a habitação de uma maneira geral. lopes, 2003; senna,

1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 fufu. quimb. confusão. maia, 1964; assis jr., [19--]. Ver fuá.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 199 29/09/2021 13:49

200 Palavra banto em Minas

mafuado

 escondido. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 mafuá. conjunto de coisas velhas, fora do uso; lugar onde se guar-

dam desordenadamente essas coisas. feira ou parque de diversões.

castro, 2001, Bahia.

 mafuá. termo referente a habitação de uma maneira geral. lopes,

2003; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mafunda. quimb. abismo. mistério. assis jr., [19--]. fufu. quimb. confu-

são. maia, 1964; assis jr., [19--]. Ver fuá.

mafufo

 nádegas. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 nádegas. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

mafuim. Ver mapuim.

mafumbado

 quieto, retraído. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mafunda. quimb. abismo. mistério. assis jr., [19--].

maganguera. Ver manganguera

magé-toucinho

 gordura, toucinho. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 200 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 201

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 magé. gordura. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 maji. quimb. gordura. maia, 1964; assis jr., [19--]. mazi. quic. gordura.

cobe, 2010; maia, 1964.

maiembe

 medicina. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 maiêmbi. remédio. andrade fº, 2000, Cafundó. maiembe. remédio.

vogt; fry, 1996, Cafundó.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ovihemba. umb. medicina, remédio. le guennec; valente, 2010;

wilson, 1954. ihemba. quimb. remédio. maia, 1964. oyiemba. olun.

medicamento. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

majira. Ver injará.

makacumba

 makacumba, makakumbe. relógio. batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç ekumbi. sol. Quem é essa menina tão linda até parece a barba de milho

já pronto a namorar com ekumbi, o sol que é a cor do cabelo dela, também

parecido com a nossa muamba, que é? rui, 2013, p. 48.

 kumbi, dikumbi. quimb. sol. maia, 1964. ekumbi. umb. sol. le

guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun. sol. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896. Ver cumba.

makakumbe. Ver makacumba.

malafo. Ver marafa.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 201 29/09/2021 13:49

202 Palavra banto em Minas

malafa. Ver marafa.

malagueta

 certa pimenta, origem da guiné. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 pimenta. – coisa que é muito ardida. – sujeito irritadiço. – parte da

costa africana, próxima da Guiné, denominada assim pelos portu-

gueses durante o período colonial. soares, 1954; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

malamba. Ver lamba.

malambre

 devagar, vagarosamente. byrd, 2005, Patrocínio. malemba. canto de

perdão. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 malemba. nome de Dandalunda. malembe. cântico fúnebre, de

misericórdia. castro, 2001, Bahia.

 malemba. devagar, lentamente. ferreira, 1975.

Ç malembe. paciente, com calma. Então não sabe mesmo o que é fogo-frio,

calma calema, como pode-se mesmo ser amigo de mulher e amor de homem.

Malembe-malembe!… vieira, 1987, p. 14. O sol ia furar teimoso, pela cópa

daquela árvore insuficiente, mas Boneca, ia falar pela tarde embora malem-

be-malembe, sem se apressar nos temas, degustando os efeitos das tiradas

no auditório, enquanto nos olhava nos olhos. santos, 1991, p. 11.

 malemba. quimb. devagar. malembe. quic. lento. maia, 1964.

malembe. quic. devagar. amalembe. quic. lento. cobe, 2010.

malavo. Ver marafa.

malavra. Ver marafa.

malemba. Ver malambre.

malombeiro

 misterioso. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 202 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 203

 malombe. luto. castro, 2001, Bahia.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 elumbu. umb. mistério, enigma. le guennec; valente, 2010; wilson,

1954. malombo. quimb. carvão com que se pinta a cara em sinal de

luto. assis jr., [19--]. malembe, malombo. quimb. luto. maia, 1964.

malombo. Ver malongo.

malongo

 malongo,

,

malumbim. fruta. byrd, 2005, Patrocínio. malombo. vogt;

fry, 1996, Patrocínio. malongo, malumbim. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbongo. quic. fruto. cobe, 2010.

malumbim. Ver malongo.

malunga. Ver malungo.

malungo

 companheiro. simões, 2014, Espinho; byrd, 2005, Patrocínio. num primeiro

momento, o nome dado ao companheiro que veio no mesmo navio

negreiro. gonçalves, 1995, Jatobá. marungo. [companheiro] Muenha

cuna marungo/na Aruanda saravá/muenha cuna marungo/na Aruanda saravá.

Capitã Pedrina de Lourdes Santos. titane, 1999, Oliveira. malunga. da

mesma idade. vogt; fry, 1996, Patrocínio; machado fº, 1943, São João

da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 malungo. companheiro, irmão de barco. – (arcaico) o negro compa-

nheiro da embarcação de África; p. ext. irmão de criação ou irmão-

-de-leite. malunga. bracelete de ferro. – aguardente, cachaça. castro,

2001, Bahia.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 203 29/09/2021 13:49

204 Palavra banto em Minas

 malungo. companheiro que está na mesma condição ou pertence

ao mesmo dono ou fazenda. lopes, 2003; ferreira, 1975; silveira,

1975d, 1974; mendonça, 1973; bastide, 1971; beaurepaire-rohan, 1956;

soares, 1954; senna, 1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933; pires,

1921; apocalypse, [196-?]. malunga. argola. – aguardente. lopes, 2003;

ferreira, 1975; mendonça, 1973.

Ç malunga. amuleto de ferro forjado. Toquei o que virou ferro em brasa,

meu lunga, meu feitiço de autoridade, meu malunga pendurado no pescoço

tinha o peso do mundo e do medo. vieira, 2006a, p. 116. São sabedorias

antigas, este lugar tem força. Algumas pessoas são apoderadas pelos espíri-

tos, outras não. É um lugar muuuito forte! Tem malunga. pepetela, 2012,

p. 169. Malunga seria uma figurinha de madeiraque se fixa no leito de um

rio, perto da margem, entre rochas por exemplo, numa espécie de pequeno

santuário. pepetela, 2012, p. 172. ulungu. canoa. E quem parte a canoa,

vai com as tábuas (ubula ulungu, uia ni mabaia). ribas, 1973, p. 32.

 ulungo. quimb. lungu. quic. barco, embarcação. maia, 1964. malúnga.

quimb. argolas, pulseiras. maia, 1964. assis jr., [19--]. nlunga. quic.

argolas, pulseiras. cobe, 2010; maia, 1964. ochinunga, ocinunga. umb.

pulseira. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

mamaiove

 mãe. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 sua mãe. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mama. quimb. mãe. maia, 1964. ove, cove. umb. meu, teu. wilson,

1954. eye. umb. ele. wilson, 1954.

mamambelê

 seios. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 maman. ama de leite; ama-seca; aplicado às negras velhas. pires, 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 204 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 205

 mama. quimb. mãe. maia, 1964. mama. umb. minha mãe. le guennec;

valente, 2010.

mambi

 agulha. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 agulha, faca, fio, punhal, chifre. andrade fº, 2000, Cafundó; vogt; fry,

1996, Cafundó.

mambi do pelotão do ingômbi, mambi da caméria do ingômbi.

chifre. andrade fº, 2000, Cafundó.

mambi do sêngui. espinho. andrade fº, 2000, Cafundó.

 agulha. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

mambeme

 sem valor, pobre. Em Angola, nome dado a pessoas claras e ordiná-

rias. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 mambembe. inferior, de péssima qualidade. – lugar distante, desa-

bitado. senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo

mandembo

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego em Cássia, Pains, Palma, Passa-Tempo, Pedro Teixeira, Piau,

Piedade dos Gerais, Piracema e Santos Dumont; fazenda em Carmo

da Mata, Cristina, Nova Era, Oliveira, Pains, Pedro Teixeira, Perdi-

gão e Piau; ribeirão em Oliveira e Carmo da Mata; serra em Perdi-

gão; morro em Cristina; povoado em Carmo do Rio Claro. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 205 29/09/2021 13:49

206 Palavra banto em Minas

 mandembe. lugar de mata fechada e de difícil acesso. lopes, 2003.

mandembo, mandêmbe. topônimo. senna, 1938; 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

mamentos

 seios. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 mameto. nossa mãe. castro, 2001, Bahia.

 mamentos. seios. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mam’etu. quimb. nossa mãe. assis jr., [19--].

mamona

 fruto do qual se extrai o óleo de rícino. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 fruto do mamoneiro do qual se extrai o óleo de rícino. – topônimo.

lopes, 2003. ferreira, 1975; soares, 1954; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mono. quimb. rícino. maia, 1964; assis jr., [19--].

mandumba. Ver andambe.

mandinga

 feitiço. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Quem não pode com mandinga, não carrega patuá, fazer ou preten-

der algo além do que pode. – denominação de um povo do grupo

de língua mandê, do oeste-africano, que foi trazido para o Brasil

durante a escravidão. castro, 2001, Bahia.

 feitiçaria. – fechar o corpo tornando-o invulnerável por meio de bruxa-

ria. – obstáculos. – topônimo. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 206 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 207

mendonça, 1973; bastide, 1971; martins, 1969; soares, 1954; teixeira, 1946;

senna, 1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933; apocalypse, [196-?].

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mandinga. quimb. indignação, supertição. maia, 1964; assis jr., [19--].

mandingueiro

 feiticeiro. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Nomeia córrego em Itamarandiba, Lima Duarte, São João Del Rey;

localidade em Araçuaí; fazenda em Amparo da Serra, Uberaba e

Veríssimo. lima, 2012.

 mandinga. Quem não pode com mandinga, não carrega patuá, fazer ou

pretender algo além do que pode. – denominação de um povo do

grupo de língua mandê, do oeste-africano, que foi trazido para o

Brasil durante a escravidão. castro, 2001, Bahia.

 mandingueiro, mandinguento. aquele que faz ou pratica a

mandinga. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; bastide, 1971.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mandinga. quimb. indignação, supertição. maia, 1964; assis jr., [19--].

mandraca

 feitiço, treta, algo difícil de entender. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 bruxaria. castro, 2001, Bahia.

 bruxaria. lopes, 2003; ferreira, 1975; bastide, 1971; senna, 1938; 1921.

Ç Não encontrado

,

em registros da literatura angolana.

 ndoki. quic. mágica. cobe, 2010; maia, 1964.

mandragueiro

 o que aprecia ou faz feitiços, ilusões, tretas estranhas. gonçalves,

1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 mandraque + port. -eiro. castro, 2001, Bahia.

 alcunha ou apelido depreciativo. lopes, 2003; ferreira, 1975; senna,

1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ndoki. quic. mágica. cobe, 2010; maia, 1964.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 207 29/09/2021 13:49

208 Palavra banto em Minas

mangalô

 feijão de porco. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 mangalô. feijão de porco. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

soares, 1954; campos, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ongulu. umb. porco. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. olun.

porco. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. ngúlu. quimb.

porco; a carne desse animal. maia, 1964; assis jr., [19--]. ngulu ie vata.

quic. porco. maia, 1964. ngulu. quic. porco. cobe, 2010.

manganá. Ver ganga.

mangangá

 certo marimbondo feroz. – pessoa poderosa e perversa. gonçalves,

1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 pessoa importante, o manda-chuva, o maioral. castro, 2001, Bahia.

 o maioral. senna, 1938; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nganganji. quimb. mosca. maia, 1964; assis jr., [19--].

manganguera

 manguanguera, maganguera. sem gordura; carne magra. gonçalves,

1995, Jatobá.

ochito manganguera (carne sem gordura). machado fº, 1943, São João

da Chapada.

pipoquê manganguera (feijão sem gordura). machado fº, 1943, São

João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 manganguera. sem gordura. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

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Sônia Queiroz 209

 ngongonela. umb. magro. le guennec; valente, 2010.

manganjê. Ver imbanje.

mangar

 brincar fingindo seriedade, zombar. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 mangar, mangá. zombar, troçar, vangloriando-se; caçoar, afetando

seriedade. antunes, 2013; lopes, 2003; castro, 2001; raimundo, 1933.

Ç mangona. preguiça; calaceirice. O coração pipilava seu bater de mango-

nha, esperava. vieira, 1987, p. 68. mangonha. preguiça. Várias vezes

quis castigá-lo a sério, sacudir a mangonha, mas não se sentia capaz de

exercer violência sobre o jovem e o escravo abusava de sua benevolência

quase fraternal. pepetela, 2012, p. 142-143. Entretanto, Boneca regres-

sava da cozinha da casa onde passava a komba da velha Gina e essas nossas

conversar de mangona, com dois pratos na mão e, enquanto me estendia um

deles, prosseguiu naturalmente. santos, 1991, p. 29.

 mangonha. quimb. mentira. maia, 1964; assis jr., [19--].

mangira. Ver ongira.

mangonheiro

 vigarista, pessoa maliciosa. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 mangonha. mentira, hipocrisia, malícia, zombaria, trapaça.

mangona. preguiça, indolência. castro, 2001, Bahia.

 mangonha. mentira. lopes, 2003

Ç mangona. preguiça; calaceirice. O coração pipilava seu bater de mango-

nha, esperava. vieira, 1987, p. 68. mangonha. preguiça. Várias vezes

quis castigá-lo a sério, sacudir a mangonha, mas não se sentia capaz de exer-

cer violência sobre o jovem e o escravo abusava de sua benevolência quase

fraternal. pepetela, 2012, p. 142-143. Entretanto, Boneca regressava da

cozinha da casa onde passava a komba da velha Gina e essas nossas conver-

sar de mangona, com dois pratos na mão e, enquanto me estendia um deles,

prosseguiu naturalmente. santos, 1991, p. 29. mangonheira. árvore.

Ora, a manhã desse dia nasceu com as nuvens brancas – mangonheiras

no princípio; negras e malucas depois – a trepar em cima dos musseques.

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210 Palavra banto em Minas

vieira, 2006b, p. 11. mangonheiro. lento; preguiçoso; indolente.

Sempre que vavó adiantava xingar-lhe de mangonheiro ou suinguista, só

pensava em bailes […].vieira, 2006b, p. 14. Demorou quatro dias até entrar

na cidade, porued os dentes de elefante, […] se revelavam demasiado pesa-

dos para os três escravos e Mulende não era tão forte como os outros, além

de estar cava vez mais mangonheiro. pepetela, 2012, p. 142-143.

 mangonha. quimb. mentira. maia, 1964; assis jr., [19--].

manguera. Ver orelo.

manhanguá

 abóbora, com as variedades moganga, marimba e moranga. dornas

fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 abóbora. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 dinhângua. quimb. abóbora. maia, 1964; assis jr., [19--]. kinhêngua.

quic. abóbora. maia, 1964. etanga. olun. abóbora. etangankala. olun.

melancia grande. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

manhinga

 sangue. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

 manhinga. quimb. sangue. maia, 1964; assis jr., [19--].

manjangue. Ver imbanje.

manjirar. Ver injará.

manjuba

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q fazenda em Augusto de Lima. lima, 2012.

 pênis muito grande, de tamanho descomunal. castro, 2001, Bahia.

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Sônia Queiroz 211

 topônimo. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

mansabiqueiro

 corruptela de moçambiqueiro, desconfiado, matreiro. gonçalves,

1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 moçambique. nome genérico porque ficaram conhecidos negros do

grupo banto de fala majoritária ronga e chagada, que foram trazidos

de Moçambique, na Contra-Costa, para o Brasil, em número menos

significativo para o Nordeste. – dança folclórica brasileira, espécie de

bailado, que se encontra nas regiões centro-oeste e sudeste do Brasil.

castro, 2001, Bahia.

 moçambique. dança afro-brasileira. – topônimo. lopes, 2003; ferreira,

1975; mendonça, 1973; senna, 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 musambi. quimb. saltareio. maia, 1964; assis jr., [19--]. musambe.

quimb. oração; aquele que diz orações. assis jr., [19--]. nsambu.

quic. oração, benção. cobe, 2010; maia, 1964. esambo. olun. oração.

okusamba. olun. orar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896. Ver

maçambique.

mapoim. Ver mapuim.

mapôra. Ver tiporê.

maporé. Ver tiporê.

mapuana. Ver mapuim.

mapucá

 mosquito e outros animais. dornas fº, 1938, Itaúna.

mapucá do sengue. onça, veado (o que mora no mato). dornas fº, 1938,

Itaúna.

mapucá de curiá camugo. gato (o bicho que come rato). dornas fº,

1938, Itaúna.

mapucá de omenha. jacaré (o que mora n’água). dornas fº, 1938,

Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 211 29/09/2021 13:49

212 Palavra banto em Minas

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado

,

em registros da literatura angolana.

 epuka, ocipuka. umb. bicho. le guennec; valente, 2010. wilson, 1954.

puka. quimb. vuka. quic. bicho. maia, 1964.

mapuim

 mapuim, mafuim. óleo, gordo. vogt; fry, 1996, Patrocínio. farinha

de mandioca. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. mapoim,

mapuio. farinha. vogt; fry, 1996, Patrocínio. mapuana. dornas fº,

1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 mafuim, mapuim. farinha. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

mapuio. Ver mapuim.

marafa

 marafa, marafo. cachaça. byrd, 2005, Patrocínio. marafa. aguar-

dente. Na bolsa dele tinha essas raiz e a marafa. pereira, 2005; vogt; fry,

1996, Patrocínio. malavo, malavra. dornas fº, 1938, Itaúna. marafa,

malafo. gonçalves, 1995, Jatobá. marafa. cachaça. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

marafa de uíque. cerveja. byrd, 2005, Patrocínio.

marafa de vinhango. cachaça. byrd, 2005, Patrocínio.

omenha de marafo. cachaça. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 marafo, malafa, marufo. cachaça, bebida votiva de Exu e caboc(l)o.

castro, 2001, Bahia.

 marafo. aguardente. lopes, 2003; ferreira, 1975. marufo. vinho de

palma. raimundo, 1933.

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Sônia Queiroz 213

Ç marufo. vinho de sumo de caju, ou de seiva de matebeira, palmeira,

palmito ou bordão (também maruvo ou maluvo). Bananeirado, todo

em palmares de marufo por panguilas e muíjes, de seixado benzer, cris-

tão […]. vieira, 2006a, p. 20. maluvo. A comida e o maluvo eram da

responsabilidade do Mani-Luanda. E no caso da maluvo, sim, teriam de

ser quantidades grandes, pois os axiluanda preferiam essa bebida ao vinho

dos europeus. pepetela, 1999, p. 95-96. O vigário voltou a se servir do

maluvo. Preferia vinho de uva, como qualquer bom português, no entanto…

sorte dele apenas ter pensado sem o expressar, poderia ofender o kamba, um

grande português, dos mais antigos também naquela conquista de Angola,

tendo vindo moço para a terra, antes mesmo de Luanda existir. pepetela,

2012, p. 22. Em nova busca, entregou à semelhante um balaio, depôs uma

cabaça de maluvo de caju sobre um pedaço de madeira. ribas, 1973, p. 30.

Acabaram-se o funje e o maluvo. Fumaram em silencio, observando-se.

pepetela, 1982, p. 171. Não queremos complicação nem doença – e despeja

uma mistura de quitoto e maluvo, contida noutra botelha, e ministra nove

filamentos de vassoura, laçados pela cabanda nesse lapso de tempo. ribas,

1985, p. 121.

 maluvu, malufu. quimb. vinho de palma. maia, 1964; assis jr., [19--].

malavu. quic. vinho de palma. maia, 1964. malavu ma nsamba. quic.

vinho de palma. cobe, 2010. alufu. umb. vinho de palmeira. le guen-

nec; valente, 2010.

marafo. Ver marafa.

marafoná(r)

 beber, embriagar. byrd, 2005, Patrocínio. marafonar vogt; fry, 1996,

Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 marafo, malafa, marufo. cachaça, bebida votiva de Exu e caboc(l)o.

castro, 2001, Bahia.

 marafo. aguardente. lopes, 2003; ferreira, 1975. marufo. vinho de

palma. raimundo, 1933.

Ç marufo. vinho de sumo de caju, ou de seiva de matebeira, palmeira,

palmito ou bordão (também maruvo ou maluvo). Bananeirado, todo

em palmares de marufo por panguilas e muíjes, de seixado benzer, cris-

tão […]. vieira, 2006a, p. 20. maluvo. A comida e o maluvo eram da

responsabilidade do Mani-Luanda. E no caso da maluvo, sim, teriam de

ser quantidades grandes, pois os axiluanda preferiam essa bebida ao vinho

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214 Palavra banto em Minas

dos europeus. pepetela, 1999, p. 95-96. O vigário voltou a se servir do

maluvo. Preferia vinho de uva, como qualquer bom português, no entanto…

sorte dele apenas ter pensado sem o expressar, poderia ofender o kamba, um

grande português, dos mais antigos também naquela conquista de Angola,

tendo vindo moço para a terra, antes mesmo de Luanda existir. pepetela,

2012, p. 22. Em nova busca, entregou à semelhante um balaio, depôs uma

cabaça de maluvo de caju sobre um pedaço de madeira. ribas, 1973, p. 30.

 maluvu, malufu. quimb. vinho de palma. maia, 1964; assis jr., [19--].

malavu. quic. vinho de palma. maia, 1964. malavu ma nsamba. quic.

vinho de palma. cobe, 2010. alufu. umb. vinho de palmeira. le guennec;

valente, 2010.

marafonar. Ver marafoná(r).

marafunda. Ver barafunda.

marango. Ver ongoró.

marangola(o). Ver ongoró.

marangombe

 marangombe, maria-gomes. certa verdura que se come com angu e

feijão. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 mariangombe. erva da família das portulacáceas, também conhecida

por língua de vaca. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; soares,

1954; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 madimi. quimb. línguas. maia, 1964. ngombe. quimb. boi. maia, 1964;

assis jr., [19--]. ongombe. umb. boi. le guennec; valente, 2010; wilson,

1954. olun. boi, vaca. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

marauangue

 marauangue, marruangue. criança, menino. vogt; fry, 1996, Milho

Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 214 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 215

 marauangue. criança. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

maravi

 planeta Terra. O rei Kimba chegou perto dos brinquedos, deu um urro

tão forte que a maravi tremeu. gonçalves, 1995, Jatobá. maravir. terra.

machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

maravir. Ver maravi.

maria-gomes. Ver marangombe.

marimba

 xilofone, balafo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Nomeia lagoa em Bocaiúva e Guaraciama. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 espécie de xilofone. – piano velho. – coisa insignificante. – topônimo.

lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; soares, 1954;

senna, 1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 marimba. quimb. instrumento musical. – música. maia, 1964; assis jr.,

[19--].

marimbeiro

 Não encontrada nos registros de falares, cantos e contos africanos em

Minas Gerais.

q córrego e fazenda em Cambuquira. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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216 Palavra banto em Minas

 espécie de xilofone. – piano velho. – coisa insignificante. – topônimo.

lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; soares, 1954;

senna, 1938; 1921; laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 marimba. quimb. instrumento musical. – música. maia, 1964; assis jr.,

[19--].

marimbo

 espécie de jogo de cartas, em que o parceiro que perde é chamado

de pai de marimbo. Daí a expressão corrente ser pai de marimbo – pagar

por todos, marchar com as despesas. machado fº, 1943, São João da

Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos

,

abrimos verbetes a partir do glossário de palavras de origem afri-

cana encontradas nos contos orais, que integra a tese de Doutorado de Josiley

Francisco de Souza, Do canto da voz ao batuque da letra; do levantamento

de topônimos realizado por Emanoela Lima na dissertação de Mestrado

Toponímia africana em Minas Gerais; e da dissertação de Éverton Machado

Simões, África Banta na região Diamantina. Escolhemos para entrada dos

verbetes a variante oral registrada mais recentemente. Finalmente, foi

necessário realizar uma triagem nos verbetes para excluir palavras que

consideramos de origem portuguesa ou iorubá, uma vez que só nos inte-

ressam aqui as palavras de origem banto. Excluímos também palavras que

não foram encontradas em nenhuma outra fonte pesquisada e sobre as

quais não temos nenhuma evidência da origem banto. Em função dessas

escolhas, algumas palavras de origem banto usadas em Minas, e mesmo

dicionarizadas, como muxoxo, não estão inseridas neste glossário, por não

terem registro em nenhuma das fontes usadas para abertura de verbete.

É importante esclarecer ainda que, em algumas passagens da literatura

angolana, o autor coloca provérbios ou canções e traz a tradução entre

parênteses ou em nota de rodapé. Nesses casos foi preciso colocar todo o

texto em língua africana e inserir a tradução feita pelo autor entre parênte-

ses e sem itálico, como é o caso da palavra bambi com o significado de frio.

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Sônia Queiroz 23

Abreviaturas

euf. eufemismo.

fig. sentido figurado.

interj. interjeição.

lit. literalmente.

olun. olunyaneka.

p. ext. por extensão.

pl. plural.

pop. popular.

port. português.

quic. quicongo e seu conjunto de dialetos.

quimb. quimbundo e seu conjunto de dialetos.

umb. umbundo.

Símbolos

Registros de falares, cantos e contos de origem africana em

Minas Gerais.

q Registros de nomes de lugares de origem africana em Minas

Gerais.

 Registros de falares africanos em outras regiões do Brasil.

 Africanismos registrados em dicionários e glossários brasileiros.

Ç Registros de palavras africanas na literatura angolana.

Registros em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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Glossário

A

abife

 abife, abifo. feio. queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 m’bi. quic. feio. cobe, 2010. ambi. quic. horrível. cobe, 2010; maia, 1964.

abifo. Ver abife.

acatito. Ver catito.

acuêto. Ver cueto.

acuro. Ver macuca.

adufe

 adufe, adufo. couro de gato, pandeiro. byrd, 2005, Patrocínio; vogt;

fry, 1996, Patrocínio e Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 adufo. pandeiro, tambor. andrade fº, 2000, Cafundó.

adufo. tamborim. bastide, 1971; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

adufo. Ver adufe.

afochê

 espingarda. byrd, 2005, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 vogt; fry, 1996, Cafundó.

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26 Palavra banto em Minas

Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

aiêto

 grande. byrd, 2005, Patrocínio. vogt; fry, 1996, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

aiê. festa de ano novo, entre os nagôs. ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

aiovê. Ver iovê.

aiuê. Ver iauê.

alume

 homem. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 alombe. pessoa negra. alumbe. castro, 2001, Bahia. indombe.

escuro, escuridão. castro, 2001, Bahia.

alumbe, alume. homem. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ulume. umb. homem. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

omulume. olun. homem. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

ambuá

 ambuá, arambuá, embuá, imbuá. cachorro. byrd, 2005, Patrocínio.

anguá. cachorro. nascimento, 2003, São João da Chapada. cambuá.

Cambuá avura num dá pra mim não, uai. Cachorro grande num dá pra mim

não, uai. queiroz, 1998, Tabatinga. ambuaianque. vogt; fry, 1996, Milho

Verde. imbuá. cão, cachorro, cadela, gato. vogt; fry, 1996, Alfenas,

Milho Verde e Patrocínio. ombuá. cachorro. gonçalves, 1995, Jatobá.

ambuá, arambuá, embuá. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo;

omboá. Ai! Omboá, ê! machado fº, 1943, São João da Chapada. m’boá.

dornas fº, 1938, Itaúna.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 26 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 27

cambuá do sengue. lobo, raposa (lit. cachorro do mato). queiroz, 1998,

Tabatinga.

imbuá de sengo. lobo (guará). byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

imbuá-sanguê. Nem o imbuá-sanguê, nem o Kimboto e muito menos o guembê

não entenderam onde é que a ladina lagartixa queria chegar com aquela fala.

cachorro do mato. gonçalves, [1994].

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 imbuá. cachorro. castro, 2001, Bahia. arambuá. cachorro. andrade fº,

2000, Cafundó; vogt; fry, 1996, Cafundó.

Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç câmbua. cachorro. Para seres sempre lembrado, o nome do primeiro filho

será o teu: câmbua – intervém o quimbanda. ribas, 1973, p. 58.

 ombua. umb. cachorro. wilson, 1954. okambwa. umb. cachorro.

leguennec; valente, 2010. ímbua, kâmbua. quimb. cachorro. maia,

1964; assis jr., [19--]. mbua. quic. cão. cobe, 2010; maia, 1964.

ambuaianque. Ver ambuá.

amera

 rosto. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Milho Verde.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 caméria. rosto. andrade fº, 2000, Cafundó; cara, rosto. vogt; fry, 1996,

Cafundó.

caméria caiapêmbi. rosto feio, assustador. andrade fº, 2000, Cafundó.

coçumbadô da caméria. fotógrafo, filmadora, máquina fotográfica.

andrade fº, 2000, Cafundó.

coçumbadô e cupopiadô da caméria e do nhoto. televisão. andrade

fº, 2000, Cafundó.

Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 omela. umb. boca. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. mwelo.

quic. boca. cobe, 2010.

amundá. Ver camundá.

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28 Palavra banto em Minas

andambe

 andambe, indambe. mulher; palavra feia. simões, 2014, Milho Verde.

indumba. moça. byrd, 2005, Patrocínio. andambe. mulher. nasci-

mento, 2003, São João da Chapada. indumba. mulher, moça. vogt;

fry, 1996, Patrocínio. indame. fogo, mulher. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo. indamba. [mulher] Ê inganazamba punga auê.../

auê, auê, ô... /ô indamba angananzambi punga auê... Capitão João Lopes.

lucas, [1990], Jatobá. andambi, mdambi. mulher. Andambi, ucumbi u

atundá. Curima aiô mdambi. machado fº, 1943, São João da Chapada.

mandumba. dornas fº, 1938, Itaúna.

andambe ocaio. mulher da vida livre. simões, 2014, Milho Verde.

indame de sukano. moça namoradeira. virgem. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

indame oteka. mulher preta. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

indame sucanada. mulher casada. batinga, 1994, Alto

,

registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 marimbo. jogo de cartas. lopes, 2003. topônimo. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 madimu. quimb. esperteza. maia, 1964. marimu. quimb. esperteza.

assis jr., [19--].

marimbondo

 vespa. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Nomeia córrego em Araguari, Brás Pires, Buenópolis, Campina

Verde, Conquista, Coronel Murta, Eugenópolis, Ingaí, Muriaé, Naza-

reno, Ouro Branco, Pedro Leopoldo, Quartel Geral, Rio Doce; Sacra-

mento, Salinas, São Pedro da União, Soledade de Minas, Taiobeiras,

Uberaba, Uberlândia e Veríssimo; fazenda em Araguari, Brás

Pires, Campina Verde, Conquista, Coqueiral, Frutal, Jequitinhonha,

Lambari, Luminárias, Luz, Passos, Rio doce, Sacramento, São Pedro

da União, Soledade de Minas, Taiobeiras, Teixeiras e Veríssimo; loca-

lidade em Açucena, Araguari, Buenópolis, Frutal, Raul Soares, São

Pedro dos Ferros, Uberlândia; povoado em Santa Rita do Itueto e

São João do Oriente; Ribeirão em Boa Esperança e Frutal; e serra

em Campina Verde, Frutal e Gurinhatã. marimbondinho. Nomeia

córrego em Conquista. marimbondos. Nomeia serra em São Pedro

da União. lima, 2012.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 216 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 217

 vespa. – comida feita a base de carne desfiada. lopes, 2003; castro,

2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; beaurepaire-rohan, 1956; soares,

1954; gomes, 1948; teixeira, 1946; senna, 1938; laytano, 1936; raimundo,

1933.

Ç marimbondo. espécie de vespa. Marimbondos saem malucos dos ninhos

deles, nos cajueiros. vieira, 2006b, p. 22. […] quando se ouvia zunir os

marimbondos, suas vizinhas, abespinhadas: ‒ Estão a ver…? Esse diabo de

mulher realmente não tem modos… santos, 1991, p. 41.

 madimbondo. quimb. vespas. marimbondo. quimb. vespeiro. maia,

1964; assis jr., [19--]. elimbondo, elimbondwe. umb. vespas. le

guennec; valente, 2010. embondue. olun. vespa. diccionario Portu-

guez-Olunyaneka, 1896.

marolo

 articum, cabeça de negro. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 maroleiro. articum. lopes, 2003; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

marru. Ver mavu.

marruangue. Ver marauangue.

massambala

 milho. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 massambará. milho. – topônimo. soares, 1954; senna, 1938. maçambará.

sorgo. ferreira, 1975.

Ç massambala, mbala. sorgo; milho miúdo. Maria pensava a chuva, estava

cheirar a chuva que vinha, e os grandes campos do planalto apareciam nos seus

olhos, em baixo duma cortina de água alagando tudo, mas depois verdejava

o capim, o milho, o massango, a massambala. vieira, [19--], p. 59. Tinham

encontrado alguns arbustos de jindungo, carregados, mangueiras sem frutos,

nem vestígios de massango ou massambala, antes uma árvore-pão bem cheia.

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218 Palavra banto em Minas

pepetela, 2012, p. 200. A Catidi vai já lhe trazerem no rapaz dele, depois de

cortar a mbala. xitu, 1984, p. 69.

 masambala. quimb. sorgo, milho. maia, 1964; assis jr., [19--]. masa.

quic. milhos. masa ma mbala. quic. sorgo. cobe, 2010.

massangano

 encruzilhada. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 topônimo. senna, 1938; 1921. massango. na África ocidental, trata-se

do ponto de confluência de dois rios. soares, 1954.

Ç massangano. confluência. […] eis deixo lhe ir, vai meu Lukala – até dar

encontro em nosso Kwanza, todo ele de braços-abertos, nas três bocas de

massangano. vieira, 2006a, p. 17. região de Angola. Gertrudes casou

há quatro anos com Manuel Pereira, hoje feitor de uma plantação perto de

Massangano, onde vivem. pepetela, 1999, p. 22. Para mim, foi Manuel

Cerveira Pereira o mandante escondido no meio do exército de Massangano,

mas, cala-te boca, só os mudos têm vida larga. pepetela, 2012, p. 10.

 masanganu. quimb. confluência, foz. maia, 1964; assis jr., [19--].

nsangana. quic. confluência. cobe, 2010.

massangue

 massangue, assangue. arroz. simões, 2014, Milho Verde. massango,

massongo, massuango. arroz. byrd, 2005, Patrocínio. massangue.

nascimento, 2003, São João da Chapada. assangue, assango, assen-

gue, imassano, missangue. Ah, nóis temo que curiá o assango memo

com camberela, tipoquê, pó de bugue. Ah, nóis temo que comê o arroiz

memo com carne, feijão, farinha de milho. queiroz, 1998, Taba-

tinga. massongo, massuango. vogt; fry, 1996, Alfenas e Patrocínio.

massango. gonçalves, 1995, Jatobá; dornas fº, 1938, Itaúna. musango,

mussunango, massango. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triâgulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 maçango. arroz. andrade fº, 2000, Cafundó. massango, massongo,

massuango. arroz. vogt; fry, 1996, Cafundó e Mogi das Cruzes.

 massango. gramínea. soares, 1954.

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Sônia Queiroz 219

Ç massango. painço. Maria pensava a chuva, estava cheirar a chuva que

vinha, e os grandes campos do planalto apareciam nos seus olhos, em baixo

duma cortina de água alagando tudo, mas depois verdejava o capim, o

milho, o massango, a massambala. vieira, [19--], p. 59. Por hábitos ances-

trais, os escravos cultivavam um pouco de massango em zonas escondidas

do patrão, para seu próprio sustento […]. É claro que o meu dono não

sabia apreciar o sabor incomparável de um funji de massango. pepetela,

1999, p. 113. Preferia vinho de palma ou kissângua de massango. Se eu

lhe desse jeribita, então, teria dado urros de contentamento. pepetela,

2012, p. 191. Umas mulheres faziam pirão de massango, outras de milho.

pepetela, 1981, p. 08.

 masangu. quimb. cereal alimentício. maia, 1964; assis jr., [19--].

massaroca. Ver mossoroca.

massena. Ver ocema.

massongo. Ver massangue.

massuango. Ver massangue.

massurungo

 mato. vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 massurungo. mato. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

mataco

 bunda. byrd, 2005, Patrocínio. mataco, otaco, taco. gonçalves, 1995,

Jatobá. itaco. assento, ânus. Consignando mataco, diz Renato Mendonça:

assento, coxas. termo chulo, usado entre os negros. machado fº, 1943, São

João da Chapada.

q Nomeia córrego em Monte Alegre de Minas. lima, 2012.

 matácu. vagin*. andrade fº, 2000, Cafundó. mataco. vagin*. vogt;

fry, 1996, Cafundó.

 nádegas. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973;

senna, 1938; laytano, 1936; raimundo, 1933.

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220 Palavra banto em Minas

Ç mataco, mataku. bunda. Quem lhe pôs palmatória foi mesmo Mandombe

e João. Lhe deram cem. Nos pés, nas mãos, no mataco. vieira, [19--], p. 34.

A de panos às riscas… a que tem o mataco empinado como o pilão para

tatamentos de Muene-congo. ribas, 1985, p. 116. Habituada a defender-se

das quimbionas dos rapazes da Peça, Boneca eriçou os modos de galhinha

cassafo e hesitou, entre o insulto de ofender a mãe do velho cangundo e a

esperança na recção do pai quando, na sua frente, o comerciante […] lhe

apalpou de abuso no mataco. – Tens aqui uma mulheraço e peras…! santos,

1991, p. 32. Sacudia-se e batia com a palma da mão no mataku. xitu,

1984, p. 80.

 mataku. quimb. nádegas. maia,

,

Paranaíba/

Triângulo.

amparo de indame. sapato. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 indumba. prostituta. – hom*ossexual. castro, 2001, Bahia. indam,

indumbe. mulher. vogt; fry, 1996, Mogi das Cruzes.

 indambe, indumba. mulher. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 andumba. quimb. moças. ilumba. quimb. mulher, moça. kalumba.

quimb. moça. ndumbu. quimb. prostituta. ndumbe. quimb. noviça.

maia, 1964; assis jr., [19--]. kandumba. quic. moça. maia, 1964.

ndumba. quic. moça. cobe, 2010. ondambi. umb. mulher bonita. le

guennec; valente, 2010.

andambi. Ver andambe.

andarau. Ver dandara.

andaru

 fogo. simões, 2014, Milho Verde. indaro. fogo, amarelo, verdelho.

byrd, 2005, Patrocínio. undara, undaro, sundaro, indaro. fogo. Ma

caxava ele [o tipoquê] no undara, uai. Ma secava ele [o feijão] no fogo,

uai. – ouro. Eu caxo undara no injequê. Cê tamém caxa? Eu tenho ouro

na boca. Cê tamém tem? queiroz, 1998, Tabatinga. andaro, andaru.

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Sônia Queiroz 29

fogo. vogt; fry, 1996, Patrocínio. ondara. fogo. gonçalves, 1995,

Jatobá. indaro. fogo, luz, sol. vogt; fry, 1996, Patrocínio; amarelo.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. anduro, ondara. machado

fº, 1943, São João da Chapada. andaro, undáro, undarú. dornas fº,

1938, Itaúna.

indaro de cumba. sol. byrd, 2005, Patrocínio.

indaro de cumba imbuno. lua. byrd, 2005, Patrocínio.

andaru-krepu-nzambi. relâmpagos (literalmente fogo nas mãos de Deus)

O passarinho ficou zonzo e zureta, surdo de tantos keremiró e andaro-krepu-

Nzambi. gonçalves, [1994], Jatobá.

mokó de indaro. revólver. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 undaro. fogo. castro, 2001, Bahia. andaru. fogo. luz, raio. andrade fº,

2000, Cafundó.

andaru vavuro do injequê do vava do injó de Alá. raio. andrade fº,

2000, Cafundó.

andaru vavuro do orofim do sêngui. fogueira. andrade fº, 2000,

Cafundó.

 andaro, indaro. fogo. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ondalu. umb. fogo. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. ndalu.

quic. fogo. maia, 1964.

anduro. Ver andaru.

angana. Ver ganga.

anganaiôve. Ver gananzambi.

angananzambê. Ver gananzambi.

anganazambê-opungo. Ver gananzambi.

angana-nzambi. Ver gananzambi.

angana-zambi-opungo. Ver gananzambi.

angerê. Ver oranjê.

angico

 nome comum a várias árvores da família leguminosa. gonçalves,

1995, Jatobá.

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30 Palavra banto em Minas

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 anjico. antiga nação africana no Brasil. castro, 2001, Bahia.

 angico. grupo étnico; – nome de uma árvore. lopes, 2003; castro,

2001; brandão, 1968; senna, 1938; laytano, 1936.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

angiquê. Ver injeque.

angira. Ver ongira.

angôia

 balainho de taquara com sem*ntes; instrumento musical do candom-

blé e do jongo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 angóia. instrumento musical usado no jongo ou no batuque, feito

com cabaça, lata ou cesta com pedras dentro. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ongwaya. umb. cabaça que contém grãos e serve de guizo para usos

superticiosos. le guennec; valente, 2010.

angola

 [país africano] Eu vem lá da Angola passei ni Aruanda/conenga agora

chegô lá no injó/ê no injó de jequê me conenga tata/aqui nesse reino conengô

tata/ ê conengô com tata lá no injó de jequê/aqui nesse reino no injó de jequê.

Capitão Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes. Mandei lá

na Angola buscar minha pai/buscar minha pai, buscar minha pai, oia lá/

eu canto meu ponto, meu pai vai chegar/me chora ingoma. Capitão Julio

Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes. Aqui nesse reino papai é

rebolo/ ê nhonhó, mamãe é criola/oia papai, papai é rebolo/papai é rebolo,

nasci lá na Angola/aqui nesse reino aprendeu falá língua/eh irmão, língua

de criolo. Capitão Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes.

Oia eu vim lá de Angola/eu vim aqui curimá/ah, eu vim do calunga/eu vim

aqui trabucá. Capitã Pedrina de Lourdes Santos. titane, 2008, Oliveira.

fumo-de-angola. cannabis sativa. gonçalves, 1995, Jatobá.

milho-de-angola. sorgo. gonçalves, 1995, Jatobá.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 30 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 31

q Nomeia córrego em Aimorés, Alpinópolis, Andradas, Bambuí,

Caparaó, Carmo do Paranaíba, Conceição do Pará, Espera Feliz,

Itamoji, Jeceaba, Passos, Rio Paranaíba, Santo Antônio do Grama,

São Sebastião do Paraíso Seritinga, e Turvolândia. Nomeia fazenda

em Alpinópolis, Campanha, Campos Gerais, Carmo do Paranaíba,

Gurinhatã, Jeceaba, Monte Santo de Minas, Passos, Rio Paranaíba,

Santo Antônio do Grama, São Tomás de Aquino, Seritinga, Soledade

de Minas, Três Corações. Nomeia localidade em Conceição do Pará.

Nomeia povoado em Aimoré. Angolinha. Nomeia córrego em Argirita,

Campo do Meio, Campos Gerais, Carmo do Rio Claro, Jeceaba,

Leopoldina e São Sebastião do Paraíso. Nomeia fazenda em Perdizes

e Uberlândia. lima, 2012.

 nação-de-candomblé, de tradição e terminologia religiosa de base

canto. – ritmo de Dandalunda e Oxum. castro, 2001, Bahia.

 angola, ngola. país africano onde se fala quimbundo, quicongo e

umbundo, três das principais línguas africanas trazidas para Brasil

pelos negros escravizados. – aqueles que são naturais desse País. –

capim d’Angola; panicum guineense. castro, 2001; soares, 1954; senna,

1938; 1921; laytano, 1936.

Ç angola, ngola. país africano. E para trás, no sentido do oriente, se via a

entrada da terra, o reino que Ngola Kiluanje unificou, a pátria dos Ngola,

a minha. pepetela, 1999, p. 19. Com essas ideias e imposições iam enfra-

quecendo o Kongo, roendo-o por dentro como fazem os ratos ou a formiga

salalé. E era esperança do governador enfraquecer da mesma maneira o

vizinho reino do Ngola. pepetela, 2012, p. 14. As mãos da camarada profes-

sora María tremiam ao agarrar as mãos do marido dela como se, naquele

gesto, eles conseguissem agarrar as mãos de todos os alunos que ele tinham

ensinado aqui em Angola. ondjaki, 2007, p. 122. […] dona Gi é que tivera

a ideia, pois, em Angola uma pessoa que vai tratar de um assunto de família

com parentes do mato, deve levar panos para oferecer em momentos de afeto,

numa noite estrelada quando alguém mais velho vai contar uma estória junto

à fogueira […]. rui, 2013, p. 41. Sim, aconteceu numa localidade de Angola.

Por isso, esta história é uma história de história. ribas, 1973, p. 114.

 ngola. quimb. refere-se ao nome do país. maia, 1964. ngola. quic.

angolano. cobe, 2010.

angoma. Ver ingoma.

angora. Ver ongoró.

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32 Palavra banto em Minas

anguá. Ver ambuá.

anguê

 onça. anguê i cuatá ô orocogombe. a onça pega o boi. machado fº, 1943,

São João da Chapada.

anguê-kuatá. onça. O anguê-kuatá, o kangulo-sanguê e o dumbo gritavam

que eram eles. gonçalves, [1994], Jatobá.

angucê-cuatá. onça. gonçalves, 1995, Jatobá.

ongucê-cuatá. onça. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ongwe, ongué. umb. onça. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

ngo. quimb. onça. assis jr., [19--]. ingo. quimb. onça. maia, 1964. ngó.

quic. onça. cobe, 2010; maia, 1964. ongue. olun.

,

leopardo. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896.

anguro, anguru. Ver canguro.

anzambe, anzambê, amzambi. Ver gananzambi.

anta

 tapir. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 tapir. pessoa astuciosa. senna, 1938; laytano, 1936.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

antipossoca. Ver tiapossoca.

apiá

 roça. dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

MIOLOSCIELO_palavra_banto_em_minas.indd 32 29/09/2021 13:49

Sônia Queiroz 33

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 díbia. quimb. roça, propriedade. évia. quic. lavra, arimbo. maia, 1964.

vya. quic. lavra. cobe, 2010. epya. umb. propriedade agrícola. le guen-

nec; valente, 2010.

aporé. Ver tiporê.

apumbo

 milho. nascimento, 2003, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 epungu, epungo. umb. milho. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

epungu. olun. milho. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

aquenhe. Ver aquenjê.

aquenjê

 aquenjê, aquenhe. menino. Tuca, tuca, aquenhe verome. camuquengue.

moleque. machado fº, 1943, São João da Chapada.

aquenjê verome. rapazinho. Ao que parece temos nesse vocábulo elemento

vernáculo; assim: Aquenjê ver home, ou seja, menino que já se vê, que é o

mesmo que ver homem. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas

Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

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34 Palavra banto em Minas

Ç mukwenje. criança, rapaz. Mulende já não sabia exatamente de onde

tinha vindo quando mukwenje, apenas ser do leste, mas isso era muito terra,

travessia de muitos rios. pepetela, 2012, p. 173.

 ukuenje. umb. moço, rapaz. wilson, 1954. ukuenje. umb. criado.

le guennec; valente, 2010. omukuendye. olun. rapaz. diccionario

Portuguez-Olunyaneka, 1896. kamukembi. quimb. que serve de alco-

viteiro. assis jr., [19--].

arambuá. Ver ambuá.

arangome.Ver ongoró.

aranguão. Ver ongoró.

aranjê. Ver oranjê.

arapôssi

 sentar. gonçalves, 1995, Jatobá. possi. machado fº, 1943, São João da

Chapada.

araposse-arapossí. descanso, repouso. machado fº, 1943, São João da

Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

arasangue. Ver sanjo.

arengá

 tarefa. Nas minerações, o patrão, pela urgência do serviço, ou para

dar folga ao pessoal, costuma dar algum encargo de tarefa, que pode

terminar antes ou depois da hora habitual. Arengá sendê, sendê, nda

cuca ai, sanduê rê. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 arénga. tarefa. lopes, 2003; [?] senna, 1938.

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Sônia Queiroz 35

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 okulinga. umb. executar. le guennec; valente, 2010. okuringa. olun.

fazer, trabalhar. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

arigó

 pessoa atrasada. byrd, 2005, Patrocínio. vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

arimuta. Ver arumute.

aringa

 cerca bem fechada. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 agrupamento, senzala. castro, 2001, Bahia.

 local protegido, cercado. lopes, 2003; mendonça, 1973; senna, 1938; 1921.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 nzinga. quic. cerco. maia, 1964.

ariporê. Ver tiporê.

ariranha

 fumo. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio. orimanha.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. arivanha. cigarro. batinga,

1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

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36 Palavra banto em Minas

arivanha. Ver ariranha.

arongó. Ver ongoró.

aruanda

 variação de Luanda, antigo reino banto; atualmente, a capital de

Angola. Eu vem lá da Angola passei ni Aruanda/conenga agora chegô lá

no injó/ê no injó de jequê me conenga tata/aqui nesse reino conengô tata/

ê conengô com tata lá no injó de jequê/aqui nesse reino no injó de jequê. Capi-

tão Julio Antônio Filho. rios; corrêa, 2008, fa*gundes; Muenha cuna

marungo/na Aruanda saravá/muenha cuna marungo/na Aruanda saravá.

Capitã Pedrina de Lourdes Santos. titane, 1999, Oliveira. luanda.

festa. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 aruanda. a África mítica, termo que aparece frequentemente em

cânticos rituais e do folclore afro-brasileiros, como nos versos:

Quando eu vim de Aruanda ou Eu sou negro de Aruanda. castro, 2001.

 luanda. capital de Angola. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1997;

senna, 1938.

Ç luanda. capital de Angola. Ainda por cima, nunca tinha estado em

Luanda senão por dias esparsos, sempre metido nas guerras do mato. pepe-

tela, 2012, p. 16. Nessa altura, em Luanda, não apareciam muitos brin-

quedos nem coisas assim novas. ondjaki, 2007, p. 24. […] via bem as luzes

de Lisboa, o Tejo, uma trança na boca, repensando Amesterdão de onde saíra

e, finalmente, tomou consciência de que só naquele momento assumir que

estava a viajar para Angola, mais propriamente para Luanda. rui, 2013,

p. 9. Não hão-de saber nada. Do Rangel ao Catambolo é longe, e Luanda é

grande. xitu, 2011, p. 50. Ê! Aqui em Luanda , não se pode duvidar das estó-

rias, há muito coisa que pode acontecer e há muita coisa que, se não pode,

arranja-se uma maneira de ela acontecer. ondjaki, 2006, p. 108. kaluanda.

morador de Luanda. O kaluanda se sentiu no entando apanhado numa

ratoeira. […] Não sabia realmente responder à pergunta, que faz aqui?.

pepetela, 2012, p. 14. Percorrera isso tudo em turista, em cima das carrei-

ras de passageiros, altivo pela visão de cima e pelas suas pretensões de jovem

kaluanda. pepetela, 1982, p. 177.

 luanda. quimb. embaixada, alfândega. topônimo. maia, 1964; assis jr.,

[19--].

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Sônia Queiroz 37

arumute

 arumute, urumute. abóbora. queiroz, 1998, Tabatinga. arimuta.

dornas fº, 1938, Itaúna.

q Não encontrada

,

nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 umutu. umb. abóbora. le guennec; valente, 2010. umbutu. olun.

melancia. diccionario Portuguez-Olunyaneka, 1896.

arunanga. Ver urunanga.

arundanga. Ver urunanga.

arunganga. Ver ganga.

arungo. Ver urungo.

assango. Ver massangue.

assangue. Ver massangue.

assemá

 assemá, ossemá. céu. simões, 2014, Milho Verde. assemá. céu. nasci-

mento, 2003, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

assengue. Ver massangue.

assenguê

 banheiro, mato. byrd, 2005, Patrocínio. sengue, sengo, senguê. mato,

floresta. byrd, 2005, Patrocínio. senjo. propriedade, fazenda. byrd, 2005,

Patrocínio. sengue. mato. Se esse cuete injirá com essa ocaia pro sengue,

eu vô caxá nele imbuete. Se esse cara fô com essa mulhé pro mato, eu

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38 Palavra banto em Minas

vô metê o pau nele. queiroz, 1998, Tabatinga; mato, floresta. vogt; fry,

1996, Patrocínio. senguê. mato. gonçalves, 1995, Jatobá. sanjo, senjó,

sengue. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. senjo. fazenda.

batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo. sanguê. floresta. Certa manhã,

tão logo foi dormir ossanchê, os bichos foram pra clareira do sanguê. gonçalves,

[1994], Jatobá. senguê. Duro já foi senguê. machado fº, 1943, São João da

Chapada. ossenguê, senguê. dornas fº, 1938, Itaúna.

injirá po sengue com os cambuá. caçar (lit. ir para o mato com os

cachorros). queiroz, 1998, Tabatinga.

bodin de senjo. veado. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 areia. castro, 2001, Bahia. sêngui. mato, capim, grama, espinho.

verde. andrade fº, 2000, Cafundó.

sêngui do variá. verdura. andrade fº, 2000, Cafundó.

michingrim do sêngui. abelha. andrade fº, 2000, Cafundó.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 usenge. umb. mato. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. ekenge.

quimb. floresta. maia, 1964.

senguê. Ver sengue.

assumbé

 medo. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 usumba. umb. medo. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954.

assungar

 vir. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Patrocínio.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 39

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 assungar, sungar. suspender, levantar. ferreira, 1975.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 sunga. umb. puxar. le guennec; valente, 2010; wilson, 1954. kusunga.

quimb. tirar, puxar. assis jr., [19--].

atanhara

 alto. Atanhara ucumbi u atundá. Mulher o sol está alto. machado fº,

1943, São João da Chapada. atanhára, tanhara. sol. gonçalves, 1995,

Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 atanhara. alto. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 utanha. umb. o calor do sol. le guennec; valente, 2010.

atanhára. Ver atanhara.

atindundu

 vinho. byrd, 2005, Patrocínio; vogt; fry, 1996, Alfenas.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e

umbundo.

atundá

 alto. Andambi, ucumbi u atundá. mulher o sol está alto. machado fº,

1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

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40 Palavra banto em Minas

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç tunda. sair. Está a chatear mais velho por quê? Pessoa pergunta-pergunta

mais e não engula cuspe, tundam daqui!!!. xitu, 1984, p. 10.

 oku tunda. umb. sair. wilson, 1964. tunda. umb. brotar. le guennec;

valente, 2010. kútunda. quimb. sair. maia, 1964; assis jr., [19--].

áua

 tonto. byrd, 2005, Patrocínio; batinga, 1994, Alto Paranaíba/

Triângulo.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kioua. quimb. parvo, tolo. maia, 1964; assis jr., [19--].

auê. Ver iauê.

avele. Ver mavero.

avelo. Ver mavero.

aver. Ver mavero.

avera. Ver mavero.

avero. Ver mavero.

avura

 grande. eu vô caxá matuaba avura. eu vô tomá uma pinga grande.

– grosso. O imbuete é avura. O pau é grosso. – muito. Matuaba caxô

avura. Bebeu muita pinga. – que possui qualquer qualidade posi-

tiva: bonito, bom, rico, etc. Tinhame da ocaia é avura. a perna da mulhé

é bonita. – muito. Eu tô curimbano já avura, né? Eu tô trabalhano já

muito, né? – depressa. Lá vai injirano avura. Lá vai ino depressa.

queiroz, 1998, Tabatinga. avuro. muito(a). dornas fº, 1938, Itaúna.

avuraço. grandalhão. Cajuvira catito num dá não. Tem que sê avuraço,

né? Cafezinho num dá não, tem que sê bem grande, né? queiroz,

1998, Tabatinga. avurinha. bonitinho. queiroz, 1998, Tabatinga.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 41

 avuro. muito, grande. castro, 2001, Bahia; andrade fº, 2000, Cafundó;

vogt; fry, 1996, Cafundó.

 avuro. grande. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kiavulu. quimb. muito. maia, 1964.

avuro. Ver avura.

azuela

 congado, seus cantos. umbanda seus cantos. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 ordem de bater palmas e cantar nas cerimônias em congo-angola.

castro, 2001, Bahia.

 azuela. nos terreiros de origem banta, ordem de bater palmas e

animar a festa. lopes, 2003.

Ç azuelangó. falar à toa, tagarelar. […] ia nos caixotes de lixo da baixa,

falavam; axuelangó… vieira, 1987, p. 29. zuelar: falar. Desculpe – eu

não posso acreditar a missa santa sacrifícia pode-se zuelar numa algarvia

qualaquera. vieira, 1987, p. 43.

 kuzuéla. quimb. falar, conversar, dizer palavras. assis jr., [19--].

okuyuela. olun. fazer barulho. diccionario Portuguez-Olunyaneka,

1896.

B

 ama. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 castro, 2001; ferreira, 1975; senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

babaca

 tolo. gonçalves, 1995, Jatobá.

,

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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42 Palavra banto em Minas

 a vulva. castro, 2001, Bahia.

 tolo. lopes, 2003.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

babaço. Ver mabaço.

babatar

 apalpar. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 babata(r). – apalpar. – vacilar. lopes, 2003; castro, 2001; ferreira, 1975;

soares, 1954; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 kubabata. quimb. apalpar com as mãos, tatear. assis jr., [19--].

babata. quic. apalpar. cobe, 2010. papata. umb. apalpar. le guennec;

valente, 2010.

bacuri

 som, música, caixa. byrd, 2005, Patrocínio. menino. vogt; fry, 1996,

Alfenas. bakuri. caixa. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

bacuri de calunga. rádio, telefone. byrd, 2005, Patrocínio.

bacuri de kalonga, bacuri de katin. rádio. batinga, 1994, Alto

Paranaíba/Triângulo.

bakuri de kumba. relógio. batinga, 1994, Alto Paranaíba/Triângulo.

q Não encontrada em registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada em registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

Não encontrada entre os africanismos registrados em dicionários e

glossários brasileiros.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

bagunça

 desordem. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

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Sônia Queiroz 43

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bagunça, confusão. castro, 2001.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

báia

 compartilhamento onde ficam cavalos, cavalariça. gonçalves, 1995,

Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 lugar reservado para os cavalos ou a trave nas cavalariças. – morena.

ferreira, 1975; silveira, 1975D, 1975C, 1974; teixeira, 1946; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 ribáia. quimb. tábua, prancha, poleiro. maia, 1964; assis jr. [19--].

baya. quic. tábua. cobe, 2010. evaya. umb. peça de madeira. le guen-

nec; valente, 2010. evai, evaya. olun. tábua. diccionario Portuguez-

-Olunyaneka, 1896.

baita

 grande. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 pessoa ou objeto muito grande. antunes, 2013; ferreira, 1975. elogio.

senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

balaio

 cesta. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 cesto. – dança antiga do Rio Grande do Sul. bastide, 1971; senna,

1938; laytano, 1936.

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44 Palavra banto em Minas

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

bambá

 certa comida com angu e folhas. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 toda dança que termina em desordem. castro, 2001, Bahia.

 resíduo do azeite de dendê. – dança de negros africanos, em que

se faz um círculo em torno de um casal. – jogo de cartas. – jogo

gaúcho em que se jogam pedaços de caroços de pêssegos e rodelas

de laranja. – . fig. confusão. – topônimo. lopes, 2003; castro, 2001;

ferreira, 1975; mendonça, 1973; brandão, 1968; soares, 1954; senna,

1938; 1921; laytano, 1936.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mazi mamba. quic. azeite de palma. mbá. quic. dendém. maia, 1964.

bá. quic. dendê. cobe, 2010.

bamba

 valente. gonçalves, 1995, Jatobá. bambambã. super valente. Encos-

tada numa raiz de mutamba estava a astuta Kandimba, se deliciando com

aqueles fanfarrões, metidos a bambambãs. gonçalves, [1994], Jatobá.

pamba. valentão poderoso. Orrumbê iô peti pamba/ô pamba peti quirnô.

machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Nomeia córrego em Bocaiúva e fazenda em Baependi. lima, 2012.

 bastão, vara, chicote. lamba; pamba. à toa, sem motivo, em vão.

castro, 2001, Bahia.

 valentão. – mestre. – ritos, objetos rituais ou seus efeitos. – topônimo.

castro, 2001; ferreira, 1975; soares, 1954; senna, 1938; raimundo, 1933.

pamba. sem motivo. senna, 1938.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbámba. quimb. mestre, exímio, excelente. assis jr., [19--]. mbamba.

quimb. vara, bastão, muleta. maia, 1964.

bambaquerê

 certa dança. gonçalves, 1995, Jatobá.

bamba jambê. [?] tanazambê, ah/bamba jambê, ah/bamba jambê, ah. Capitão

Ivo Silvério da Rocha. dias, 2001, Serro.

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Sônia Queiroz 45

q bambaquiri. Nomeia córrego e povoado em Iapu. lima, 2012.

 bamba. bastão, vara, chicote. castro, 2001, Bahia.

 bambaquerê. – uma dança. – confusão, desordem. – toda a dança ou

festa que acaba em confusão. – dança popular gaúcha, semelhante

à quadrilha, de origem africana; nome atribuído ao General Bento

Gonçalves. ferreira, 1975; mendonça, 1973; brandão, 1968; soares,

1954; senna, 1938; laytano, 1936.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbámba. quimb. mestre, exímio, excelente. assis jr., [19--]. mbamba.

quimb. vara, bastão, muleta. maia, 1964;

bambaré

 barulho. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 briga, arruaça, confusão. bangulê, banguelê. castro, 2001, Bahia.

 barulho, gritaria. lopes, 2003; ferreira, 1975; mendonça, 1973; soares,

1954; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 Não encontrada em dicionários de quicongo, quimbundo e umbundo.

bambazuô

 provocação de briga, insulto. Bambazuô / o pau falou, / o ferro entrou /

negro espichou. machado fº, 1943, São João da Chapada.

q Não encontrada nos registros de nomes de lugares em Minas Gerais.

 bamba. bastão, vara, chicote. lamba. castro, 2001, Bahia.

 bamba. valentão. – mestre. – ritos, objetos rituais ou seus efeitos.

– topônimo. castro, 2001; ferreira, 1975; soares, 1954; senna, 1938;

raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbámba. quimb. mestre, exímio, excelente. assis jr., [19--]. mbamba.

quimb. vara, bastão, muleta. maia, 1964.

bambê

 limite do acerco. gonçalves, 1995, Jatobá.

q Nomeia córrego em Bocaiúva, Cássia, Curvelo, Gonçalves, Martinho

Campos e Senador Modestino. Nomeia fazenda em Cássia, Ibiá e

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46 Palavra banto em Minas

Martinho Campos. Nomeia Ribeirão em Malacacheta. Rio em Passa

Vinte. lima, 2012.

Não encontrada nos registros de falares africanos em outras regiões

do Brasil.

 bambe. cerca que limita o pasto. – p. ext. limite, marco, divisa. lopes,

2003; castro, 2001; ferreira, 1975; mendonça, 1973; soares, 1954;

laytano, 1936; raimundo, 1933.

Ç Não encontrado em registros da literatura angolana.

 mbambê. quimb. limite. maia, 1964; assis jr., [19--]. mbambi. quic.

limite. cobe, 2010.

bambi

 frio. simões, 2014, Milho Verde; byrd, 2005, Patrocínio; Ah, isso (caxá

tiploque) é bom na hora do bambi memo. Ah, isso (calçá sapato) é bom na

hora do frio memo. queiroz, 1998, Tabatinga; vogt; fry, 1996, Patro-

cínio; gonçalves,

Palavra banto em Minas - Geologia (2024)
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